LÉXICO GUARANÍ, DIALETO MBYÁ:
versão para fins acadêmicos

Dicionário Guarani

Índice

INTRODUÇÃO

1. Informações gerais

Este léxico, na sua versão atual, visa fornecer informações técnicas, científicas para o mundo acadêmico e outras pessoas interessadas, sobre o dialeto Mbyá da língua Guaraní, como ele é atualmente falado no Brasil. Ele inclui, portanto, referências a trabalhos científicos sobre a língua e cultura Guaraní, cita formas reconstruídas através de estudos históricos, e usa certos termos técnicos nas suas descrições. Uma outra versão, orientada por um grupo de professores Guaraní e sendo editada pelo Secretaria do Estado de Educação do Paraná com o patrocínio do Ministério de Educação e Desportes (MEC), tem a finalidade de ajudar jovens Guarani que estão estudando português na escola, ou que querem saber mais sobre a sua própria língua. Esta versão não inclui informações técnicas, formas históricas, ou referências a obras científicas. Ambas as versões poderiam ser usadas por falantes do português que queiram conhecer, e até aprender a falar, o Guaraní.

Ambas são baseadas no Vocabulário Básico de Mbyá Guaraní, da autoria do organizador do presente volume, obra elaborada com base nos dados colhidos junto à comunidade indígena Mbyá no Posto Indígena Rio das Cobras, Paraná. Tanto a versão atual, como a versão para alunos Guaraní, incluem um grande número de acréscimos, inclusive os do dialeto Nhandéva do norte e oeste do Paraná, e ainda outros de subfalares regionais, como, por exemplo, do litoral paulista e fluminense, muitos deles contribuídos pelos participantes no Curso de Capacitação em Língua Guarani (Curitiba, 12-16/5/97). Mesmo nesta versão para fins acadêmicos, as palavras e exemplos ilustrativos são escritos na ortografia que atualmente vem sendo usada pelos Guaraní, em vez de serem representados por símbolos fonêmicos ou fonéticos. Desse modo, os usuários têm acesso tanto à forma escrita comum, como a uma chave para transcrições fonológicas e fonéticas, que podem ser feitas através de uma descrição na seção 2 desta Introdução. A ortografia aqui apresentada reflete modificações adotadas pelos participantes no curso referido acima.

Além desta Introdução, a obra compõe-se de duas partes principais: a primeira, o Léxico Guarani-Português, contém informações detalhadas sobre palavras Guaraní, até os menores morfemas; a segunda, o Índice Português-Guarani, apenas aponta ao leitor um ou mais verbetes na primeira parte, para maiores explicações.

A família lingüística Tupí-Guaraní é uma das mais extensas da América do Sul, abrangendo, segundo o Prof. Aryon Rodrigues, mais de 50 línguas atuais e distintas (veja A. Rodrigues 1984/85 e A. Rodrigues 1987, na lista de Referências na seção 7 desta Introdução). Dessa família, as línguas mais conhecidas são o Tupí antigo (Tupinambá) e o Guaraní. Do Tupí antigo a continuação atual é o Nhe#ngatu (Tupí moderno), falado na Amazônia. Atualmente, o Guaraní é falado no Paraguai (onde o dialeto ou língua Guaraní mais comum é conhecido como Avañeém ou Guaraní moderno, designada, junto com o espanhol, como uma língua nacional do país) e também na Argentina, Bolívia e Brasil. Em cada um desses países existem vários dialetos. No Brasil, há três: Kaiwá, Nhandéva (Apapokúva) e Mbyá, além de Avañeém, falado na faixa fronteiriça com o Paraguai.

