Publicado no Jornal Folha de S. Paulo em 21/07/2001
Grupos descontrolados que mataram 843 pessoas suspeitas de serem feiticeiros na Rep�blica Democr�tica do Congo (ex-Zaire) agiram movidos pela busca de explica��es para o caos e a pobreza que atingem o pa�s tomado pela guerra, afirmaram autoridades.
Das cerca de 200 pessoas feridas em linchamentos no nordeste do pa�s e retiradas de suas cidades para serem protegidas, 19 morreram em virtude dos ferimentos sofridos.
O capit�o Godfrey Tinka, do Ex�rcito de Uganda, que chegou ao pa�s no dia 21 de junho para tentar deter os primeiros desses linchamentos nessa regi�o em 25 anos, afirmou que a pobreza e a falta de iniciativa do governo depois de tr�s anos de guerra interna alimentavam as matan�as.
"Algumas pessoas est�o frustradas com a situa��o em que se encontram _pobreza, doen�a e nenhuma explica��o", disse Tinka.
Em uma sociedade que acredita em bruxaria, a forma mais f�cil de explicar tais problemas � atribu�-los a feiticeiros, afirmou.
E, quando o governo n�o agiu depois das primeiras mortes, os moradores das vilas come�aram a atacar qualquer um que odiavam ou que invejavam.
"Algumas pessoas mataram para roubar algumas cabe�as de gado, algumas mataram para tomar alguns metros quadrados da terra do seu vizinho, algumas mataram porque achavam que seus parentes eram mais ricos que elas", disse Tinka.
O Ex�rcito de Uganda invadiu o norte do Congo em 1998, afirmando que agia para proteger seu territ�rio. Os ugandenses ainda mant�m suas tropas estacionadas na regi�o, dando apoio a um movimento rebelde que luta contra o governo congol�s.
