Publicado no Jornal O Estado de S�o Paulo em 03 de mar�o de
2002
Passam de 400 os mortos depois de quatro dias de confrontos
entre hindus e mu�ulmanos no Estado de Gujarat. O governo indiano
mandou tropas para conter a viol�ncia, com ordem de atirar para
matar. Mas bandos continuam espancando e queimando vivos os
fi�is da comunidade oposta
O governo da �ndia refor�ou as tropas do Ex�rcito no Estado
de Gujarat e deu ordens �s tropas de atirar para matar. Mas
a viol�ncia entre hindus e mu�ulmanos completou quatro dias,
ontem, sem sinais de tr�gua: desde quarta-feira, quando mu�ulmanos
incendiaram um trem lotado de fi�is hindus que voltavam de uma
vig�lia em um local sagrado em disputa, mais de 400 pessoas
(inclusive as 48 v�timas do ataque ao trem) j� morreram no Estado
de Gujarat, no oeste do pa�s. � a pior explos�o de viol�ncia
inter-religiosa no pa�s desde 1993, quando conflitos entre as
duas comunidades deixaram 800 mortos em Bombaim.
L�deres mu�ulmanos de Ahmedabad, a principal cidade de Gujarat,
denunciavam ontem a complac�ncia das tropas para com os bandos
de hindus que continuavam espalhando o terror por v�rias cidades
da regi�o, saqueando e incendiando casas, lojas, restaurantes,
mesquitas e escolas nos bairros dos mu�ulmanos.
Pelo menos sete deles, que trabalhavam em uma padaria na cidade
de Vadodra, morreram queimadas ontem. Na v�spera, outros 122
mu�ulmanos haviam sido queimados vivos.
O balan�o oficial das autoridades de Gujarat continuava ontem
na marca de 383 mortos, mas extra-oficialmente funcion�rios
do governo local falaram em 415 ou at� 433 mortes desde o in�cio
dos dist�rbios. Os hospitais da regi�o continuavam a receber
levas de feridos, muitos deles queimados, a maioria mu�ulmanos.
"Queimar as pessoas vivas, inclusive mulheres e crian�as, �
uma mancha na imagem do pa�s", apelou ontem o primeiro-ministro
Atal Behari Vajpayee, em pronunciamento transmitido pela tev�
para todo o pa�s. "Qualquer que tenha sido a provoca��o, as
pessoas devem procurar manter a paz e agir com modera��o."
L�deres mu�ulmanos da regi�o responsabilizaram o governo federal,
controlado pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata,
de Vajpayee, de omiss�o diante do massacre em Gujarat. "Em vez
de nos proteger, os policiais davam apoio � turba e diziam que
n�o podiam fazer nada", queixou-se Rafi Ahmad, morador de um
bairro mu�ulmano de Ahmadabad.
O foco da tens�o inter-religiosa � Ayodhya, cidade sagrada
onde fan�ticos hindus destru�ram h� dez anos uma mesquita para
erguer no lugar um templo.
Ontem, autoridades locais confirmaram o in�cio da constru��o
para o dia 15.
Gujarat, um dos Estados mais pr�speros da �ndia, � tamb�m -
por ironia da hist�ria - o ber�o do Mahatma Gandhi, patriarca
da independ�ncia do pa�s e pregador da n�o-viol�ncia e da toler�ncia
entre etnias e religi�es. Gandhi n�o p�de evitar que os confrontos
entre hindus e mu�ulmanos provocassem a divis�o da antiga �ndia
brit�nica, ap�s a independ�ncia, e a cria��o do Paquist�o nas
regi�es de maioria isl�mica. Nem o pr�prio Mahatma escapou:
em 1948, um ano depois da independ�ncia, foi assassinado por
um extremista hindu.
Hoje, os hindus s�o 82% dos mais de um bilh�o de habitantes
da �ndia. Os mu�ulmanos s�o a principal minoria �tnico-religiosa,
com 12% da popula��o, mas est�o espalhados pelo pa�s e s� formam
a maioria em um Estado - a Caxemira, motivo de duas guerras
entre �ndia e Paquist�o e hoje foco de terrorismo separatista,
que as autoridades de Nova D�lhi atribuem a grupos ligados a
Osama bin Laden.