As características mais abrangentes das línguas Tupí-Guaraní são resumidas por Rodrigues da seguinte maneira: "Em seu aspecto exterior, isto é, fonético, é uma língua bastante harmoniosa, graças ao perfeito equilíbrio entre vogais e consoantes. Sua constituição interna apresenta um sistema morfológico algo complexo, mas muito coerente. A sintaxe, também complexa, permite relativa liberdade de expressão. A possibilidade de formar compostos e derivados com grande facilidade garante fácil e espontânea manifestação do pensamento" (A. Rodrigues 1951a:50). As línguas dessa família são aglutinantes, isto é, caracterizadas por palavras compostas de uma seqüência de unidades lexicais (morfemas), sem muita fusão entre si, cada parte dando sua contribuição ao significado do todo. Na locução substantiva ocorrem, antes do substantivo principal, elementos tais como determinante (kova'e oo ‘esta casa’), substantivo possessivo (João ro ‘a casa de João’) e número (moko$ oo ‘duas casas’); ocorrem, após o substantivo principal, elementos como adjetivo (oo porã ‘casa bonita’) e oração nominalizada (oo iporã vaipa va'e ‘casa que é muito bonita’). Encontram-se posposições (oo py ‘na casa’) em vez de preposições, e uma grande variedade de nominalizações. A flexão de tempo ocorre nos substantivos, e nos verbos apenas através de nominalização. Nos dialetos Mbyá e Nhandéva, a ordem básica dos elementos em orações independentes é sujeito, verbo, objeto, mas há muita variação decorrente, em sua maior parte, de fatores discursivos. Esses mesmos fatores influenciam o posicionamento de partículas átonas, que compõem uma extensa classe.

 

2. Fonologia e ortografia

Apresentamos aqui uma breve descrição sobre a fonologia Guaraní em relação à sua representação ortográfica, abrangendo seus fonemas, a nasalização, a tonicidade, as sílabas, a influência da língua portuguesa sobre a ortografia e a ordem alfabética. Referências a trabalhos sobre a fonologia Guaraní se encontram na seção 7 desta Introdução.

a.  O Guaraní tem quinze fonemas consoantes e seis vogais:

Consoantes Símbolos
ortográficos
Ambientes Sons semelhantes
/p/ p todos pular
/t/ t todos tocar
/k/ k todos cair
/kw/ ku todos quando
/m/ mb antes de vogais orais lombo
  m antes de vogais nasais ou nasalizadas mês
/n/ nd antes de vogais orais andar
  n antes de vogais nasais ou nasalizadas não
/N / ng antes de vogais orais longo
    antes de vogais nasais ou nasalizadas manga
/N w/ gu inicial na palavra, antes de vogais orais ungüento
    medial na palavra, antes de vogais orais água
    antes de vogais nasais ou nasalizadas long way (inglês)
/g/ g todos logo
/B / v geralmente antes de /e/, /i/ vela
    geralmente antes de /a/, /o/, /u/, /® / woman (inglês)
/R / r todos agora
/ø / j antes de vogais orais dia (carioca)
  nh antes de vogais nasais ou nasalizadas ninho
/ts/ x geralmente antes de /a/, /e/, /i/ pizza
    geralmente antes de /o/, /u/, /® / tchau
/? / '(oclusão glotal) todos arco-íris (em fala devagar)
/h/ h inicial na palavra rua

A consoante /g/ ocorre em pouquíssimas palavras, a maioria delas empréstimos. O /h/ não constava no dialeto Nhandéva antigo (veja, por exemplo, Nimuendaju (Unkel) 1987 e Dooley 1991b na seção 7 desta Introdução); mesmo no dialeto Mbyá, ele tem uma função fonológica muito restrita, embora tendo um papel morfológico importante.

 

 

Vogais Símbolos
ortográficos
Ambientes Sons semelhantes
/a/ a oral pá
  a ou ã nasal ou nasalizado manhã
/e/ e oral qué
  e ou # nasal ou nasalizado quem
/i/ i oral grilo
  i ou $ nasal ou nasalizado brincar
/o/ o oral e não final na palavra avô
    oral e final na palavra pó
  o ou õ nasal ou nasalizado e não final na palavra vontade
    nasal ou nasalizado e final na palavra champ (francês)
/u/ u oral cru
  u ou % nasal ou nasalizado unha
/® / y oral com a boca e língua formadas como se fosse pronunciar i, mas pronunciar u  
  y ou þ nasal ou nasalizado mamãe

