Boletim Mensal * Ano V * Fevereiro de 2007 * Número 47

           

COLUNA DOS VINHOS

Ivo Amaral Junior

 

Compadres acadêmicos, continuando o artigo anterior, quando prometi falar sobre a minha viagem a Portugal, passarei a falar mais objetivamente, com o fito de não perder o fio da meada e esquecer algum detalhe importante, apesar da marca indelével que está na minha memória.
        Após Porto e Gaia e o tour gastronômico, parti para Vila do Conde e Povoa do Varzim, cidades vizinhas tal qual Recife e Olinda (em Vila do Conde achei uma bandeira de Olinda no portal de entrada, mostrando que são cidades irmãs), onde logo me maravilhei com os aquedutos da primeira e o casario histórico da segunda, com mirantes muito belos e o rio a entrecortar suas casas. Além disso, por serem cidades a beira do mar, e para minha grata surpresa, dava para sentir o cheiro de sardinhas sendo assadas. Eça de Queiroz deve ter se inspirado por lá.
        Com o tempo curto, parti para Viana do Castelo, onde conheci as ruínas dos Druidas (citânia) e a igreja de Santa Luzia, a paisagem é tudo de belo... Valeu a pena superar a altura até o domo.
        Já em Barcelos tirei fotografias e comprei vários galos de tamanhos variados, parti para o restaurante Bagoeira e lá pedi rojões de porco (miúdos e carnes misturados), o qual acompanhei com um vinho verde (não podia deixar de ser!), chamado Conde de Barcelos, o qual estava excelente. Ligeiramente, tanto quanto os rojões me permitiram, fui a Braga, onde finalizei o dia comendo quindins e doces portugueses (trouxa de ovos entre eles) que me deixaram extasiado, conjuntamente com os museus, os azulejos, as casas, as belas igrejas góticas, renascentistas e barrocas (destaco a Sé catedral), além das praças e jardins (jardim de Santa Bárbara). Ah! Isso tudo regado a um bom vinho do Minho, ora pois... Em Guimarães a beleza também saltava aos olhos, pequenas praças incrustadas no centro da cidade e o Castelo de lá são inesquecíveis.
        Após fui a Fátima, o que muito me emocionou, não só pelo fato de ser católico, mas pela beleza do local e pela paz que aquele ambiente transmitiu; é um lugar de contemplação e oração, onde aproveitei para pedir uma benção aos meus familiares e amigos. Evidentemente acendi uma vela... No mesmo dia contemplei o Mosteiro de Batalha, portanto, foi um dia religioso, que pediu... vinho, oh pá! Com tinto, acompanhado do vinho Duas Quintas.
        Na universitária Coimbra, a sobremesa, invariavelmente, era Pastel Santa Clara e a bela visão dos mosteiros e da universidade, sem falar na visita a Portugal dos Pequeninos, onde existem réplicas da maioria dos mais famosos prédios históricos portugueses. Não posso deixar de fazer menção ao fado de Coimbra, o qual tive a oportunidade de ouvir na Capela, local que é misto de igreja e teatro, o qual decantava o Mondego e os amores lá vividos de uma forma melancólica e dramática ao extremo, num fatalismo trágico mais do que latente (desculpe a intromissão no assunto Prof. Alfredo Antunes!), que me levou a tomar uma garrafa de vinho Quinta da Terrugem 2001, só para conseguir me levantar da cadeira. O destino estava a minha espera...
        Espantando a angústia e, para manter a tradição de tomar os vinhos locais, fui a Cantanhede, terra do meu sogro, onde na casa da prima dele adorei um frango na púcara no forno a lenha que há em casa e, da mesma forma, o pão e o vinho (tomei uma jarra) da quinta que eles têm. A família portuguesa recebe muito bem! Tia Lourdes, Milu, Andréia e Carlos nos receberam com bolo de Natal e vinho do Porto e fecharam a refeição com queijos de cabra e vaca, os quais comi até quase estourar.
        Inexplicavelmente para uma pessoa “normal”, fui no mesmo dia na Mealhada provar o leitão a moda da bairrada, no Constantino dos leitões, tomando o vinho branco da casa (da Bairrada, evidente!). O nome do vinho... Bem, não se pode exigir demais depois desse pantagruélico dia.
        Passeando e admirando as estradas nacionais (não estou falando das auto estradas) pude ver a beleza das quintas, dos quintais de casa todos plantados com couve (daí a quantidade de caldo verde que tomei – com azeite e vinho em profusão), laranjas, olivais e parreirais e cheguei em Leiria, onde visitei o belo Castelo.
        Uma paisagem diferente foi em Nazaré, onde paramos para comer sardinhas, na orla, com um vinho branco Pêra Manca (estupendo!) e, para sobremesa, passei em Alfeizerão, onde me deliciei com o famoso pão-de-ló local e vinho do Porto. Em Óbidos, as muralhas, o casario, o artesanato, o chocolate e a ginjinha chamaram a atenção.
        Em Cascais e Estoril, o Casino e a riqueza das casas foi o ponto forte. No Mirante da Boca do Inferno, os restaurantes pareciam interessantes, mas o curto tempo que dispunha pregou uma boa peça, pois comemos um bacalhau a moda da casa, no Pátio Garret, em Sintra, no caminho do extraordinário Palácio da Pena, junto a um tinto (todos da casa são bons), que me deixaram com vontade de ficar por lá... Deitado numa rede...
        Bem, para a próxima edição resta Lisboa e sua vida cosmopolita, seus bairros boêmios e históricos, sua tradição e culinária, até lá!
 

 

 

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