Publicado no Jornal O Globo em 27 de
fevereiro de 2001
KABUL. O movimento radical islâmico
Talibã, que controla o Afeganistão, ordenou ontem
a destruição de todas as estátuas no país,
incluindo obras com séculos de idade.
Num edital publicado pela agência
de notícias Bakhtar, o líder do Talibã,
Mohammed Omar, disse que as estátuas eram um insulto ao
islã e que deveriam ser destruídas para nunca mais
serem reverenciadas.
Entre os principais monumentos do país
está a maior estátua de Buda de pé do
mundo, com 53 metros de altura, esculpida num rochedo na cidade
de Bamiyan. Ela é anterior à chegada do islamismo
ao Afeganistão, no século IX.
Arqueólogos já expressavam
a sua preocupação desde que o Talibã tomou
o poder, em 1996. Em 1998, outra estátua de Buda desse
lugar teve o rosto destruído.
A ordem de Omar foi baseada num decreto
religioso, aprovado por líderes religiosos e pela Suprema
Corte. "Todas as estátuas que ainda existem nas
diversas partes do país devem ser destruídas
porque representam deuses dos infiéis", diz a ordem.
A Unesco pediu ao Talibã que não
destrua obras de arte: "Situado numa encruzilhada da antiga
Rota da Seda, o Afeganistão tem um patrimônio
cultural único, marcado por influências da Pérsia
e Grécia e do hinduísmo, budismo e islamismo",
disse em uma nota."
Links sobre o assunto
Índia
pede que talibãs entreguem estátuas de buda
Nepal
condena Talibã por destruir estátuas de Buda
Talibãs
vão dinamitar os Budas gigantes do Afeganistão
Enviado
da Unesco viaja ao Afeganistão para evitar destruições
Estátuas milenares estão
sendo destruídas no Afeganistão
Publicado no Jornal do Brasil 02 de março
de 2001
KABUL- Neste momento estão sendo
bombardeadas as duas estátuas de Buda, no Afeganistão.
A ordem foi dada por Mullah Mohammad Omar, líder dos
talibãs, que afirma que todas as esculturas que
reproduzirem ou se assemelharem a formas humanas, no país,
serão destruídas. Segundo ele, o Islã proíbe
a existência dessas estátuas.
O ministro das Relações
Exteriores, Wakil Ahmad Muttawakil, esteve reunido durante três
horas com o enviado da ONU, Francesc Vendrel, conversando sobre
as possíveis reações negativas da
comunidade internacional.
A Índia também se ofereceu
para cuidar das estátuas e disse ter condições
de providenciar a transferência das esculturas, mas de
nada adiantou. A informação é de que estão
sendo utilizados explosivos, morteiros e até canhões
na destruição.
TALEBAN AMEAÇA DOIS BUDAS
GIGANTES
Publicado no Jornal FOLHA DE SÃO
PAULO em 27-02-2001
(CNN) -- O Taleban, que governa cerca de
90% do Afeganistão, ordenou ontem a destruição
de todas as estátuas do país, entre as quais estão
as duas maiores representações de Buda do planeta.
O Afeganistão, grande centro budista antes da chegada dos
muçulmanos, no século 9, possui magníficas
estátuas de seu período pré-islâmico.
Dois exemplos são os budas de Bamiyan, no centro do país.
Criados por volta do ano 500, um com 55 metros e outro com 38,
os monumentos já sofreram vários danos por
disparos dos milicianos do Taleban. A decisão causou
surpresa, pois as autoridades de Cabul (capital) haviam ordenado
a proteção de peças artísticas e
arqueológicas. [e]
Jornal TSF de Portugal em
03/03/2001
Comentário
sobre esta reportagem escrito por Arthur Soffiati
O fanatismo é uma ameaça
permanente à cultura. Mas, quando se fala em
fanatismo, pensa-se logo em seitas [...]. Não incluímos
os maníaco-desenvolvimentistas entre os fanáticos.
Minhas pesquisas me alegram e me entristecem.
Em todo o lugar e a todo momento,
deparo com a destruição serena dos maníaco-desenvolvimentistas,
que, como diziam Marx e Engels em O Manifesto Comunista,
praticam uma destruição criadora. Para mim é
destruição destruidora mesmo. Não é
preciso ir ao Afeganistão. O fanatismo está
aqui ao nosso lado, principalmente exercido por nossos
governantes em todos os poderes e em todas as instâncias.