Além das vogais, existem semivogais i, o e u que ocorrem em ditongos decrescentes, isto é, após uma vogal silábica, como o i do português pai e feito. Dessa maneira, o i combina com todas as demais vogais em determinados ambientes: ou após uma fronteira de morfema ou em posição final de certas palavras. A ocorrência das vogais o e u é bem mais rara. Para vogais nasais ou nasalizadas, o tilde [til] é escrito apenas quando não há outro indicador da nasalização. Isso se explica em seção 2.b, a seguir.

b.   A nasalização determina variantes de fonemas, tanto consoantes como vogais. Em Guaraní, a nasalização é predominantemente regressiva, isto é, ela se estende aos sons que a precedem. Importa saber, então, como começa e termina este fenômeno e como se indica na ortografia.

A nasalização começa com as chamadas vogais ou consoantes nasais. Uma vogal nasal ocorre em posição final de determinadas raízes; qualquer das seis vogais pode funcionar como vogal nasal, conforme a raiz. Existem três consoantes nasais: /m/, /n/ e /N/; estas funcionam assim independentemente do seu ambiente lexical e representação ortográfica, que pode ser mb, m, nd, n, ou ng. Tanto consoantes nasais como vogais nasais dão início ao processo da nasalização regressiva.

Chamamos de segmentos (vogais, consoantes) nasalizados os que são nasalizados através do processo de nasalização regressiva. Tanto vogais como consoantes podem ocorrer em forma oral ou nasalizada. Até as consoantes nasais /m/ e /n/ podem existir tanto em forma oral (representada mb ou nd) como em forma nasalizada (m ou n). Outra consoante, /ø /, também tem representação ortográfica distinta em forma oral (j), em contraste com a sua forma nasal (nh). A nasalização de outros segmentos não é indicada na ortografia.

Uma vogal nasal é assinalada pelo til, a não ser que seja precedida, na mesma sílaba, por uma consoante cuja forma ortográfica indique que é nasalizada. Assim, as vogais finais nas seguintes palavras são nasais: oinupã ‘bateu nele’, onhemi ‘escondeu-se’, omano ‘morreu’, anha ‘corri’ ou ‘demônio’, enquanto as vogais finais não são nasais em oa'anga ‘experimentou-o’, omombo ‘jogou-o’, omondo ‘enviou-o’, oeja ‘deixou-o’. (Todos esses verbos se apresentam aqui com uma tradução no tempo passado e no singular, embora, no Guaraní, o tempo e o número, na terceira pessoa, não fazem parte da flexão verbal.)

A nasalização regressiva, portanto, resume-se da seguinte maneira: dentro de uma palavra, um segmento que precede um segmento nasal é nasalizado e um segmento que precede um segmento nasalizado, é também nasalizado. Nota-se que certas consoantes (/p/, /t/, /k/, /kw/ (o dígrafo ku), /c/ (a letra x), /? / (a letra '), /h/) podem ser "nasalizadas" neste sentido formal, sem serem modificadas perceptivelmente. Até nas vogais, o efeito audível de nasalização varia de forte a leve, dependendo do ambiente fonológico.

A nasalização regressiva, seja como for que comece, termina somente quando se encontra no começo da palavra ou, de regra geral, no fim de uma raiz encaixada na mesma. A primeira possibilidade é ilustrada na palavra anho# ‘derramei’ em que a nasalização, iniciada pela vogal nasal #, continua em toda a palavra no sentido regressivo. A segunda possibilidade é ilustrada em aijyryvi kyx$ ‘cortei a garganta dele’, que se constitui numa única palavra tanto no sentido fonológico como no gramatical; a nasalização não atinge a raiz jyryvi ‘garganta’ nem os sufixos flexionais ai- que a precedem. Aliás, existem casos em que a nasalização regressiva atinge uma raiz oral, encaixada numa palavra como, por exemplo, yakã ‘rio’ (lit., ‘água cabeça’), no qual a raiz y ‘água’ é nasalizada em consequência da nasalização de akã ‘cabeça’. Podemos pensar na raiz y como sendo, neste caso, tão estreitamente ligada ao que segue (akã) que, quanto à nasalização, perde a sua independência fonológica.

