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Apresentamos nesta seção 3 contos feitos por alunos do 3° ELT C.

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DE PSICÓLOGO E LOUCO
TODO MUNDO TEM UM POUCO

Por ADJ

ROBERTO

           – Bom dia, Marlene!
           – Bom dia, Dr. Roberto. O Dr. Charles já o está aguardando no consultório.
           – Obrigado, Marlene. Já vou entrar.
           Roberto seguiu pela sala de espera e abriu a porta do consultório ao fundo. Aquele era o ambiente que sempre quisera trabalhar. O lugar passava um ar aconchegante e discreto, o que combinava com o que um consultório psicologia deveria passar. Uma enorme cortina cobria a iluminação direta do sol e fechava grande parte da janela que se estendia por toda aquela parede. Por entre as frestas da cortina, podia-se ver parte dos prédios que compunham a "orla" da Avenida Afonso Pena, no centro de Belo Horizonte.
            Do lado oposto à enorme janela, estava uma parede de troféus. Não os troféus comuns de um adolescente, mas os que indicavam uma vida de trabalho e estudo na área de psicologia: Mestrado, Doutorado, conferências, palestras, diversos cursos, etc., evidências que provavam a competência daquele profissional, uma coisa que verdadeiramente o orgulhava. Em frente à parede de "troféus" estava uma mesa e uma enorme poltrona em couro a qual ele mesmo havia mandado fazer em São Paulo para equipar seu recém formado consultório. Roberto achava que aquela cadeira passava um certo ar de brilhantismo a sua pessoa, não que ele precisasse dela para isso, mas postura é sempre uma coisa bem vinda. Sobre a mesa estavam diversos papéis amontoados, mas que, apesar da aparência de desordem, estavam todos organizados de forma metódica. Em meio a todo este ar profissional, estavam as fotos de sua família, outra parte de sua vida que não poderia se queixar. Sem dúvida era uma pessoa de sorte.
            Deitado sobre o divã estava Charles Wolfgan, o primeiro paciente daquele dia. Wolfgan era o que todo psicólogo chamaria de "um caso interessante". Possuia uma personalidade que tendia a mudar de tempos em tempos. Como conseqüência, sua vida e suas convicções também mudavam, fazendo-o acreditar em suas próprias mentiras. Charles era, sem dúvida, seu paciente preferido. Qual seria a surpresa que traria desta vez?
            Charles fez menção de se levantar, mas Roberto apenas o interrompeu com um "Não se incomode. Pode continuar como está" e seguiu para sua mesa. Reparou em Charles, neste momento, um certo ar de surpresa com relação às suas palavras, mas não preocupou-se em tentar entender, pois teria muito tempo para isso durante as próximas horas de consulta. Roberto, então colocou sua pasta sobre a mesa, moveu-se para trás da mesma e puxou a cadeira, aproximando-a do divã dizendo:
            – Como tem andado, Charles?
            – Muito bem, Roberto. Obrigado por perguntar. E você, o que tem feito depois de nosso último encontro?
            – Nada além do trabalho, ele consome muito a gente.
            – Eu que o diga... Eu que o diga...
            – O trabalho tem o consumido muito, Charles?
            – Ultimamente não estou tendo tempo para mais nada além dele. Acho que isso é o que podemos chamar de consumir muito...
            – Por que? O que tem passado em sua vida profissional? Vamos, diga-me o que aconteceu. – Roberto assumia um ar um tanto superior quando dizia estas primeiras frases que sempre marcavam o início de uma consulta. Esperava com isso descobrir a nova faceta comportamental de Charles. Estava curioso por saber sua "nova profissão".
 
xxxxxxxxxx

CHARLES

            – Bom dia, Marlene!
            – Bom dia, Dr. Charles. Chegou cedo para a consulta com o Dr. Roberto.
            – Detesto deixar alguém esperando.
            – Este é, sem dúvida, um bom hábito. Quer que eu abra a sala para o senhor?
            – Por favor. Poderia servir-me um café, também?
            – Pois não.
            Charles entra na sala. Daquela vez o ambiente não lhe parecia tão bom quanto as tantas outras vezes que esteve ali. Estava meio desnorteado em meio a tanto trabalho por fazer. Estar desnorteado, porém, não era nenhuma diferença de comportamento para Charles Wolfgan, que era uma pessoa que os especialistas chamam de "hiperativa". Não conseguia manter-se quieto por um instante sequer, e sempre encontrava algo para fazer. Naquela manhã, havia decidido ir para o consultório mais cedo para pensar um pouco e se acalmar, mas a primeira coisa que viu à sua frente foi a pilha de fichas de pacientes a serem analisadas. Uma desordem total. Terminou de entrar, pois, até aquele momento, só havia ficado prostrado na porta de entrada, pôs sua pasta embaixo da mesa (um velho hábito que não conseguia perder ) e debruçou-se sobre as pilhas de fichas para organizar.
             A organização era um ponto forte daquele homem. Possuía um método que aprendera com um velho professor, e sempre o seguia. Sempre separava os pacientes pelo tipo da síndrome que possuíam. Assim era mais fácil buscar informações entre as fichas. Os vários montes de papel, foram aos poucos se reduzindo à algumas pilhas, metodicamente organizadas. Enquanto organizava, pensava se não teria sido melhor adquirir um computador, toda sua vida seria facilitada. Mas Charles era uma pessoa que detestava as mudanças, ou melhor, "Não podia confiar a uma máquina estúpida o trabalho de toda a sua vida", para utilizar suas próprias palavras.
             Depois de algum tempo, as pilhas estavam organizadas. O café (um outro vício de Charles), que Marlene havia trazido antes de ele começar a organizar as fichas, já havia acabado. Wolfgan, então, deixou-se deitar sobre o divã e esperar pela sua próxima consulta.
             Depois de alguns minutos a porta se abriu. Certamente não seria agora que Charles poderia descansar e, também certamente, se aquela porta não tivesse se aberto em alguns minutos ele já haveria achado outra coisa para fazer. Entrou, então, Roberto, seu paciente das 9:30. Roberto era um típico caso de mudança de personalidade. Não tinha um comportamento totalmente constante, nem ao menos linear. De tempos em tempos ele mudava completamente sua filosofia de vida, ao ponto de ele mesmo acreditar em suas mentiras. Era o que qualquer psicólogo chamaria de um "caso interessante".
             Roberto entrou a sala, observando tudo a sua volta (como sempre, aliás). E dirigiu-se para a direção da mesa e do divã. Charles começou a se levantar para deixar livre o lugar que, de praxe, era do paciente, mas ouviu apenas um "Não se incomode. Pode continuar como está". Roberto dirigiu-se para a mesa, pôs sua pasta sobre a mesma e trouxe a cadeira de couro para perto do divã.
             – Como tem andado, Charles?
             – Muito bem, Roberto. Obrigado por perguntar. – Charles respondeu, ainda meio sem entender o que se passava na cabeça de seu paciente – E você, o que tem feito depois de nosso último encontro?
             – Nada além do trabalho, ele consome muito a gente.
             – Eu que o diga... Eu que o diga...
             – O trabalho tem o consumido muito, Charles?
             – Ultimamente não estou tendo tempo para mais nada além dele. Acho que isso é o que podemos chamar de consumir muito... – Novamente Wolfgan não entendia o que se passava.
             – Por que? O que tem passado em sua vida profissional? Vamos, diga-me o que aconteceu.
             Desta vez, Charles deixou-se somente prostrar e esperar para ver qual a nova profissão de seu paciente. Com certeza aquela seria uma manhã interessante.

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