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BUDAS GIGANTES - UNESCO
tenta salvar estátuas
Um enviado especial da UNESCO vai entregar
aos talibãs no poder afegão uma mensagem para que
reconsideram a destruição das estátuas dos
Budas gigantes. A Índia já manifestou querer
transportar as estátuas para o seu país.
O director-geral da UNESCO, Koichiro
Matsuura (na foto), através de um "enviado especial"
mandou uma mensagem aos talibãs, que estão no
poder do Afeganistão, para que reconsiderem a decisão
de destruir as estátuas dos Budas gigantes, que são
pré-islâmicas.
Matsuura disse que "tinha escolhido
uma personalidade muito conhecida e respeitada neste assunto, um
grande conhecedor das questões do Médio Oriente e
da Ásia Central".
O director da UNESCO acrescentou que tinha
"reunido de emergência na quinta-feira à noite
com os embaixadores de 54 países da organização
da Conferência Islâmica para discutir as linhas
comuns de acção. Todas as vozes se uniram para
condenar estes ataques inadmissíveis ao património
comum da humanidade".
Koichiro Matsuura comprometeu-se a
coordenar todas as acções diplomáticas, mas
disse ainda "estar consciente de que comunicados e cartas não
são suficientes".
Entretanto, Matsuura não está
sozinho nas críticas à destruição
das estátuas pré-islâmicas, já que vários
países manifestaram a sua preocupação e
revolta pela destruição deste património.
Jack Lang, ministro da educação francês,
mostrou-se "revoltado e indignado" pela destruição
destas estátuas.
"A destruição de estátuas
de obras-primas do budismo pré-islâmico no
Afeganistão é um crime cometido contra a cultura e
a história da humanidade", acusou o ministro francês,
antigo presidente da Comissão dos Negócios
Estrangeiros da Assembleia Nacional francesa.
As críticas chegam também do
Egipto, onde o mufti Nasr Farid Wasel instou os talibãs a
reconsiderarem a sua decisão. Num comunicado publicado na
imprensa local, o líder religioso egípcio defende
que a presença de estátuas "não é
proibida pelo Islão. Todas as figuras das épocas
que precederam o Islão representam uma parte da história
dos povos e não são perniciosas para a crença
muçulmana".
Aos protestos junta-se o governo japonês,
que através do seu porta-voz, Kazuhiko Koshikawa, se
mostrou "profundamente preocupado" com a destruição
de estátuas, que são "bens de toda a
humanidade".
Índia quer as estátuas
Na Índia, o ministro dos Negócios
Estrangeiros, Jaswant Singh, qualificou a destruição
das estátuas de "sacrilégio", Singh propôs
que todas as estátuas antigas do Afeganistão
fossem transportadas para a Índia.
Num discurso inflamado no Parlamento em
Nova Deli, o chefe da diplomacia indiana afirmou que a actual
campanha do regime integrista islâmico dos talibãs
representa "um regresso à barbárie medieval"
e que a destruição das estátuas "deve
parar imediatamente".
Oposição denuncia
pilhagens
Entretanto, a oposição do
Afeganistão, diz que por detrás da destruição
das estátuas dos Budas Gigantes há uma operação
de pilhagem escondida, que está a saquear objectos de
arte sem preço de todo país.
A aliança oposicionista, liderada
por Burhanuddin Rabbani acredita que muitos outros artefactos pré-islâmicos,
como pequenas estátuas e outras figuras, estão a
ser contrabandeados para o estrangeiro.
"A destruição continua
a decorrer e um certo numero de estátuas já foi
mesmo destruído, mas simultaneamente sabemos do tráfico
de arte roubada, que cresceu muito nas últimas semanas",
afirmou o representante de Rabbani em França, Meharabodin
Masstan.
Este representante de Rabbani diz ainda
que nos últimos tempos, as antiguidades afegãs têm
aparecido com regularidade nas vendas em Londres, Nova Iorque e
Japão e que esse ritmo agora deverá aumentar.
Masstan disse ainda "estamos a perder
o nosso passado. Esta é mais uma tragédia para o
nosso país".
