Testemunhas de Jeová vão a julgamento
André Muggiati

Publicado no Jornal Folha de São Paulo em 25/10/94

Os pais adotivos da menina Suzana Maria de Souza, morta em abril de 93, aos 16 anos, por não ter recebido transfusão de sangue, serão julgados pelo tribunal do júri em Catanduva (385 km de SP) por homicídio doloso (intencional).
Abílio Floriano da Silva e Lélia Maria Silva não permitiram a transfusão por pertencerem à religião Testemunhas de Jeová.
A decisão foi do procurador geral José Emmanuel Burle Filho. Ele ordenou ao promotor de Catanduva Virgílio Vita Júnior que, antes de marcar o julgamento, apure também o responsável no Hospital Padre Albino, de Catanduva, pela morte da menina.
Ela estava internada no hospital desde março de 93, com pneumonia. Tinha que receber a transfusão por ter anemia falciforme, doença genética que deforma os glóbulos vermelhos. Segundo o procurador, o hospital poderia ter solicitado ao juiz da vara da infância e da juventude a suspensão do poder de decisão dos pais sobre o assunto.
Além disso, uma portaria do Conselho Federal de Medicina diz que o médico deve fazer a transfusão em caso de perigo de vida.

{Observatório WatchTower}

1ª previsão foi para 1914

Publicado no Jornal Folha de São Paulo em 11/07/94

Autor: CLAUDIO JULIO TOGNOLLI

 1ª previsão foi para 1914
Da Reportagem Local
Neste século, a primeira seita a prever o fim do mundo foi a das Testemunhas de Jeová. Marcaram o ano do juízo final para 1914.
Em seguida, vieram novas previsões para os anos de 1915, 1918 e 1925.
Os fiéis foram convidados a darem todos os seus bens para que deles pudessem viver, na Terra, aos patriarcas que viriam direto do céu para San Diego, na Califórnia. Eram eles David, Abraão, Isaac e Jacó.
Para eles foi construída uma mansão e a cada um dado um Cadillac. Como não vieram, foram marcadas outras datas para suas voltas: 1939, 1941 e 1975, ano apontado como o mais forte candidato, em toda história, à vinda do Armaggedon.
"Agora dizem que os patriarcas voltarão em 94 porque é o ano em que a geração da primeira previsão fará 80 anos", diz o pesquisador Joaquim de Andrade.
Hoje, no Brasil, a tradição das Testemunhas de Jeová se espalhou e qualquer justificativa pode ser usada como sinal do fim do mundo.
A Missão Taberá, por exemplo, sustenta que o sistema de leitura ótica UPC, ou código de barras, é a autêntica "marca da besta".
Num folheto distribuído na praça da Sé escreveram que "o UPC é emoldurado por três números seis que marcam o início, o ponto de verificação central e o fim".
Sustentam que os EUA e a Europa pretendem fazer um supercomputador chamado "A Besta" para marcar o código no corpo das pessoas, em substituição aos cartões de crédito.
E alertam no folheto: "Por favor, não recebam a marca 666. Ela é uma passagem para o inferno".
Os EUA também são apontados como reino da "besta" porque o ex-presidente Ronald Wilson Reagan tem seis letras em cada um de seus nomes. Mais: os anticristos teriam nascido nos EUA devido às missões espaciais Apollo.
Tudo isso porque: Apollo tem seis letras; os três primeiros astronautas da missão (Lovell, Anders e Borman) tinham seis letras no nome; seis canais de televisão cobriram a primeira missão Apollo; a viagem à Lua durou seis dias; a altura da cabine era de 66 pés; a Apollo pesava 6 milhões de libras; sua velocidade era de seis milhas por segundo. (CJT)