Atiradores mataram 29 pessoas em um templo hindu na ter�a-feira,
num incidente que pode reiniciar o ciclo de viol�ncia religiosa
e tens�o entre a �ndia e o Paquist�o.
Reuters 24/09/2002
A pol�cia disse que mais de 70 pessoas ficaram feridas e outras
cem podem estar presas dentro do templo de Akhsardham, em Gandhinagar,
capital do Estado de Gujarat (oeste do pa�s).
O vice-primeiro-ministro Lal Krishna Advani atribuiu o ataque
a "inimigos do pa�s" e disse que h� quatro crian�as e seis mulheres
entre as v�timas.
Gujarat ainda se recupera dos confrontos de fevereiro e mar�o
entre hindus e mu�ulmanos, que deixaram pelo menos mil mortos
(a maioria seguidores do islamismo) no pior confronto entre
as duas comunidades em uma d�cada.
A pol�cia disse que o ataque de ter�a-feira j� provoca tens�o
em Ahmedabad, principal cidade do Estado. "As pessoas temem
que algo v� acontecer durante a noite", disse o agente K.K.
Mysorewala. Para evitar tumultos, o governo refor�ou o policiamento
em todo o pa�s.
O grupo radical hindu Vishwa Hindu Parishad, ligado ao partido
governista Bharatiya Janata estuda convocar uma greve geral
estadual ou nacional em protesto.
Centenas de parentes das v�timas se concentraram em frente
aos port�es do templo, enquanto equipes de emerg�ncia retiravam
mortos e feridos.
"Ouvi um grande barulho e depois disparos. N�o sabia o que
estava acontecendo. Ent�o os guardi�es do templo disseram que
f�ssemos para uma sala", disse Gurumukh Palwani, 40, que conseguiu
deixar o local ileso com seus dois filhos.
Segundo ele, havia cerca de 600 pessoas no local na hora do
ataque, por volta de 16h30 (8h em Bras�lia).
O policial R.B. Rawal disse que eram tr�s atiradores, com
armas autom�ticas.
O vice-premi� deu a entender que suspeita do Paquist�o, pois
afirmou que o atentado tem rela��o com a Caxemira, regi�o de
maioria mu�ulmana reivindicada por Islamabad.
O ataque coincide com a segunda rodada das elei��es estaduais
na Caxemira, que at� agora transcorreram em relativa tranquilidade.
Venakiah Naidu, presidente do partido Bharatiya Janata, disse
que o atentado "pode at� mesmo ser uma retalia��o terrorista
por frustra��o com o fracasso deles na Caxemira".
O ministro paquistan�s da Informa��o, Nisar Memon, condenou
o atentado, "seja quem o tiver cometido", e atribuiu o incidente
ao fracasso dos nacionalistas hindus na cria��o de uma sociedade
tolerante em Gujarat.
O templo de Akshardham � visitado por cerca de 2 milh�es de
pessoas por ano, segundo a seita hindu Swaminarayan, que o dirige.
Dentro do imponente edif�cio rosa de mais de 30 metros h� uma
imagem dourada do monge Swaminarayan, fundador da seita, que
viveu no s�culo 18. Seus seguidores acreditam que o monge �
uma reencarna��o do senhor Vishnu, deus hindu da preserva��o.
O escritor e jornalista iraniano
Hachem Aghajari condenado � morte
TEER�, 7 nov (AFP) - O escritor e jornalista reformista iraniano
Hachem Aghajari, politicamente ligado ao presidente Mohammad
Khatami, foi condenado � morte por ter "insultado os profetas"
e questionado os dogmas isl�micos, informou esta quinta-feira
seu advogado Saleh Nikbaj.
O advogado disse � AFP que o tribunal da cidade de Hamedan
(Oeste) emitiu a senten�a na v�spera.
Aghajari � membro da esquerdista e secular Organiza��o dos
Mudjahedines da Revolu��o Isl�mica (OMRI) e muito ligado ao
presidente reformista Khatami.