No entanto, o Afeganistão não
tem a sua arte registada, e não é membro da
Interpol. Se houver obras de arte deste país roubadas, não
será possível encontrar o seu registo em nenhuma
base de dados, e provavelmente as vendas em leilão poderão
seguir normalmente.
Talibãs destroem imagens
gigantes de Buda
Publicado no Jornal do Brasil em
12/03/2001
(AJB) - Os Budas gigantes esculpidos no
vale de Bamiyan, no centro do Afeganistão, foram
dinamitados quinta e sexta-feiras passadas, afirmou hoje uma
fonte confiável em Islamabad. "O plano calculado de
destruição foi executado nos últimos dias 8
e 9 de março", declarou a fonte, que não quis
ser identificada, segundo a qual só restam na encosta da
montanha alguns pedaços das esculturas. A destruição
dos Budas gigantes, de mais de 1.500 anos, foi confirmada em
Paris pelo diretor-geral da Unesco, Koichiro Matsura, que
classificou o fato de "perda irreparável".
BUDAS GIGANTES - As pontes da
barbárie
Observatório da Imprensa em
31-03-2001
Miguel Urbano Rodrigues, de Havana (*)
A destruição dos Budas
Gigantes de Bamyan, no Afeganistão, pelos talibans,
chamou durante alguns dias a atenção das grandes
cadeias de televisão internacionais por ser um ato de
barbárie cultural de uma irracionalidade incomum.
Dois aspectos do crime passaram entretanto
despercebidos.
Os fundamentalistas do governo de Kabul
invocam motivos de ordem religiosa para justificar a dinamitação
dos Budas. Não dizem que a proibição de
representar a figura humana em obras de arte foi desrespeitada
em terras do Islã desde o Califado Omíada. Quando
o primeiro exercito árabe atravessou a cordilheira do
Hindu Kuch rumo à Índia e avançou para
Oriente ao encontro dos chineses (a quem derrotou na batalha de
Talas) ignorou a existência dos Budas de Bamyan. Foi idêntica
a atitude das sucessivas dinastias muçulmanas que
dominaram a região, desde os samanidas aos turcos
gahznividas.
Transcorridos cinco séculos, o
mongol Gengis Khan, responsável pelos maiores genocídios
da Idade Média, ordenou que todos os seres vivos
(incluindo cães e gatos) fossem destruídos no vale
de Bamyan. Mas os Budas foram poupados.
Uma atmosfera de respeito envolveu as duas
estátuas desde a época da sua construção
- iniciada quando o Império Romano do Ocidente
principiava a desagregar-se. As pequenas mutilações
no rosto que sofreram ao longo de 15 séculos haviam
desaparecido após as obras de restauro empreendidas por
uma missão de arqueólogos da Índia, nos
anos 60.
A admiração inspirada pelos
Budas Gigantes é indissociável de uma realidade
quase esquecida. As estátuas de Bamyan são obras
primas do período tardio da chamada Arte de Gandhara.
Essa escola nasceu no atual Afeganistão
e no Norte da Índia (hoje Paquistão) e atingiu o
apogeu nos dois primeiros séculos da nossa era, quando
essas regiões estavam integradas no Império
Kuchano, que desempenhou na época o papel de intermediário
no comércio entre a Roma dos Antoninos e a China, dos
Han.
O que explica o fascínio que a Arte
de Gandhara inspirou a sucessivas gerações?
O povo kuchano, originário da atual
Sibéria mas de origem indo-européia, criou uma
civilização brilhantíssima, embora de duração
breve, que teve entre outros o mérito de realizar na
escultura e na pintura uma fusão que parecia impossível
da arte greco-bactriana e da arte budista da Índia.
O choque emocional e estético que
me atingiu ao contemplar os Budas de Bamyan é daqueles
que justificam o uso da palavra irrepetível. Pelo cenário,
pelas dimensões, pela cor, pelo estilo, são criações
únicas do gênio humano, não imitadas sequer.
Escavados na rocha vermelha de uma escarpa abrupta, aquelas
enormes estátuas (a grande tinha 55 metros, a menor 38)
atraíram durante 15 séculos peregrinos de muitos
credos religiosos e gente distante da idéia de deus. O
vale apertado entre píncaros, coroados por neves eternas,
envolve o visitante numa atmosfera de irrealidade. Frente aos
Budas, a fronteira entre o mágico e o real desaparece.
