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FIM-DE-ANO LUSITANO

Uma novela de Geribalde Genipapo

 

Ambrósio era segurança num bar da periferia onde Jeremias conseguira arranjar trabalho como estriper, e foi aí que conheceu Gérson. Este se havia embriagado e, julgando Jeremias uma apetitosa mulata, tentou saltar-lhe para cima no início da actuação. Atento, Ambrósio interviu, e foi Gérson quem acabou por ser saltado em cima, indo parar ao hospital com duas costelas fraturadas.

Gérson gemia com dores no Hospital, mas estava choroso principalmente por sua companheira o ter trocado por uma colega do trabalho, justo na Véspera de Natal. Parecia agora que todo o mundo estaria festejando o Ano Novo com champanhe, enquanto ele estava destinado à solidão e à água choca. De repente, ouviu alguém aproximar-se e, abrindo os olhos, vislumbrou Ambrósio que, acompanhado de Tatiana, lhe estendia um envelope:
- Tinha esse convite sobrando, e fiquei me sentindo culpado de sua situação. Queria de algum modo compensar.
- Puxa vida, cara - disse, limpando os olhos - que surpresa maravilhosa! Quase me sinto eu mal por ter vindo parar ao hospital! Claro que vou! Obrigado, mesmo!

 

 
Zacarias e Aristides, os irmãos Fratelli, eram dançarinos na boate "Sopra Gajas", e haviam convidado o seu amigo Ambrósio para passar o Ano na sua quinta do Iparacuti, Rio Grande do Sul. De fato, se preparava uma grande festa, onde outras estrelas do xou bisnisse já haviam garantido a presença: o grupo de música clássica "Os Pinguins", a cantora Hermengarda, e o duo de mágicos "Odeceixe", entre outros.

 

A relação de Hermengarda com o seu agente Luciano atravessava um período difícil, depois que ela o tinha descoberto com quatro gostosas adolescentes num quarto de motel. Mas era importante manter as aparências, e resolveram ir juntos à festa mais louca do ano. Luciano se havia arrependido de sua actuação fazia tempo, e o fato de não poder tocar o seu amor desde os tempos do Vestibular o havia levado à depressão e ao álcool.

Mas a tragédia estava para acontecer.

Os convivas haviam chegado, e todos começaram a preparar a festa. Na cozinha, Aristides era um ajudante prestável de Deolinda, que preparava uma salada de lagosta com molho Bearnês.
- Tá vendo, Ari, esse momento é fundamental para que tudo resulte em cheio. Você tenta botar a panela em cima da lagosta, e assim que conseguir, tem logo que bater com essa outra no topo para que os ultrasons quebrem a casca e tornem a carne mais macia. Quieta, agora, quieta! Vá lá, seja boazinha e não fuja...
- Você alguma vez tentou cozer a lagosta primeiro? Ou pelo menos matar ela?
- Ai, não, que bobagem! Assim o gosto fica retido no animal, tá vendo? Confia em mim!
Fagundes compunha a mesa das bebidas, mas um pensamento o perseguia. Um pensamento terrível, que o estava alienando do ambiente festivo onde se encontrava...
- Será? Será que antes do Bigue Bangue os neutrinos haviam se carregado de isótopos, desencadeando o processo? Não, não é possível! E quem foi que abriu essa garrafa de Gingerreile?
Entretanto, Eusébio era também assaltado por uma dúvida fundamental: chegaria tão pouca bebida para todo essa galera?

A festa se iniciou verdadeiramente depois da tradicional foto de família, quando os Pinguins resolveram improvisar uma valsa de Bitovein, cantando à capela. Bem, aquilo era tão bom que capela não chega, o grupo verdadeiramente cantou à catedral!. Foi um sucesso estrondoso. E o mote estava dado: todo o mundo festejava, bebia, dançava.

Os irmão Fratelli se deliciavam com as iguarias que se haviam preparado. Quanto eram gostosas!

Mas a tragédia estava para acontecer.