Foi detido em agosto passado depois de ter dito em um discurso
que os mu�ulmanos n�o deveriam seguir "cegamente" os l�deres
religiosos e pediu a "renova��o religiosa" do Isl� xi�ta.
Pena de morte contra professor no Ir� desata
pol�mica
Publicado no Jornal O Estado de S. Paulo em 15 de novembro
de 2002
Teer� - Cerca de 1.000 simpatizantes dos cl�rigos de linha-dura
iranianos tomaram nesta sexta-feira as ruas de Teer� para pedir
a execu��o da pena de morte de um professor condenado por blasf�mia
por um tribunal isl�mico.
A senten�a contra Hashen Aghajari, um professor de Hist�ria
e dissidente, resultou em cinco dias de manifesta��es de protestos
na capital, com milhares de estudantes universit�rios exigindo
a anula��o do veredicto. As manifesta��es a favor do professor
foram interrompidas nesta sexta-feira.
O caso provocou um aumento da tens�o entre os reformistas,
que lutam por uma maior liberdade pol�tica e social, e os conservadores,
que controlam a pol�cia e o judici�rio.
Hossein Allahkaram, l�der do grupo de linha-dura Ansar-e-Hizbollah,
que organizou a manifesta��o desta sexta, afirmou que Aghajari
� um "ap�stata" que merece a morte. "Ele insultou os princ�pios
de nossa religi�o e deve ser enforcado", afirmou.
Original em: http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2002/nov/15/100.htm
Alunos iranianos boicotam aulas contra condena��o
de professor
Teer� - Milhares de estudantes universit�rios e alguns professores
boicotaram as aulas nesta segunda-feira, em protesto contra
a condena��o � morte de um destacado acad�mico, considerado
culpado por insulto ao Isl� e questionamento aos cl�rigos conservadores.
Alunos enfurecidos da Universidade Tarbiat-e-Modarres, onde
Hashem Aghajari lecionava Hist�ria, sa�ram �s ruas para denunciar
o que descreveram como o "veredicto medieval" emitido contra
o professor.
"Voc�s podem nos cortar a l�ngua, voc�s podem nos prender
como fizeram com muitos outros estudantes e acad�micos, mas
voc�s n�o podem capturar nossos cora��es, n�o podem evitar nossa
liberdade de express�o e pensamento", dizia o l�der estudantil
Saeed Razavi, para em seguida ser aplaudido por uma multid�o.
Aghajari, detido desde agosto, foi condenado por insultar
o profeta Maom� e questionar a interpreta��o do Isl� feita pelos
cl�rigos conservadores que comandam o Poder Judici�rio no Ir�.
Ele foi informado sobre seu sentenciamento � morte na �ltima
quarta-feira.
O aiatol� Mahmoud Hashemi Shahroudi, chefe do judici�rio iraniano,
qualificou as cr�ticas � decis�o como "ignorantes", mas lembrou
que o veredicto pode ser derrubado em inst�ncias superiores.
Na entrada da universidade, os alunos montaram um poste de madeira
com uma corda para simbolizar uma forca. Uma faixa atada a ela
dizia: "Seu crime foi revelar a verdade!"
Fonte: http://www.estadao.com.br/agestado/noticias/2002/nov/11/114.htm
Militantes isl�micos atacam estudantes no
Ir�
da France Presse, em Teer� 19/11/2002
Um grupo de militantes isl�micos atacou com viol�ncia hoje
centenas de estudantes que estavam reunidos no anfiteatro da
Universidade Allameh, no norte de Teer�, para protestar contra
a condena��o � morte do intelectual Hachem Aghajari por blasf�mia.
Os militantes isl�micos (conhecidos como bassiyis) atacaram
os estudantes durante um discurso a favor do intelectual Aghajari
e da liberdade de express�o, jogando cadeiras e arrancando carteiras
dentro do anfiteatro. Ainda n�o se sabe se h� feridos.
Este ataque aconteceu duas horas depois de um tenso encontro
na cidade universit�ria entre um grupo de 600 ativistas isl�micos
e o mesmo n�mero de estudantes. A pol�cia, que estava do lado
de fora da universidade, n�o interveio.
