EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA FORMA DE

INCLUSÃO DO DEFICIENTE VISUAL À

EDUCAÇÃO SUPERIOR

José Oscar Fontanini de Carvalho

Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUC-Campinas

[email protected]

 

Beatriz Mascia Daltrini

Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP

[email protected]

RESUMO

 

Este trabalho apresenta uma análise, sob o enfoque sistêmico,do

problema da acessibilidade do deficiente visual à Educação

Superior, permitindo, como resultado, propor a Educação a Distância

como uma alternativa viável para minimizar tal problema.

 

1 – Introdução

O objetivo deste trabalho é propor a Educação a Distância (EAD) como

uma alternativa viável para minimizar as barreiras do acesso do deficiente

visual (DV) à Educação Superior (Carvalho, 2001).

Os autores deste trabalho, oriundos da área de tecnologia, analisam o

problema da acessibilidade do DV à Educação Superior sob um enfoque

sistêmico, proporcionando uma visão não usual do mesmo, permitindo

conclusões e sugestões que levam à proposta aqui apresentada.

TOPO

2 – O acesso do Deficiente Visual ao Ensino Superior

Para um aprofundamento dos aspectos envolvidos no tema “acesso do

deficiente visual ao Ensino Superior”, pode-se valer da abordagem

sistêmica para uma análise ndo Sistema de Acesso

do Deficiente Visual ao Ensino Superior - SADVES.

SISTEMA DE ACESSO DO DEFICIENTE VISUAL AO ENSINO

SUPERIOR.

SUBSISTEMA

ENSINO

SUPERIOR

SUBSISTEMA

DEFICIENTE VISUAL

BARREIRA DA ACEITAÇÃO

BARREIRA DA APRENDIZAGEM

BARREIRA DA COMUNICAÇÃO

BARREIRA DO ESPAÇO

ACESSIBILIDADE

Um sistema é definido como um conjunto de elementos dinamicamente

relacionados, formando uma atividade para atingir um objetivo, operando

sobre dados, energia e/ou matéria (Chiavenato, 1987).

No caso do SADVES, temos dois grandes subsistemas que o compõem:

o Subsistema Deficiente Visual (SDV), composto pelo sujeito DV, e o

Subsistema Ensino Superior (SES), composto pelo sistema educacional

superior.

A eficácia da inter-relação entre os subsistemas reflete no atendimento

do objetivo do sistema.

Existem barreiras que devem ser superadas para que a interação eficaz

entre os dois subsistemas seja conseguida.

As principais barreiras são: aceitação, comunicação, espaço e

aprendizagem.

Pode-se dizer que a eliminação, ou não, destas barreiras, vai aumentar

ou diminuir o que se denomina acessibilidade.

A completa interação entre os dois sistemas, ou seja, a quebra das

barreiras, pode ser efetuada de duas formas:

· Forma 1 de quebra de barreira - Modificando os procedimentos e a

estrutura de um ou dos dois subsistemas, para que possam se adaptar às

suas necessidades, sem modificar os seus objetivos.

· Forma 2 de quebra de barreira - Adotando interfaces que adaptem a

saída de um subsistema à entrada do outro, sem que haja necessidade

de modificação, ou havendo apenas uma modificação mínima dos

mesmos.

A primeira forma de quebra de barreira exigirá maior esforço dos

subsistemas, porém, apresenta uma conotação maior de integração.

Nenhuma das duas formas pode ser considerada a mais indicada ou

suficiente, exigindo que as duas formas atuem de maneira complementar.

 TOPO

2.1 – Barreira da aceitação

· Característica:

A barreira da aceitação é caracterizada pela dificuldade do SDV em ser

aceito pelo SES.

· Solução de acessibilidade:

Uma solução para a plena aceitação do SDV pelo SES é a inclusão

(Sassaki 1997).

A aceitação compreende diferentes graus. Tal conceito tem as

características da forma 1 de quebra de barreira, ou seja, quanto maior

for o grau de aceitação a ser oferecido por um subsistema

em relação ao outro, maior deverá ser a modificação nas suas estruturas

 para a adaptação.

 TOPO

2.2 – Barreira da comunicação

· Característica:

A barreira da comunicação é caracterizada pela dificuldade do SDV em acessar o conteúdo

educacional oferecido pelo SES e de se comunicar com seus colegas e docentes.

· Solução de acessibilidade:

Para minimizar estas dificuldades, soluções como o desenvolvimento de

formato específico de material didático e apoio de monitoria para o SDV,

assim como a utilização de tecnologia especial de acesso à informação

pelo SDV, podem ser adotadas. São complementares a

estas indicações, adaptações no ambiente físico, como a iluminação

adequada.

As soluções de acessibilidade apresentadas para a barreira da

comunicação têm as características da forma 2 de quebra de barreira,

agindo mais na interface entre os dois subsistemas, evitando grandes

alterações estruturais dos mesmos.

 TOPO

2.3 – Barreira do espaço

· Característica:

A barreira do espaço é caracterizada pela dificuldade do SDV em se

deslocar para e no local onde fica situado o SES.

· Solução de acessibilidade:

Para minimizar estas dificuldades, soluções como a utilização de

recursos de mobilidade e o oferecimento, pelo SES, de EAD, podem

ser adotadas.

O oferecimento pelo SES de EAD, faz com que o SDV se sinta

independente dos nproblemas envolvidos com o seu deslocamento.

É claro que, do ponto de vista da inclusão, a solução de recursos de

mobilidade é a mais completa, porém, levando em conta as dificuldades

encontradas nesta solução, a solução da EAD deve ser seriamente

considerada.