O ambiente era eufórico. Enquanto uns olhavam incrédulos, outros faziam apostas de quantas garrafas de vodca russa Aristides havia já bebido nos últimos cinco minutos.
No Campeonato Mundial de shots tragados em um minuto ele havia sido segundo, apenas vencido pelo campeão russo, o ex-Presidente Ieltisin.
Gérson conversava amistosamente com Jeremias, rindo do que tinha sido o seu primeiro "encontro".
- Ô cara, vê é se não me confunde outra vez com uma mulata!
- Tem medo, não. O Ambrósio aqui tá sempre atento!
Mas ao que Ambrósio estava verdadeiramente atento era a minissaia de Cremilde enquanto esta dançava um rebolado gostoso.

Luciano era agora um homem desesperado.
Correndo para a porta, suplicou:
- Ô Gardinha, meu chuchu! Não me faça mais sofrer! Abre essa porta, deixa eu entrar, pelamordeDeus!
- Seu cafageste! Tá tão bebum que nem percebeu que sou eu quem está fora de casa!
- Uau, poxa, eu tava mesmo ficando confuso com esse papel pendurado na porta a dizer como sair de casa...
- Sai de minha vida, vá embora. esnif esnif...
- Gardinha, minha moqueca de camarão, chora não, eu amo você, eu só amo você, tudo o mais foi loucura passageira. O que eu fiz só me deixou mas ciente de meu amor incondicional por você. Meu quindim...
- Você me chamou de... meu quindim? Você já não me chamava isso desde... desde... desde aquela noite super romântica em Jaboticaba de Baixo... Meu amor!!! Abre, abre essa porta, que tá vindo um vento frio!
Luciano abriu a porta, e antes que Hermengarda pudesse reagir, correu para ela.

Hermengarda discutia com Felisberto a sutileza estilística de Iran Costa em "O pimpolho", mas aquele retorquia que isso era nada comparado com a acutilância de Netinho em "Ó Mila - mil e uma noites de amor com você". Luciano, toldado pela bebida, entendeu isso como uma proposta indecente e tentou tirar desforço de Felisberto. Embora o equívoco fosse depressa esclarecido, não foi a tempo de evitar que Hermengarda fugisse para longe: a cena de ciúme, esse no seu entender jogo psicológico de seu agente, era mais do que ela podia aguentar.

- Gardinha!

Voltaram abraçados para a festa, e não mais se separaram.

Mas a tragédia estava para acontecer.

Hermengarda e Luciano estavam agora mais unidos e felizes que nunca. Gérson quis ser o primeiro a parabenizar o casal pela reconciliação. Enquanto isso, Aristides sorvia copo atrás de copo, enquanto Henriqueta e Calígula se perguntavam se não seria perigoso estar junto de alguém com tão elevado teor alcoólico no corpo.
- Você já pensou que se alguém acende um isqueiro perto desse cara ele pode explodir numa bola de fogo?
- É mesmo! E essas nódoas são dificilérrimas de tirar!
Zacarias continuava passando pinga pro irmão, não obstante os esforços de Hermengarda, que achava e bem que era já demasiada bebida pra um homem só. Olhando, Gérson repetia consigo mesmo:
- Viche Maria, isso aí não é um homem, é uma barragem!!! Espera um pouco que lhe tenho de preparar o meu coquetel especial.
E assim foi. Depois de uma hora, quando a maior parte dos festejantes exibia visíveis sinais de fadiga por festa tão rija, Gérson presenteou Aristides:
- Isso aí, Ari, é uma mistura especial. É um segredo de família, ciosamente mantido desde há 30 gerações.
- O que é que tem dentro?
- Se eu tô dizendo que é segredo de família, não vou revelar isso por aí, né não, mermão?
- Então se sou seu irmão, cê pode revelar, né não?
- É, cê deve ter razão mesmo. Então é assim:
Cê bota...


Mas a tragédia estava para acontecer.

Durante a noite, um comando terrorista albanês do Cossovo colocou uma bomba junto da piscina da quinta. O engenho deflagrou com inusitada potência, espalhando estilhaços de vidro pela propriedade.

E foi essa aí a tragédia: o dinheirão que o povo teve que gastar com as limpezas e reparações.

FIM


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Peraí! Telenovela para acabar tem que ter casamento!

Tá bom... O duo "Odeceixe" resolveu dar o nó e foi uma festa linda, pronto, acabou, vão trabalhar!

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