PAQUISTÃO: Sentença de morte

Observatório da Imprensa em 01 de março de 2001

Quando uma longa carta chegou via e-mail para Munawwar Mohsin, editor do Frontier Post, jornal paquistanês de língua inglesa, ele mal leu o primeiro parágrafo. O título lhe pareceu suficientemente inocente para publicação direta: "Por que muçulmanos odeiam judeus."

O Paquistão é um país muçulmano. "Achei que se a carta fosse negativa para todos o seria também para judeus", afirmou Mohsin, da prisão central de Peshawar, cidade na fronteira do Paquistão com o Afeganistão, tentando explicar por que pôs a carta no alto da seção, que lhe rendeu a cadeia. Segundo reportagem de Barry Bearak [The New York Times, 19/2/01], o editor se diz viciado em heroína e sob tratamento - daí a explicação para o lapso. A edição pode resultar em sentença de morte para Mohsin e seis colegas do Frontier Post, indiciados por blasfêmia, acusação, no país, passível de pena capital. A carta, publicada em 29 de janeiro, foi considerada ofensa sacrílega ao profeta Maomé e suscitou a fúria de fiéis, que fizeram motins nas ruas e atacaram a redação. Autoridades fecharam o jornal.

O chefe do governo militar do país, general Pervez Musharraf, censurou o gesto publicamente, que considerou abuso da liberdade de imprensa. O autor da carta, que assinou sob o nome de BenDZac, retratou Maomé como mentiroso, assassino, anti-semita, nazista e machista com intensa libido. Todos os jornais, inclusive o Frontier Post, não ousam publicar o nome do profeta sem acrescentar a frase de reverência "que a paz esteja com ele."

"Como muçulmano, eu jamais pensaria em abusar do profeta Maomé", disse Mohsin, jornalista de 40 anos que salta de emprego em emprego, sempre cambaleando e entrando ou saindo de ocasionais tratamentos contra drogas. "Eu estava com forte síndrome de abstinência naquela noite, sou apenas um ser humano que comete erros."



Morte de muçulmanos no Paquistão.

Publicado no Jornal Folha São Paulo em 01/04/2001

Pelo menos 40 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas durante tumulto ontem à noite (31/03/2001) em um santuário muçulmano na província de Punjab, região central do Paquistão, informou a polícia local.

O tumulto começou quando milhares de pessoas começaram a espremer para passar pelo portão sagrado que dá acesso ao sepulcro de Baba Farib Shakar Gunj, em Pak Pattan, a 180 km da capital Lahore.

Segundo as equipes de resgate, 30 fiéis morreram esmagados após a abertura do Behishti Darwaza (Portão do Paraíso) à meia-noite de ontem (31/03/2001) - horário local, durante festividade religiosa conhecida como "Urs".

Outros feridos morreram no hospital. Segundo funcionários do hospital, cerca de 125 pessoas ficaram feridas. Muitas das pessoas que foram pisoteadas haviam desmaiado devido ao calor sufocante dentro do santuário.

Pensamento: "SEM prova, SEM deus, SEM problema." Kamian



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