Fiéis até a morte
OSMAR FREITAS JR

Publicada na ISTOË em 16/04/1997

A cada ano cerca de duas mil pessoas saem de suas casas nos Estados Unidos e no Canadá e nunca mais voltam: elas submergem no labirinto sombrio dos cultos e seitas. O dramático caso do suicídio coletivo de 39 crentes do Heaven's Gate, em San Diego, é exemplar. Sua estrutura, como a da maioria de seus concorrentes, se dava através de um líder carismático. As semelhanças entre David Koresh - dos Davidianos, mortos durante um cerco policial na cidade texana de Waco, em 1992 - e John Withcapple, do Heaven's Gate, são significativas: ambos se diziam o filho de Deus e seu oráculo.

Só recentemente os cultos americanos ficaram caracterizados pela violência. O mais antigo é o da "família" Charles Manson. O líder era um desocupado que havia passado a maior parte de sua vida na cadeia, mas que conseguiu com seu discurso juntar adoradores. Na noite de 9 de agosto de 1969, Manson mandou quatro de seus discípulos à casa do diretor cinematográfico Roman Polanski, no luxuoso bairro de Bel Air, em Los Angeles. Polanski filmava em Londres, mas sua esposa, a atriz Sharon Tate, 26 anos, estava grávida de oito meses e recebia alguns amigos num jantar íntimo. Ela foi esfaqueada 16 vezes e depois enforcada. Seus convidados também foram mortos.

Já em 1978, 900 pessoas morreram nas selvas da Guiana, após tomarem uma mistura de "K-Suco" e cianureto. Eles pertenciam a uma seita chamada Templo do Povo, organizada em torno do pastor evangélico Jim Jones. Ele havia transferido sua seita de Indianapolis, passando por Redwood Valley, na Califórnia, até as matas sul-americanas. Ato tão chocante quanto o cerco ao Ramo Davidiano, do líder David Koresh, em 1992. Ele era um cantor de rock medíocre, mas com domínio da Bíblia e carisma de ídolo pop. Seu grupo montou um autêntico arsenal num sítio nos subúrbios da cidade de Waco, no Texas.

As autoridades americanas passaram a investigá-los e uma desastrada tropa de choque tentou invadir o Q.G. dos Davidianos. Foram repelidos à bala. Começava um cerco que terminaria somente no dia 15 de abril, com o suicídio coletivo de 80 pessoas. A maneira escolhida por Koresh foi o tiro na nuca dos fiéis, com os corpos sendo consumidos pelo fogo. Até hoje as autoridades americanas têm de enfrentar o culto dos Davidianos. Um exército de vingadores de Koresh armou-se contra o governo para protestar. Um destes "soldados" é o terrorista Tim McVeigh, que no dia 19 de abril de 1995 explodiu um edifício público em Oklahoma City, matando 160 pessoas.

Provocar mortes não é privilégio das seitas americanas. Desde 1994, o Templo do Sol, que se originou na França, espalha mortes nos países de língua francesa. No total, 74 fiéis se suicidaram em rituais que provocaram o incêndio de casas na França, Canadá e Suíça. A seita japonesa Aum Shinrikyo não se limitou a matar seus próprios discípulos, em 1995, no Japão. Comandados pelo guru Shoko Asahara instalaram o pânico no metrô de Tóquio ao contaminar com gases tóxicos 16 estações. Resultado: dez mortos e 5.500 intoxicados.

Adolescente é morta por pretensos exorcistas na Etiópia

Publicado no Jornal do Brasil em 31 de dezembro de 2001, 15h37

Uma adolescente de 19 anos, com problemas mentais e supostamente "possuída", foi morta em Goba (sul da Etiópia) por homens que se diziam exorcistas, informou hoje o jornal semanal The Sun. A vítima, cujo nome não foi revelado, foi entregue por seus pais a "exorcistas do diabo", disse o jornal, citando o bimensal da polícia etíope, "Policena Ermejaw".

Quatro homens imobilizaram a jovem e a forçaram a inalar um vapor tóxico, de acordo com o última edição do jornal, de final de dezembro. Depois os assassinos a golpearam até que desmaiasse e morresse em decorrência dos ferimentos. Os responsáveis pelo crime estão sendo investigados por assassinato.

PF abre inquérito para investigar reverendo Moon em MS

Publicado no Jornal Folha de S. Paula em 07/01/2002

A Polícia Federal de Mato Grosso do Sul abriu o primeiro inquérito para apurar as atividades que o líder religioso sul-coreano Sun Myung Moon, o reverendo Moon, mantém no Estado desde 1997.

A PF investiga denúncias de um ex-seguidor de Moon, que acusa a Associação das Famílias para Unificação e Paz Mundial, nome da organização de Moon no Brasil, de lavagem de dinheiro, uso de documentos falsos, estelionato e irregularidades trabalhistas.

O inquério faz parte de uma ofensiva maior, iniciada no fim do ano passado, para investigar os investimentos do coreano em MS. Além da PF, o Exército e a Assembléia Legislativa fazem parte de uma espécie de operação conjunta contra Moon.

