Publicado no Jornal O Estado de São
Paulo em 30 de maio de 2000
Relatórios mostram apoio a igrejas
como contrapropaganda à subversão
RIO - O regime militar incentivou no País
a proliferação de seitas contrárias ao
comunismo e alijou oficialmente igrejas e religiosos que
desempenhavam ação social e não se
enquadravam no perfil exigido pela ditadura. Os militares
acreditavam que algumas seitas funcionariam como uma espécie
de contrapropaganda aos movimentos de oposição. É
o que revelam relatórios secretos e confidenciais do
governo federal, obtidos com exclusividade pelo Estado.
Um dos documentos mais significativos da ação
do regime militar na área religiosa é um relatório
que faz parte de um processo que teve tramitação
secreta do Ministério da Justiça. O documento foi
elaborado a partir de uma investigação da Polícia
Federal sobre a igreja do reverendo Sun Myung Moon, em 1981. Na
época, dezenas de pessoas escreviam ao presidente João
Baptista Figueiredo, preocupadas com suposta "lavagem
cerebral" que a Igreja da Unificação, do
reverendo, estaria fazendo em alguns jovens. Algumas casas onde
funcionavam igrejas chegaram a ser destruídas.
O relatório conclui que, "mais
importante do que ser juridicamente inatacável, é
o fato de a Igreja da Unificação lutar abertamente
contra o comunismo internacional. Com essa luta, que também
é a luta dos brasileiros, ela se apresenta como um meio
para pôr em equilíbrio a balança já há
muito desnivelada pela atuação das organizações
subversivas no nosso País".
Segurança - Grande parte dos
documentos é do governo de Ernesto Geisel, membro da
Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil.
Geisel, no entanto, foi um membro discreto
da Igreja, e o que se sabia até agora é que nunca
demonstrou desejo de ampliar a atuação de algumas
seitas no País.
Para o regime, incentivar seitas
anticomunistas era trazer maior segurança para a perpetuação
dos militares no poder. Um dos religiosos que mais receberam
apoio para entrar no País foi o pastor Richard Wurmbrand,
que dirigia a Igreja Evangélica dos Estados Unidos. Um
relatório confidencial do Ministério da Justiça,
de março de 1977, cobrava providências dos órgãos
de informação para dar segurança ao pastor,
que estava chegando ao País.
Em um dos trechos do relatório, o
Ministério da Justiça destacou a luta de Wurmbrand
contra o comunismo, dizendo que o pastor "possui inúmeros
livros publicados revelando as perseguições e as
torturas que os comunistas impõem aos cristãos que
tentam professar sua fé nos países comunizados".
O relatório mostrava preocupação pelo fato
de o pastor não ter conseguido alugar o Maracanãzinho
para sua palestra anticomunista. O Ministério da Aeronáutica
também produziu um relatório confidencial, em
abril de 1977, dizendo que "o espírito anticomunista
do pastor Wurmbrand, e a objetividade com que se apresenta em
suas conferências, tem despertado grande interesse entre
os órgãos de segurança".
Inconvenientes - O regime militar listou várias
seitas e igrejas como "inconvenientes" para funcionar
no Brasil, na maioria das vezes sem dar os detalhes e apontar
investigações concretas sobre a suposta ação
subversiva dos respectivos dirigentes.
Em agosto de 1977, a Polícia
Federal enviou ao ministro da Justiça, Armando Falcão,
um ofício confidencial sobre a seita Hare Krishna. O
relatório dizia que as superintendências regionais
da Polícia Federal no Rio de Janeiro e em São
Paulo e a Secretaria de Segurança Pública do Rio "realizaram
investigações em torno da seita, tendo todas elas
concluído pela inconveniência do seu funcionamento
no Brasil, uma vez que os princípios e os interesses da
mesma são incompatíveis com a cultura do nosso
povo, além de atentarem contra a moral e os bons costumes".
Relatório do Ministério da
Justiça, de junho de 1974, acusa os representantes da
Igreja Messiânica Mundial de não terem escrúpulos
e ainda de "falsear a verdade para atingir seus objetivos".
O documento se refere a um comunicado da Igreja Messiânica
em Tóquio sobre exposição que seria
realizada no Ministério das Relações
Exteriores, informação que na época não
teria tido confirmação do Itamaraty. O relatório
diz que o pintor Manabu Mabe estararia cuidando da organização
da exposição em Brasília.
A igreja mais perseguida durante o regime
militar, no entanto, foi a Igreja Católica. Há
dezenas de relatórios dos órgãos de segurança
sobre suposta "infiltração comunista" na
Igreja. Muitos desses relatórios são específicos
sobre lideranças da Igreja, grande parte dedicados a
bispos e padres considerados "subversivos",
principalmente o então arcebispo de Olinda (PE), dom Hélder
Câmara, e o bispo da Prelazia de São Félix
do Xingu, dom Pedro Casaldáliga.
ASTRÓLOGO
INDIANO PREVÊ NOVO TERREMOTO E É PRESO
Publicado na AGÊNCIA ESTADO em
03-02-2001
Nova Délhi -- Um astrólogo
indiano foi preso hoje depois que previu para este sábado
um terremoto ainda mais devastador do que o tremor de 7,9 graus
que atingiu o Estado de Gujarat, oeste da Índia, no dia
26. Ele foi acusado de disseminar o pânico, disse o
ministro do Interior Haren Pandya. Os rumores sobre uma nova catástrofe
levaram milhares de pessoas a fugir da cidade de Ahmedabad. Já
foram resgatados 15.076 corpos, mas milhares de cadáveres
permanecem sob os escombros das casas e prédios
desmoronados. [i]
Pensamento:
"Em algumas seitas os membros são ordenados a
cometer atos violentos porque o único meio deles
conseguirem mais rápido o perdão ou alcançarem
a salvação é eliminar os descrentes."
Dr. Bruce Hoffman, diretor do Centro para Estudo do Terrorismo e
Violência Política na Universidade St. Andrews, Escócia
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