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Sheli, uma grife só para evangélicos

Publicado no Jornal O Estado São Paulo em 09 de novembro de 2000

Autor: Carlos Sambrana

Este é o nome da primeira loja que será inaugurada até dia 20 em São Paulo especialmente para abastecer as crentes da Igreja Evangélica Pentecostal do Exército de Deus

As evangélicas brasileiras vão ganhar uma loja sob medida, que vai vender somente roupas dedicadas a elas, e que será inanugurada até o dia 20.

A expectativa é mover milhares de fiéis, de um universo estimado em 22 milhões, em busca do modelito perfeito, que não comprometa a filosofia de vida que a Igreja Evangélica Pentecostal do Exército de Deus prega.

O nome do local foi definido há mais de dois anos: Sheli Modas. Segundo Kelly Storalli, proprietária da loja, a palavra em aramaico significa posse em português. "O meu pastor recebeu a mensagem de que Deus indicaria o nome de uma marca de roupas para que eu abrisse uma loja." Depois de um tempo ela receberia o indício. "Eu passei quase três anos estudando o significado da palavra sheli."

De acordo com ela, não existe nenhuma loja especializada neste segmento no Brasil. "Nós encontramos roupas, mas sempre temos de ficar procurando em várias lojas." O local para a loja é no bairro de Santana, mas ainda não foi totalmente definido. "Eu queria instalar a loja em um shopping". No momento, o que estaria dificultando a instalação é o preço muito alto nos centros de compra.

A expectativa da empresária é de vender muito em pouco tempo. "Este é um mercado muito grande." Ela desenha todos os modelos que estarão na loja e envia para uma fábrica confeccioná-los. De acordo com ela, não há modelos com decotes nem roupas como minissaia, proibida pela igreja. "É uma questão de doutrina e respeito aos mandamentos de Jesus Cristo."

Todas as roupas da loja recebem orações do pastor José Aluízio Ramos. Ele garante que o velho testamento diz que tudo que era feito recebia a consagração de Deus. "Ela traz as roupas e eu oro por elas."

Kelly conta que as roupas têm estilo clássico. São conjuntos discretos, saias e blusas de mangas três quartos, que chegam até a metade do antebraço.

Segundo ela, a loja está fadada ao sucesso e vai garantir lugar no mercado, porque "o número de evangélicos de São Paulo cresce 7% ao ano".

Para promover a loja, Kelly organiza desfiles na igreja, "para as pessoas conhecerem o produto". O pastor aprovou e está aconselhando as fiéis a usar as roupas vendidas por Kelly. "Não obrigamos as fiéis a usarem, mas Deus orienta que a mulher deve vestir-se decentemente."

Renascer A Igreja Evangélica Renascer - que faz parte de uma corrente que não é radical - não concorda com a diferenciação. "Eu não tenho dificuldade de encontrar roupas", diz Sônia Hernandez, bispa da Igreja. Para ela, o mais importante é as pessoas se sentirem bem com o que está vestindo. "O que é adequado para mim pode não ser para outra pessoa."

Sônia diz que atualmente não existe a necessidade de usar roupas especiais para evangélicos. "Há 15 anos eu responderia diferente, mas hoje as coisas mudaram."

Ela afirma que a Renascer admite que os fiéis se vistam do jeito que se sentirem bem e admite que há roupas apelativas para todas as religiões. "A pessoa tem de saber o que é decente."

Pensamento: "A inspiração da Bíblia depende da ignorância da pessoa que a lê." Robert G. Ingersoll, político e professor Americano



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