Tudo ali, a principiar pelo povo hazara,
descendente dos antigos mongóis da conquista, nos projeta
num cenário que parece coisa de ficção.
As duas estátuas não
esmagavam: perturbavam, comoviam o forasteiro.
Iconografia sincrética
Buda era contrário à idéia
da divindade. Não se assumiu nem como profeta nem como
representante de um Deus que lhe não aparecia como
necessidade. Não era representado sob figura humana.
Por que, então, de repente, quase
dez séculos após a sua morte, milhares de Budas
começaram a ser esculpidos no início da nossa era,
em bronze, mármore, pedra ou madeira, sobretudo nos
territórios do atual Afeganistão e na Índia?
A questão não permite uma
resposta breve e abrangente. Abordei-a num livro. O que se me
afigura útil sublinhar num artigo desambicioso como este é
a excepcionalidade dos Budas de Bamyan como obras expressivas da
Escola de Gandhara.
A influência da refinada arte que
surgira nas cidades-estados do reino greco-bactriano, fronteira
da aventura helenística com os limites da civilização
chinesa, imprimiu aos Budas de Bamyan características
muito diferenciadas dos que apareceriam depois na China, no
Tibete e no Ceilão.
São filhos do sincretismo
greco-budista.
Os Budas gandharianos constituem uma
maravilhosa adaptação da arte grega a uma concepção
religiosa do mundo antagônica ao paganismo dionisíaco
dos helenos.
Nos traços dos Budas, o rigor da Grécia
coexiste com a espiritualidade hindu.
Omitiram as agências noticiosas que,
na base das estátuas, os arquitetos que as construíram
abriram templos. Na complexa rede de grutas e caves integradas
nos dois conjuntos monumentais, pinturas belíssimas
decoravam nichos escavados na rocha. O contraste com a arte de
Gandhara é transparente. Eram posteriores. Expressavam
atitudes diferentes perante a vida numa mescla cativante do
encontro de culturas, de mundividências, de cosmogonias tão
distantes como a greco-bactriana, a kuchana, a budista, a dos
guptas da Índia e a dos sassanidas persas que então
ainda dominavam a região.
Recordo que o fundo das pinturas no nicho
do Pequeno Buda era azul e o do Grande, vermelho. Toda a
iconografia naqueles cenários desafiadores da imaginação
era também sincrética, nomeadamente o panteão
das divindades. De comum, o Deus Sol que fundia três
simbolismos - o do grego Helios, o do persa Mitra, o do indiano
Surya.
Nos santuários, nas galerias e nas
pequenas celas monásticas da base, a multiplicidade de
Budas e Bodishatvas colocava o visitante frente à
desordem religiosa que acompanhava as transformações
revolucionárias do budismo da época.
Fusão de culturas
Hsuan-tsang, um dos peregrinos chineses
letrados que passaram por Bamyan no século 7, afirmou ter
encontrado ali mais de mil sacerdotes distribuídos por
numerosos mosteiros, o que demonstra a forte implantação
que o budismo então alcançara na região.
Imaginar o que seria a vida em Bamyan
naqueles tempos apareceu-me como um desafio, tais as contradições
entre a atmosfera de religiosidade dos mosteiros e o hedonismo
que se manifestava nos motivos pictóricos e na justaposição
de estilos arquitetônicos. Eram arcos trilobados, colunas
encimadas por capitéis coríntios, divindades
hindus desconhecidas.
Num dos afrescos do conjunto de galerias
do Pequeno Buda podia ainda ver-se uma cena alusiva ao paraíso.
Intrigava os historiadores e os críticos de arte. E por
quê? O quadro projetava o visitante num mundo de prazeres
mais próximo do Renascimento italiano que do ascetismo
budista.
Nessa pintura, Buda e os Bodishatvas que o
rodeavam não exibiam posturas rígidas; surgiam
como figuras leves e graciosas. Em vez das túnicas monásticas
vestiam roupas esvoaçantes. De um cenário de
colunas e capitéis emergiam bailarinas e tocadoras de címbalos.