Existe também a nasalização progressiva. Esta não é tão comum quanto a regressiva, pois afeta somente alguns sufixos verbais: no verbo anhotþ'i ‘plantei um pouco’, o sufixo -'i ‘diminutivo’ é nasalizado progressivamente por seguir a vogal nasal ã, embora a nasalização do sufixo não seja indicada na ortografia.

c.  Em português, as palavras polissilábicas são geralmente paroxítonas, enquanto, em Guaraní, a norma é que sejam oxítonas: yy ‘água’, haku ‘quente’ (nesta seção 2.c., as sílabas tônicas estão sublinadas). Aliás, a tonicidade em Guaraní funciona a nível de locução em vez de palavra, sendo a locução geralmente oxítona: compare yy ‘água’ como locução inteira com a locução yy aku ‘água quente’. Se, porém, a última palavra da locução for átona, então a sílaba tônica ocorrerá antes: yy aku py ‘em água quente’ (a posposição py ‘em’ é átona).

Os Guaraní estão atualmente colocando o acento agudo em palavras paroxítonas, como no ára ‘dia’. No léxico, as palavras átonas são assinaladas por anotações específicas. Ditongos também são anotados nos verbetes, sem serem assinalados na ortografia. No caso de ditongos decrescentes nasais, isso implica que o til se escreve em cima da semivogal e não na vogal tônica: tamo$ ‘avô’, que contém o ditongo -i.

d.  A estrutura padrão das sílabas é bem simples: vogal única ou consoante seguida por vogal. Deve-se lembrar, porém, que algumas consoantes são dígrafas, como ku, mb, nd, ng, gu, nh; a letra u em gu e ku, quando seguida por vogal, faz parte do dígrafo consoantal: -ogue ‘folha’, kua ‘buraco’. Lembre-se também que os ditongos vogais desempenham o papel de vogal única: varai ‘cesta’, pronunciada com ditongo decrescente: varái.

A estrutura silábica padrão implica na ausência de consonantes finais na palavra (estas se encontram em certas outras línguas da família Tupí-Guaraní) e também na ausência de consoantes justapostas. Existem, porém, casos de contração que fogem ao padrão silábico, nos quais se encontram duas consonantes juntas, devido à perda de vogais. Assim, encontramos ha'vy ‘então’, contração de ha'e ‘pronome anafórico da 3ª pessoa’ mais vy ‘mesmo sujeito’; ta'vy ‘expressão de descontentamento’, de tu ‘indicador de intensidade e até brusquidão’ mais ha'vy; e 'rã ‘futuro’, de va'e ‘nominalizador’ mais -‘futuro’. Nestas contrações, achamos a oclusão glotal ' junto a outra consonante.

e.  A influência da língua portuguesa na ortografia Guaraní é vista, não somente no uso de dígrafos para certos fonemas em vez de símbolos únicos (como ng, gu), como também no fato de que três das consoantes em Guaraní possuem cada uma duas representações ortográficas (/m/ com mb e m, /n/ com nd e n, /ø / com j e nh). Por um lado, isto facilita a transição ao Guaraní para os que já conhecem o português (e vice-versa); salientamos que a ortografia atual é decorrente da preferência de escritores Guaraní. Por outro lado, isso complica a forma ortográfica de vários prefixos; por exemplo, o prefixo reflexivo verbal tem representação fonêmica única /ø e/-, mas na ortografia, e portanto neste léxico, este prefixo tem duas chamadas "variantes": je- e nhe-. São variantes apenas quanto à fonética e ortografia, mas não na fonologia da língua.

f.  Outra consequência do emprego da ortografia prática neste léxico é a ordem alfabética dos verbetes. Esta é baseada somente nos símbolos (letras) aparentes, sem levar em conta os fonemas representados, seguindo o modelo dos dicionários em português. Emprega-se, pois, a seguinte sequência: a, b, d, e, g, h, i, j, k, m, n, o, p, r, t, u, v, x, y, '.