Em novembro do ano passado, durante audiência pública na Assembléia, o comandante do Comando Militar do Oeste, general Sérgio Conforto, disse que a maior preocupação do Exército é com a área que Moon comprou na fronteira do Paraguai, próxima à área que adquiriu em MS.

Na época, Conforto disse que a estratégia de Moon "dá a impressão de que querem juntar as duas áreas"

O representante legal de Moon no Estado, Neudir Ferabolli, não respondeu aos pedidos para comentar o caso. No ano passado, ele havia dito que é "uma grande coincidência do destino" o fato de que Moon comprou terras no Paraguai vizinhas à área que possui no Brasil. Ele descarta as acusações contra a seita.

Na Assembléia, o deputado estadual Jerson Domingos (PSL) preside a Comissão para Acompanhamento das Atividades do Reverendo Moon em MS. Há duas semanas, o deputado enviou requerimentos a diversos órgãos públicos, como Incra, Ibama e Receita Federal, pedindo informações sobre a organização de Moon.

A organização possui hoje em Mato Grosso do Sul cerca de 83 mil hectares, além de mais cerca de 800 mil hectares no Paraguai, o equivalente a 2% do território daquele país.

No lado brasileiro, Moon também investiu em imóveis, rádios, hotéis e até um time de futebol no interior do Estado. Os investimentos no Estado chegam a US$ 35,5 milhões, segundo a própria organização.

Santo Daime: ritual proibido a crianças

Publicado no Jornal O Povo em 30 Janeiro de 2002

O juiz Pedro Luís Alves de Carvalho, da 5ª Vara Cível de Sorocaba, proibiu a professora Cristiane das Neves de continuar levando seus dois filhos menores, de 5 e 6 anos, aos rituais da seita conhecida como santo daime. A liminar foi dada segunda-feira passada, em medida cautelar impetrada pelo pai das crianças, Wagner Garcia da Fonseca Rosa, que alega que elas, ao serem batizadas na seita, foram obrigadas a ingerir uma bebida contendo substâncias alucinógenas.

Russos são condenados por planejar atentado no Japão

Publicado no Jornal Folha de S. Paulo em 23/01/2002

Três russos membros da seita apocalíptica japonesa Aum Shinrikyo foram condenados hoje por planejar colocar bombas no Japão para chantagear o governo a libertar seu líder, acusado pelo ataque com gás sarin em 1995 no metrô de Tóquio.

Investigadores afirmam que os russos se preparavam para viajar ao Japão para plantar bombas que poderiam ser detonadas de qualquer lugar do mundo, por meio de telefones celulares. Eles então chantageariam o governo japonês pela libertação de Shoko Asahara, que está sendo julgado há seis anos pelo ataque ao metrô.

"É claro que continuo acreditando na Aum Shinrikyo, como acreditava até ser preso. Mas nossas atitudes em relação ao que fizemos mudou -é claro que nos arrependemos", disse Dmitry Sigachyov, líder do grupo russo, em sua declaração final no julgamento. Ele foi condenado a oito anos de prisão.

Seus cúmplices, Boris Tupeiko e Dmitry Voronov, foram sentenciados com seis anos e meio e quatro anos e meio de cadeia, respectivamente.

O braço russo da seita foi fundado em 1993 e alega ter 30 mil seguidores, três vezes mais que no Japão. A seita foi proibida na Rússia em 1995.

Na tentativa de renovar sua imagem, a Aum Shinrikyo mudou em janeiro de 2000 seu nome para Aleph (primeira letra do alfabeto hebraico).

Quebrado sigilo bancário de entidade de Moon

Publicado no Jornal Estado de S. Paulo em 05/02/2002

PF quer investigar a rápida expansão das atividades do reverendo coreano no País

Autor:JOÃO NAVES DE OLIVEIRA

CAMPO GRANDE - Todas as contas bancárias da Associação para Unificação das Famílias e Paz Mundial estão desde ontem sem sigilo. A entidade é presidida pelo coreano Sun Myung Moon, de 83 anos, mais conhecido por reverendo Moon, e preocupa as autoridades brasileiras por causa da expansão rápida da entidade dentro do Brasil, principalmente em Mato Grosso do Sul onde comprou, nos últimos três anos, 56 fazendas no Pantanal, todas fazendo divisa com o Paraguai.

O procurador de Moon no Estado, Neudir Simão Ferabolli, disse que a organização gastou R$ 35,5 milhões na compra de terras em MS.

A quebra do sigilo bancário foi autorizada pelo juiz federal Odilon de Oliveira, baseado em denúncias feitas pelo Ministério Público Federal, entre elas a de lavagem de dólares e ameaça à soberania nacional. O pedido feito pelo superintendente regional da Polícia Federal, Wantuir Jacine, visa a facilitar as investigações. Segundo depoimento anexado ao inquérito policial, o coreano Jai Siki Kim, ex-funcionário de Moon, afirma ter auxiliado pessoalmente o reverendo a "lavar dólares no Brasil".

