Ignorância científica é ameaça, diz Gleiser
Ricardo Bonalume Neto

Publicado em 18/09/98 no Jornal Folha de São Paulo

A ignorância científica pode ser uma ameaça para a sociedade, disse anteontem em palestra no auditório da Folha o físico e colunista Marcelo Gleiser.

Ele citou como exemplo o caso de membros de uma seita nos EUA que acharam que a passagem próxima da Terra do cometa Hale-Bopp significava que eles poderiam pegar carona para o céu em uma nave espacial _e por isso se mataram.

A palestra de Gleiser, professor de física teórica do Dartmouth College, em Hanover, nos EUA, teve como tema "O Princípio e o Fim do Mundo - A Ciência da Criação e do Apocalipse".

Para o físico, a proximidade do milênio tem evocado "medos ancestrais" nos seres humanos. Ele lembrou que a passagem para o ano 1000 levantou questões parecidas _"o mundo mudou muito, mas os anseios continuam presentes".

Gleiser afirmou que ciência e religião têm uma origem comum: a necessidade humana de "controle do medo", que pode ser feito pela razão ou por rituais.

Ele fez um histórico dessa busca humana de enxergar o mundo em termos racionais, desde os filósofos gregos pré-socráticos até o nascimento da ciência moderna, com o italiano Galileu Galilei e o inglês Isaac Newton.

Para a pergunta básica da platéia lotada, "como o Universo começou?", ele teve uma resposta humilde: "Nós não sabemos".

Mas a cosmologia já consegue explicar como era o Universo um milionésimo de bilionésimo de segundo depois do Big Bang, a grande "explosão" que teria dado origem ao Universo.

Quanto ao final, também não há certeza. O Universo poderá se contrair ou continuar se expandindo indefinidamente.

Mais certo é que o Sistema Solar em que está a Terra deverá acabar em cerca de 5 bilhões de anos, com a explosão do Sol.

Mas, bem antes disso, um asteróide gigante poderá já ter arrebentado a Terra, ou provocado extinções em massa, como fez aquele que caiu há cerca de 65 milhões de anos, extinguindo os dinossauros.

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