{Observatório WatchTower}

Juiz libera operação emTestemunha de Jeová

Publicado no Jornal Folha de São Paulo em 02/06/94

Juiz libera operação em Testemunha de Jeová

 O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, no Paraíso (zona sul), obteve ontem uma liminar judicial para operar o comerciante José Nogueira Lima, 67. Sua família é da religião Testemunhas de Jeová e proibia a realização de transfusão de sangue ou cirurgias.
Lima foi internado segunda-feira com aneurisma na aorta (dilatação da artéria que sai do coração).
O comerciante só concordou com a operação após a liminar da Justiça. Sua mulher disse que a família respeitou a decisão judicial.
O chefe da equipe que atendeu Lima procurou a polícia quando soube da proibição. No 5.º DP foi aconselhado a procurar a Justiça.
Lima, 67, foi levado às 7h para a sala de cirurgia. Até o início da noite não havia deixado a sala.
A religião é uma ramificação do protestantismo fundada em 1870 nos EUA. É presidida por um grupo de 11 homens, chamado "corpo governante". Em 45 decretou a proibição de transfusões de sangue, alegando motivos bíblicos.
Segundo o pesquisador Joaquim Andrade, 32, do Instituto Cristão de Pesquisas, a organização tem 400 mil seguidores no Brasil.

{Observatório WatchTower}

Médica é acusada de negligência

Publicado no Jornal Folha de São Paulo em 19/03/94

Autor: SILVIA QUEVEDO

Médica é acusada de negligência
Hematologista Testemunha de Jeová teria demorado para autorizar transfusão de sangue em SC
Autor: SILVIA QUEVEDO
Da Agência Folha, em Florianópolis
A médica hematologista Zelita Silva de Souza, 50, que trabalha no hospital da Universidade Federal de Santa Catarina, está sendo acusada pela família de Sandra Gama Geraldo, 28, de negligência por demorar a autorizar uma transfusão de sangue na paciente, portadora de anemia falciforme e que morreu há seis dias. A direção do hospital afirma que a médica –adepta das Testemunhas de Jeová (religião que não permite transfusões)– atendeu a paciente e que a transfusão foi feita.
A anemia falciforme deixa o paciente sujeito a infecções e crises de anemia agudas muito rápidas. Sandra ficou internada três dias no hospital e morreu 17 horas depois de ter sido levada à Unidade de Tratamento Intensivo. O marido dela, Devânio José Geraldo, 33, disse que a mulher não recebeu o tratamento adequado, que foi medicada com soro e oxigênio e que a transfusão só foi realizada quando ela estava para morrer, "por ordem de outro médico". Geraldo culpa a médica por "negligência e omissão", porque "ela não aparecia e não autorizava a transfusão". "Ela vinha tratando a Sandra e, quando foi procurada pela família, disse que minha mulher estava excelente. Além de não dar atenção, porque a Sandra estava trêmula, gelada e o hemograma tinha se alterado muito, ela não comunicou outro médico." Ele disse que vai processar a médica. "Hoje mesmo vou falar com o advogado. Não somos Testemunha de Jeová. Sabíamos que ela era, mas na hora ninguém pensou nisso. Ela pode até ser, não tenho nada contra, mas é obrigada a atender esse tipo de emergência.".
Zelita, que é professora de hematologia do curso de medicina da UFSC, não foi localizada ontem no hospital, na universidade ou em sua casa. Geraldo, os quatro filhos e outros parentes participaram ontem da missa de 7.º dia da morte de Sandra, numa igreja do bairro Trindade, a poucos metros do HU. O diretor do hospital, Carlos Eduardo Pinheiro, 39, disse que a paciente foi atendida e que recebeu a transfusão.
O Conselho Regional de Medicina informou que não irá se pronunciar enquanto não receber questionamento oficial da polícia. De acordo com o delegado Nazareno Zacchi, 44, que investiga a denúncia, o inquérito policial será instaurado na próxima semana. Ele disse que conversou "informalmente" com a médica. A médica disse à polícia que pertence à religião, mas que nunca negou atendimento a não-adeptos.

{Observatório WatchTower}

Comissão ética vai analisar caso

Publicado no Jornal Folha de São Paulo em 19/03/94

Comissão ética vai analisar caso
Da Agência Folha, em Florianópolis


O Hospital Universitário recebeu ontem o registro policial da queixa feita na 5ª Delegacia de Polícia de Florianópolis. De acordo com o diretor de Medicina, Carlos Eduardo Pinheiro, 39, a denúncia será encaminhada à Comissão de Ética Médica do hospital. Pinheiro afirmou que "em nenhum momento a médica desautorizou a transfusão" e que "por enquanto, o que existe é uma suspeita de que teria havido uma demora".
Segundo ele, o hospital sempre soube que Zelita Silva de Souza é adepta dos Testemunhas de Jeová. "Estranho é. Mas também não parece estranho que um hospital público não faça homeopatia? Não é um direito de um paciente que acredita na homeopatia ser atendido pelo homeopata? Ela realmente evita o máximo dar sangue a um paciente adepto da religião. Mas nós cumprimos a lei, em caso de risco de vida ele recebe transfusão feita por outro médico. No Brasil, isso é uma obrigação legal."
De acordo com o Pinheiro, não há porque questionar sua opção religiosa. "Seria o mesmo que dizer que um médico homossexual não pode atender por ser gay", disse.