As soluções de acessibilidade apresentadas para a barreira do espaço

têm as características da forma 1 de quebra de barreira, exigindo

modificações estruturais, tanto nos dois subsistemas

envolvidos, como no seu meio ambiente.

 TOPO

2.4 – Barreira da aprendizagem

· Característica:

A barreira da aprendizagem é caracterizada pela dificuldade, que pode

 ser apresentada pelo SDV, em aprender o que é ensinado pelo SES,

devido à sua limitação sensorial.

· Solução de acessibilidade:

Para minimizar as dificuldades da barreira da aprendizagem

(Fonseca 1995), há a necessidade do entendimento pelo SES das

dificuldades de aprendizagem apresentadas pelo SDV, resultando no

desenvolvimento conjunto de métodos, estratégias, técnicas e materiais

especiais de aprendizagem para o SDV.

A EAD pode contribuir, de maneira significativa, para minimizar a barreira

da aprendizagem, quando oferecida de forma assíncrona, permitindo ao

SDV o acompanhamento do curso no seu próprio ritmo.

As soluções de acessibilidade apresentadas para a barreira da

aprendizagem têm as características da forma 1 de quebra de barreira,

exigindo modificações estruturais nos dois subsistemas envolvidos.

TOPO

2.5 – A melhor solução de acessibilidade

Não existe a melhor solução para uma completa acessibilidade do SDV

ao SES.

Uma das soluções de acessibilidade apresentadas para reduzir a barreira

do espaço é a EAD.

Levando em consideração a crescente opção pelo oferecimento deste

sistema de Educação no meio acadêmico internacional e a sua proposta

de levar a educação aos excluídos da mesma, torna-se legítimo destacar

tal solução entre as demais.

Uma importante característica da EAD é a adoção de tecnologias que

permitem uma maior flexibilidade na apresentação de conteúdo, podendo

ser interpretadas pelo DV, através de dispositivos de interação especiais.

Estas características envolvem três das soluções de acessibilidade

apontadas neste trabalho, que são: formato específico de material

didático, tecnologia de acesso à informação voltada para o DV e a

própria EAD.

Apresenta-se, neste caso, uma grande independência do DV no acesso

ao Ensino Superior, uma vez que a barreira do espaço e a barreira da

comunicação ficam minimizadas.

Restam duas, a da aprendizagem e a da aceitação.

A barreira da aprendizagem pode ser minimizada com formato de material

didático adequado ao acesso do DV, através dos dispositivos de interação

disponíveis.

Caso se ofereça a EAD de forma assíncrona, aumenta ainda mais as

facilidades ao SDV que pode acompanhar o

curso no seu próprio ritmo.

A barreira da aceitação é ultrapassada, uma vez que o aluno DV a

distância passa a ser N visto como outro aluno qualquer pelo sistema.

Finalmente, devem ser consideradas restrições institucionais.

Tais restrições, também, oferecem uma barreira ao acesso do aluno com deficiência ao Ensino Superior, conforme aponta

Ramanujam (1999).

Levando em consideração o acima apontado, este trabalho sugere o

ponto de vista de que a solução da EAD somada à da tecnologia de

acesso à informação voltada para o DV, é uma alternativa viável para

eliminar as barreiras do acesso do DV ao Ensino Superior, permitindo-lhe

uma maior independência.

 TOPO

3 – Conclusões

A análise sistêmica do acesso do DV ao Ensino Superior possibilita

uma visão da acessibilidade, e de suas implicações, de maneira não

usual, conforme a apresentada na literatura sobre o assunto,permitindo

conclusões e sugestões de solução para o problema.

Esta é a grande contribuição deste trabalho.

Como resultado da análise sistêmica, são apresentados, no trabalho,os

conceitos de barreiras a serem superadas para que a interação entre os

subsistemas Deficiente Visual e Ensino Superior aconteça.

A análise permite, também, a apresentação de sugestões de soluções

para a eliminação das barreiras e conseqüente aumento de acessibilidade

entre os subsistemas Deficiente Visual e Ensino Superior.

Finalmente, deve-se destacar a sugestão da EAD somada à da tecnologia

de acesso à informação voltada para o DV, como uma alternativa viável

para diminuir as barreiras do acesso do DV ao Ensino Superior.


4 – Referências bibliográficas

Carvalho, José Oscar Fontanini de. Soluções tecnológicas para

viabilizar o acesso do deficiente visual à Educação a Distância no

Ensino Superior. Tese de Doutorado, Faculdade de Engenharia Elétrica

e de Computação, Unicamp, Brasil. 2001.

Internet URL: http://www.ii.puc-campinas.br/oscar

Chiavenato, Idalberto. Teoria geral da Administração. S. Paulo, SP,

McGraw-Hill, Vol. II, 3a. ed, 1987. ISBN 0-07-450067-8.

 

Fonseca, Vítor da. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem.

Porto Alegre, Editora Artes Médicas, 2. ed., 1995. ISBN 85-7307-086-2.

 

Ramanujam, Perumalsamy R. Opening Distance Education to People

with Disabilities: The Need to Break Institutional Barriers. Proceedings

of The 19th ICDE World Conference on Open

Learning and Distance Education. Viena, Austria, June, 1999.

 

Sassaki, Romeu Kazumi. Inclusão: Construindo uma Sociedade para

Todos. Rio de Janeiro, RJ, WVA Editora e Distribuidora Ltda., 1997.

ISBN 85-85644-11-7.

 

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