Fonte: http://www1.uol.com.br/folha/mundo/ult94u47949.shtml
PROTESTO CONTRA MISS MUNDO NA NIG�RIA J� TERIA FEITO 50
MORTOS
BBC BRASIL, 21-11-2002
Pelo menos 50 pessoas teriam morrido em violentos protestos
na cidade de Kaduna, no centro-norte da Nig�ria, contra o concurso
Miss Mundo, que deve ser realizado em dezembro na capital do
pa�s, Abuja. O governo da Nig�ria decretou toque de recolher
em Kaduna, que fica ao norte da capital. Ao longo do dia, jovens
mu�ulmanos radicais ergueram barricadas com pneus em chamas,
incendiaram casas e atacaram v�rias igrejas crist�s no bairro
de Tadun Wada. Os protestos contra o concurso de Miss Mundo
come�aram na quarta-feira, quando mu�ulmanos radicais incendiaram
a sede de um jornal na cidade de Kaduna. O jornal havia publicado
um artigo dizendo que o profeta Maom� teria se casado com a
Miss Mundo se ainda estivesse vivo. [e]
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/021121_missamt.shtml
Protestos contra o Miss Mundo
matam 105 na Nig�ria
Sexta, 22 de novembro de 2002, 06h26
Pelo menos 105 pessoas morreram e 521 ficaram feridas nos confrontos
de Kaduna (Norte da Nig�ria), devido a manifesta��es de mu�ulmanos
que se op�em � realiza��o do concurso de beleza "Miss Mundo"
no pa�s. [...]
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,5502,OI70055-EI294,00.html
Estado mu�ulmano nigeriano pede morte de
jornalista
Da AFP
O Estado de Zamfara (Norte da Nig�ria), de maioria mu�ulmana,
emitiu nesta ter�a-feira uma "fatwa" (decreto religioso), que,
segundo um porta-voz do Governo desse Estado, pedia aos fi�is
que matem o autor do artigo publicado no jornal This Day sobre
o concurso de Miss Mundo e considerado uma "blasf�mia" pelos
mu�ulmanos. Uma s�rie de confrontos foram desencadeados na �ltima
quarta-feira na Nig�ria, depois que o jornal This Day afirmou
que o profeta Maom� ficaria encantado se casasse com uma das
participantes do concurso de Miss Mundo, que seria realizado
no pa�s. Para os mu�ulmanos nigerianos, esta afirma��o foi uma
blasf�mia e jovens revoltados e indignados queimaram as instala��es
do di�rio em Kaduna. Ap�s dias de combates, pelo menos 105 pessoas
morreram e mais de 500 ficaram feridas.
Arg�lia tem um dos finais de semana mais
violentos em uma d�cada
Publicado no Jornal Folha de S. Paulo em 06/01/2003 da Reuters,
em Argel (Arg�lia)
Em um dos fins de semana mais violentos em mais de uma d�cada
na Arg�lia, rebeldes isl�micos suspeitos de ter liga��es com
a Al Qaeda (a rede terrorista patrocinada por Osama Bin Laden)
mataram pelo menos 58 pessoas, informou hoje a m�dia local.
jornal "Libert�" disse que combatentes da rede Al Qaeda se
uniram ao grupo isl�mico argelino Salafistas pela Ora��o e pelo
Combate para fazer uma emboscada a for�as do governo, matando
43 pessoas e ferindo outras 19 no s�bado (4).
"A informa��o sobre a participa��o de integrantes estrangeiros
da Al Qaeda no massacre foi confirmada por v�rias fontes", disse
a publica��o.
O ataque est� sendo considerado o pior epis�dio isolado nos
�ltimos seis anos.
Ontem, suspeitos de serem rebeldes isl�micos mataram dois
funcion�rios do governo e mais 13 pessoas de duas fam�lias,
informou a m�dia.
A Arg�lia vem sendo sacudida pela viol�ncia desde o in�cio
de 1992, quando as elei��es gerais, que seriam vencidas pelos
islamitas, foram canceladas.
Desde ent�o, mais de 100 mil pessoas morreram, de acordo com
o governo. Fontes independentes acreditam que os mortos nos
conflitos passem de 150 mil.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/reuters/ult112u26648.shtml