{Observatório WatchTower}

Criança recebe sangue por decisão judicial

Publicado no Jornal Folha de São Paulo em 01/08/95

Criança recebe sangue por decisão judicial
Da Agência Folha, em Sorocaba


A Justiça concedeu liminar autorizando o hospital Santo Antônio, de Votorantim (98 km a oeste de São Paulo), a fazer uma transfusão de sangue na menina A.P.º, de um ano e 11 meses.
Os pais da criança, testemunhas de Jeová, queriam impedir a transfusão, proibida pela religião.
A.P.º foi internada na última quinta-feira. Segundo o diretor clínico José Luiz Barasnevicius, 40, os médicos concluíram que a transfusão era necessária.
Barasnevicius não informou de qual doença ela sofre por ``uma questão de ética”.
O pedido foi feito à Justiça ainda na quinta-feira. A liminar autorizando a transfusão foi dada no mesmo dia pelo juiz da Vara da Infância e Juventude da cidade, Pedro Luiz Alves de Carvalho.
A Agência Folha procurou os pais ou parentes de A.P.º, mas eles não foram encontrados.

{Observatório WatchTower}

Casal abandona filha de 11 dias por medo de religião

Publicado no Jornal Folha de São Paulo em 29/04/96

Autor: MALU GASPAR

Mãe engravidou sem casar, fato condenado por testemunhas de Jeová

Casal abandona filha de 11 dias por medo de religião

O medo da repressão religiosa fez o casal de testemunhas de Jeová Antônio Querino dos Santos, 32, e Claudete dos Santos, 23, abandonar a filha, Daiane, de 11 dias de vida, na madrugada de sábado.
O bebê foi deixado dentro de uma banheira infantil em frente à casa de Jamil Naief, também testemunha de Jeová, em Guarulhos. Naief, que já foi chefe da comunidade religiosa da cidade, disse que conhecia Querino das reuniões.
O casal foi preso cerca de uma hora depois de abandonar a filha. O carro, um Passat verde, foi localizado através da placa, anotada por um vizinho.
Junto da criança havia um bilhete dizendo que ela estava sendo abandonada por dificuldades financeiras dos pais e por medo da perseguição religiosa.
Na delegacia, Claudete chorava muito e disse querer a filha de volta. Ela ficou grávida antes de seu casamento, que teria acontecido em dezembro, segundo o cunhado de Querino, José Garbosa.
A sua religião condena relações sexuais antes do casamento, por ''violar as leis de Deus''.
Para esconder a gravidez, o casal teria viajado para Sete Quedas (MS), onde teriam se casado. Quando voltaram, foram recebidos com festa no salão do Reino de Jeová que Querino frequentava.
''Não notamos nada, até porque não conhecíamos a Claudete antes. Não percebemos que ela estava grávida'', disse Renato Silva, um dos ministros do salão.
Silva afirma estranhar a atitude do casal. Segundo ele, a religião não reprime nem discrimina quem comete esse tipo de ''pecado''.
''O que faríamos é aconselhá-los a se casar. Mas se já haviam feito isso, não há razão para medo. Não expulsamos ninguém. Só se desliga da religião quem quer.''
Garbosa diz que os problemas financeiros não eram justificativa. ''Podíamos ficar com a menina.''
Por enquanto, Daiane está com o casal Flávio e Maria da Penha de Oliveira, vizinhos da casa de Jamil Naief, que ficarão com a guarda provisória do bebê.
Pelo Código Penal, o casal pode ser processado por abandono de recém-nascido para ''ocultar desonra própria''. A pena é de 6 meses a 2 anos de prisão.
Procurados ontem em sua casa, eles não foram encontrados.

Pensamento: "Um bom professor vale mais que cem sacerdotes". Thomas Paine (1737-1809)


{Observatório WatchTower}

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