Publicado no Jornal Folha de São
Paulo em 10/04/2001
A empresa Sundance, do ator Robert
Redford, dona do festival de cinema de mesmo nome e reconhecida
internacionalmente por suas preocupações
ambientais e humanitárias, vendia desde 1999 móveis
fabricados pelo movimento religioso Doze Tribos, que promove o
trabalho infantil gratuito.
O grupo religioso isolacionista, criado no
começo dos anos 70, mistura elementos de cristianismo e
judaísmo, considera que os negros são "servos
naturais", os homossexuais, "desobedientes", e
que as crianças só aprendem apanhando dos pais.
Uma ex-integrante, que só se
identifica como "Anne", diz mais: que as crianças
apanham com varas e começam a ser castigadas já
aos quatro meses de idade, geralmente por chorar.
"Sim, nossas crianças ajudam
seus pais, mas não são a base de nossa indústria
nem trabalham em fábricas", disse Jean Swantko,
assessora de imprensa do grupo. "Acreditamos em famílias
se ajudando no trabalho e não devemos desculpas a ninguém."
Empresa chocada
Um assessor da Sundance disse que a
empresa estava "chocada, como todo mundo" ao saber da
origem dos móveis e que os artigos já haviam sido
retirados do catálogo de vendas.
Afirmou ainda que tais vendas respondiam
por "uma porcentagem muito pequena" do total de negócios
da empresa, calculado pelo mercado como algo em torno de US$ 5
milhões mensais.
Fundada em 1989 por Redford, mais
conhecido pelos papéis que representou em "Butch
Cassidy e Sundance Kid" e "Todos os Homens do
Presidente", a Sundance vende por catálogo roupas, jóias,
alimentos e móveis, além de organizar o festival
cinematográfico.
Ainda de acordo com sua assessoria, a
Sundance só soube das acusações envolvendo
a Doze Tribos depois de o grupo Estée Lauder interromper
o contrato com a seita, que produzia cosméticos para sua
linha Origins. Chamado de Deus
O líder da Doze Tribos, Elbert
Eugene Spriggs, 63, também chamado de "Yoneq",
conta que estava passando o Carnaval de 1969 em Chatanooga, no
Estado de Tennessee, quando Deus mandou que ele fundasse a
seita. Uma de suas propriedades espalhadas pelo mundo fica em São
Paulo, para onde Spriggs viaja ao menos uma vez por mês. A
seita tem hoje 2.500 seguidores, a maior parte em Nova York.
A Doze Tribos, também chamada de A
Messiânica, vendia seus móveis por meio de uma de
suas empresas, a Common Wealth ("bem comum"), com sede
em Nova York.
Além da fábrica de móveis,
o grupo mantém a Tribal Trading ("comércio
tribal"), de velas, e a Common Sense ("senso comum"),
de produtos naturais, nenhuma delas explícita quanto às
ligações religiosas.
Pelas leis trabalhistas de Nova York,
crianças menores de 14 anos são proibidas de
trabalhar e, entre 14 anos e 16 anos, não podem ser
empregadas em fábricas.
Bater com amor
"Sim, os pais das comunidades que
formam a Doze Tribos batem em suas crianças, mas é
com amor, de acordo com a Palavra de Deus", disse a
porta-voz do movimento religioso, Jean Swantko.
"Uma criança que não é
disciplinada é uma criança que não é
amada", disse ela.
França julga seita acusada do
suicídio de 74 membros
Publicado no Jornal Folha de S. Paulo em
18/04/2001
Começou ontem, em Grenoble (França),
o julgamento de dirigentes da seita Ordem do Templo Solar,
acusados de terem promovido o suicídio de 74 membros na
Suíça, no Canadá e na França entre
1994 e 1997. O processo se concentra na morte de 16 pessoas
_incluindo três crianças_ cujos corpos foram
achados na França em 1995. Foi ouvido o maestro suíço
Michel Tabachnik, suposto líder da seita.
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