Publicado no Jornal Folha de São
Paulo em 05/11/95
Ao contrário da maioria das
pequenas igrejas, que têm como alvo os miseráveis,
a Comunhão Cristã nos Jardins está voltada
para a linha "evangélico de grife".
A igreja foi fundada há quatro anos
e funciona no bairro do Paraíso, colada à região
dos Jardins, considerada uma área nobre da cidade e
motivo do nome.
Tem apenas um templo, promove cultos às
quartas e domingos. Quase sempre a casa está cheia, com
cerca de 300 pessoas.
No seu ritual também consta a
promessa da cura, comum às igrejas evangélicas,
mas os problemas relatados nos "testemunhos" costumam
ser "lights" se comparados às dores narradas
nos cultos das igrejas da periferia.
Na noite da última quarta-feira, a
Folha acompanhou uma dessas sessões. Um fiel narrou um "milagre"
obtido quando precisava trocar o pneu do seu carro na rua e não
parava de chover. Ele orou, e a chuva foi embora.
Em outro episódio, Cristo curou uma
dor no seu joelho. O próprio pastor que conduzia o culto,
Arles Marques, lembrou uma dor no pé que também
foi sanada por Jesus.
Para Marques, uma "dor besta",
como a do seu pé, por exemplo, pode ser uma forma que o
demônio encontra para atravancar o caminho de uma pessoa.
"Evangeliquês"
Os pastores da Comunhão Cristã
têm um discurso coloquial, descontraído. Condenam o
que chamam de "evangeliquês", com termos de difícil
compreensão.
Os cultos são animados por uma
banda que toca "hinos" em ritmo de jazz, rock, blues e
baladas.
"É uma jam-session espiritual",
define João Marcos Pereira, membro da igreja e um dos
responsáveis pelo marketing e comercialização
da produtora de vídeo e software da Comunhão Cristã.
A igreja "com grife" tem uma
linha de produtos sofisticada, como video-games com personagens
bíblicos.
NOTA DO SITE
REALIDADE: Esta não é a primeira seita evangélica
que faz sua opção pelos ricos, onde o dízimo
é mais alto.