Publicado no Jornal Folha de São
Paulo em 11/04/98
O domingo de Páscoa deste ano na
Argentina ganhou em dramaticidade. Um grupo de 11 pessoas
permanece acampado em Uspallata, noroeste do país, a 100
km da fronteira com o Chile, rezando para a Virgem de Lourdes há
28 dias, enfrentando frio e preocupando as autoridades com um
discurso apocalíptico.
O temor vem de cartas enviadas por
integrantes do grupo a seus parentes. Elas contêm
mensagens do tipo "a virgenzinha vai nos levar a um lugar
onde estaremos a salvo, onde nada do que se passa neste mundo
chegará a nós" ou "a guerra começou,
e Deus dará uma sacudida tremenda neste inferno formado
por vivos. As pessoas roubarão cada vez mais, e os
alimentos terminarão".
A leitura de algumas autoridades foi de
que as cartas são indícios de uma possível
tentativa de suicídio coletivo. Os crentes negam e dizem
não formar uma seita .
A juíza María Fontemacchi
retirou do local uma criança de dois anos que estava na
companhia dos pais e a entregou aos avós.
Já chegou a haver 40 crentes no
local. Depois da visita de psicólogos, a maioria deixou o
acampamento. A líder do grupo, a cabeleireira Margarita
de Beltramo, 58, diz ter contatos com a Virgem e estar
convencida de que o fim do mundo será amanhã.