Noutro plano, duas jovens nuas tocavam harpa e um estranho
instrumento. Pelo estilo o quadro lembrava obras da arte gupta,
indiana. Mas as mulheres tinham rostos ovais, a pele branca e
feições ocidentais, com o tipo dos antigos
arianos, similar ao que se encontra nos baixos relevos kuchanos
e nas pinturas dos oásis do Tarim, no Sinkiang chinês,
outrora habitado por povos de olhos azuis e cabelos claros.
Como reagiriam os devotos budistas do século
7 à atmosfera de sensualidade que envolvia ali a própria
figura de Buda?
Provavelmente nunca obteremos uma
resposta.
Essa prodigiosa lição de
história, plasmada nos frescos de Bamyan e presente na
pedra vermelha dos Budas Gigantes, é hoje apenas memória.
Os fanáticos integristas da
seita-Estado Taliban não se desculpam, aliás, por
terem arrasado monumentos únicos que eram patrimônio
da humanidade. Estão orgulhosos pela sua proeza de
modernos vândalos.
A mesma horda bárbara que arrancou
da sede da ONU, em Kabul, onde estava asilado, o ex-presidente
Muhamad Najibullah, um revolucionário comunista, para o
pendurar num poste depois de abatido com requintes de selvageria
- essa seita de inimigos da cultura e da condição
humana foi guindada ao poder no Afeganistão com a ajuda e
o dinheiro dos Estados Unidos. Não posso esquecer essa lição
de história.
Recordar os Budas de Bamyan incrustados na
falésia vermelha reforça em mim o respeito pela
maravilhosa criatividade do homem que permitiu a diferenciação
e a fusão das culturas como alavanca do progresso ao
longo do processo civilizatório.
E reforça simultaneamente a certeza
de que a barbárie cultural dos fundamentalistas de Kabul,
que pulverizaram os Budas de Bamyan e decepam os seios a
mulheres sem véu - não se teria implantado
impunemente como tragédia histórica no Afeganistão
martirizado sem a cumplicidade de um sistema de poder gerado
numa sociedade civilizada, mas que pelos seus objetivos e dinâmica
configura, ele também, cada vez mais uma agressão
a princípios e valores eternos.
(*) Jornalista e escritor português,
membro histórico do Partido Comunista, morou e trabalhou
por muitos anos do Brasil e hoje vive em Havana.
Taleban proíbe comemorações
de fim de ano no Afeganistão
Folha de São Paulo em 21/03/2001
da AP, em Cabul (Afeganistão)
As festas de fim de ano foram proibidas
pela milícia religiosa Taleban, que controla 95% do
Afeganistão. Hoje, o Taleban exigiu que os muçulmanos
xiitas cancelassem todas as comemorações, por
considerarem a data contrária aos ensinamentos do profeta
Mahoma.
A celebração, uma tradição
do vizinho Irã, onde os xiitas são maioria, foram
consideradas "pagãs" pelos líderes da
milícia.
Segundo anunciou a rádio Shariat,
controlada pelo Taleban, a celebração é uma
herança do madeísmo (adorador do fogo, em persa),
que apareceu no Irã pré-islâmico. "Nós
não somos adoradores do fogo. Este é um país
islâmico, e não celebraremos o ano novo",
disse um locutor da rádio Shariat ao anunciar a proibição.
A mesma razão foi motivo da destruição
de estátuas de Buda, que incluía dois monumentos
históricos dos séculos 3 e 5 encravados em uma
colina na província central de Bamiyan.
TALEBAN ORDENA QUE ATÉ CRIANÇAS
USEM TURBANTE
Publicado no Jornal O ESTADO DE S. PAULO,
29-03-2001
CABUL - A polícia religiosa do
Taleban ordenou ontem que todos os estudantes do país,
desde o primeiro ano escolar, usem turbante em classe, alegando
que esta é uma antiga tradição islâmica
e deve ser respeitada. As crianças menores deverão
usar o turbante negro e as maiores, o branco. Segundo moradores
de Cabul, os alunos que não seguirem as instruções
serão expulsos da escola. O movimento integrista proibiu
as meninas de irem à escola assim que assumiu o poder, em
1996. (Reuters) [i]
Original em:
http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2001/03/29/int290.html
Pensamento:
"Estou incomodado com o fato de que muitas pessoas estão
tendo a impressão de uma feliz reconciliação
entre ciência e religião. A religião é
um insulto à dignidade humana." Steven Weinberg
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