Publicado no Jornal Folha de São
Paulo em 09/10/94
Candidato do PDT ao governo de São
Paulo conta com o apoio de pastores e empresários evangélicos
no 2º turno
Pastores e membros de igrejas evangélicas
de São José do Rio Preto se lançaram em uma
``cruzada eleitoral'' em favor da candidatura de Francisco Rossi
(PDT) ao governo de São Paulo.
Rossi, que disputará com Mário
Covas (PSDB) o segundo turno, tem apoio dos evangélicos,
especialmente dos pentecostais, por ser membro da igreja evangélica.
Calcula-se que Rio Preto tenha cerca de 60
mil evangélicos -cerca de 30 mil eleitores-, espalhados
em dezenas de denominações.
A Folha acompanhou um culto da Igreja do
Evangelho Quadrangular, no bairro Eldorado, na quinta-feira à
noite.
Engajado na campanha de Rossi, o pastor
Sebastião Nunes Machado, 51, comunicou aos fiéis,
no final do culto das mulheres: ``Nosso candidato foi para o
segundo turno''.
Os fiéis responderam em coro com um
``glória a Deus''.
Os evangélicos transpõem
para a política um argumento bíblico para tentar
convencer os ``irmãos'' a votarem em Rossi.
``Porás certamente sobre ti como
rei aquele que escolher o senhor teu Deus; dentre teus irmãos
porás rei sobre ti; não poderás por homem
estranho sobre ti, que não seja de teus irmãos'',
diz o capítulo 17, versículo 15 do livro Deuteronômio.
Traduzindo para linguagem eleitoral, pedem
que votem em candidatos que comunguem do mesmo Deus, ou seja,
evangélicos.
A Folha entrevistou aleatoriamente 15
eleitores evangélicos de três igrejas. Todos
votaram em Rossi para governador. Alguns citaram o trecho bíblico
de cabeça para justificar o voto.
No primeiro turno, este trabalho foi feito
de maneira mais ou menos silenciosa, só entre os evangélicos.
Empresários
A campanha de Rossi conta com apoio também
dos empresários evangélicos de Rio Preto, que se
reúnem na Associação de Homens de Negócio
do Evangelho Pleno.
A associação congrega 300
empresários evangélicos de várias denominações
toda semana em cafés e chás e, uma vez por mês,
em jantares.
Seus membros negam que colaborem com
dinheiro com a campanha, mas confirmam que votaram em Rossi para
governador.
O presidente da associação,
Luiz Carlos Néspolo, 45, diz que foi ``um mero eleitor''
de Rossi no primeiro turno e vai repetir o voto.
``Se há duas opções,
a minha é o candidato evangélico'', diz Néspolo,
membro da Igreja Cristã Presbiteriana e empresário
do ramo de equipamentos rodoviários.
Segundo ele, não se fala em política
durante os encontros. ``Nos reunimos para trocar experiências,
falar de Deus, de nossas vidas'', disse.