A movimentação bancária do Cene (Clube Esportivo Nova Esperança) será uma das primeiras a serem investigadas. Fundado em dezembro de 1999, é um time profissional e deve estrear amanhã na Copa Brasil, jogando contra o Vitória da Bahia, no Estádio Morenão, em Campo Grande. Também o Atlético de Sorocaba (SP), categoria A-3, será investigado. O reverendo Moon quer que os dois times se igualem tecnicamente ao Schumma Soccer Team da Coréia do Sul, campeão nacional naquele país em 1995 e 1996.

Preocupa - Há dois anos ele comprou Puerto Casado, uma cidade paraguaia na divisa com Porto Murtinho (MS), com seis mil habitantes e uma extensão de 350 mil hectares. Esse negócio causou preocupação inclusive para o CMO (Comando Militar do Oeste), que passou a monitorar as atividades da seita Moon em MS. Os hotéis fazenda Salobra e Americano em Miranda e Porto Murtinho, respectivamente, são da mesma organização.

Em São Paulo, onde está instalada a sede nacional da Associação para Unificação das Famílias e Paz Mundial, na Rua Cardeal Arcoverde (Pinheiros), Moon possui dezenas de padarias, restaurantes típicos japoneses, uma loja de pedras preciosas e semipreciosas e a Granja New Hope, sediada em São Bernardo do Campo.

Sobre a decisão do juiz Odilon de Oliveira, o procurador da entidade em Mato Grosso do Sul, Neudir Simão Ferabolli, disse que não vai apelar contra. "As autoridades que fiquem à vontade para investigar tudo o que precisam saber.

Não temos nada a esconder", afirmou.

Seguidor de seita chinesa mata mulher para torná-la imortal

Agência EFE 08 de fevereiro de 2002, 07h25

Um seguidor da seita neobudista Falun Gong, Roda da Vida, matou sua mulher a pancadas e feriu gravemente sua filha em Pequim para torná-las imortais quando a Terra fosse destruída no dia 4 de fevereiro.

Dong, seguidor do culto desde 1997, considerado diabólico pelas autoridades chinesas, esperou que sua mulher e sua filha dormissem em 3 de fevereiro para poder matá-las com marteladas. Depois ele limpou suas roupas, queimou todos os materiais sobre a seita que tinha em casa e foi à delegacia confessar seu crime.

O preso, de 37 anos e originário da província nortista de Liaoning, disse à polícia que o professor Li Hongzhi, líder da Falun Gong que reside nos Estados Unidos, prometeu que no dia 4 de fevereiro o mundo acabaria e apenas os seguidores falecidos seriam imortais, segundo declararam fontes policiais.

O discípulo de Li Hongzhi rogou aos policiais para ser senteciado à morte para poder ser imortal e estar com sua família.

Centena de pessoas morreram por suposta seita religiosa

Publicado na Agência EFE em 08 de fevereiro de 2002

Mais de uma centena de pessoas morreram queimadas, presas num edifício público de uma localidade do nordeste da República Democrática do Congo (RDC), por membros de uma suposta seita religiosa, segundo missionários católicos na região.

A matança aconteceu em 25 de janeiro deste ano na localidade de Doruma, situada a menos de 50 quilômetros da fronteira comum entre a RDC e o Sudão, disseram à EFE os missionários que pediram para não serem identificados, e que citam sobreviventes e outras testemunhas que estavam no local.

Um grupo que se identificou como "Os seguidores do profeta Simón" foi a Doruma liderado por Simón Kibeke, para recrutar à força vários jovens da localidade, mas foram impedidos pelos pais e vizinhos.

O confronto, no qual ambos os bandos utilizaram lanças, flechas e machados, deixou vários mortos e feridos entre os membros do grupo religioso, que tiveram que fugir do local para evitar uma tragédia maior.

O "profeta" reagrupou seus seguidores e voltou ao lugar acompanhado de um grupo fortemente armado vindo do sul do Sudão e que, segundo as fontes, pode pertencer ao Exército de Resistência do Senhor (ERS), um grupo rebelde de Uganda que mantém suas bases de retaguarda naquele país.

A operação de Simón e seus seguidores teve caráter punitivo, devido a uma resistência anterior, e por isso trancaram aqueles que não puderam escapar, em sua maioria mulheres e crianças, no edifício da prefeitura, jogaram gasolina e atearam fogo.

As tensões étnicas e religiosas em remotas localidades do nordeste congolês foram agravadas devido à guerra que sacode o país há quase quatro anos, já que os diferentes grupos envolvidos recrutaram membros tribais, principalmente os hema e os lendu, que mantêm rivalidades ancestrais entre si.

Os hema e os lendu disputaram durante séculos as terras da região, mas seus confrontos só se tornaram sanguinários quando começou a rebelião contra o governo de Kinshasa, já que agora as duas tribos possuem armas de fogo.

A guerra começou em agosto de 1998, com o levantamento armado dos líderes militares tutsi congoleses, apoiados por Uganda, contra o Governo do então presidente congolês Laurent Kabila (assassinado em janeiro de 2001), e que era acusado de corrupção e má administração.

Os rebeldes foram parados às portas da capital pelas tropas enviadas por Angola, Zimbábue e Namíbia, que desde então sustentam no poder o regime de Kinshasa.

Ciencialist

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