A única exceção a esta sequência é o símbolo da oclusão glotal ('), o qual, ocorrendo em posição inicial de um verbete, quase não entra na ordenação. Assim, 'y ‘cabo, haste’ segue þ ‘Ah!’ mas precede ya ‘salto, barco’. Essa exceção foi admitida pelo fato de que até os próprios Guaraní muitas vezes não pronunciam, muito menos escrevem, a oclusão glotal inicial na locução. Por isso, nos exemplos ilustrativos, não se escreve em posição inicial de frase ou locução, nem inicial na palavra, a menos que seja comumente escrita pelos Guaraní. Porém, visto que uma oclusão glotal inicial pode determinar a forma de prefixos, e é escrita quando ocorrer prefixo anterior, é registrada em todo vocábulo a ser definido. Assim, por exemplo, oja (-'oja) indica que oja ‘panela’ é escrito com a oclusão glotal inicial (') quando precedido por outro morfema.

g. Substantivos compostos compõem duas raízes sem o sentido de posse. Geralmente, são escritos com o hifen: jaxy-tata ‘estrela’ (lit., lua-fogo). Quando, porém, uma das raízes (ou ambas) perde a sua independência fonológica, as duas são escritas juntas, sem hífen ou espaço: yakã ‘rio’ (lit., ‘água cabeça’); veja na seção 2.b. acima.

h. Quanto à divisão em palavras, as seguintes normas servem de regra geral (aqui, a sublinhação indica o elemento referido):

Elementos escritos à parte, separados do radical por espaço, compõem os seguintes:
- elementos átonos (javy ju ‘levantámo-nos de novo’);
- sufixos e modificadores pospostos, de duaas ou mais sílabas (avy porã ‘me levantei bem’);
- outros radicais, já que não haja perda dee independência fonológica em nenhum radical (mboi pytã ‘cobra coral’, lit., ‘cobra vermelha ou pintada’).

Elementos escritos junto ao radical, sem espaço, são os seguintes:
- prefixos (jaguapy &##145;sentamo-nos’);
- sufixos e modificadores pospostos, sendo tônicos e monossilábicos (javypa ‘todos levantamo-nos’;
- outros radicais onde há perda da independdência fonológica em um ou outro (yakã ‘rio’, no qual os substantivos y ‘água’ akã ‘cabeça’ se encontram unidos fonologicamente pelo processo de lexicalização).

 

3. Classes de palavras e funções sintáticas

Quanto à parte gramatical, trata-se aqui de apenas dois assuntos que são mais estreitamente ligados às informações incluídas no léxico: classes de palavras e funções sintáticas (seção 3) e flexão de pessoa e número (seção 4).

Em Guaraní Mbyá, constam as seguintes classes de palavras: verbo, substantivo, pronome, número, adjetivo, advérbio, pos-determinante, posposição, conjunção, interjeição, resposta, onomatopéia e partícula livre. Várias destes classes têm subclasses; por exemplo, os pronomes demonstrativos compõem uma subclasse dos pronomes. Neste léxico, todo verbete é identificado por pertencer a uma destes classes ou subclasses.

É importante distinguir classe de palavras e função sintática. A classe dos substantivos, por exemplo, tem como função sintática principal a de servir de termo de oração. Mas um substantivo como -a'y ‘filho’ pode desempenhar, não apenas esta função principal (xera'y imba'eaxy oiny ‘meu filho jaz doente’), mas também a função de predicado (xeru ma ta'y reta va'e ‘meu pai tem muitos filhos’). Às vezes, uma subclasse tem função gramatical que a classe não tem em geral. Os pronomes têm como função principal a de servir de termo de oração em lugar de substantivo, mas a subclasse de pronomes demonstrativos, como kova'e ‘isto’, tem a função adicional de servir de determinante (um tipo de modificador), em locuções substantivas (kova'e oo ‘esta casa’). Tudo isto ocorre em toda língua, mas certas línguas parecem ter correspondência mais estreita entre classe e função; em português, por exemplo, o substantivo não desempenha a função de predicado. Neste léxico, às vezes é incluída informação sobre a função sintática do verbete. A descrição mais ampla de funções sintáticas encontra-se numa gramática da língua Guaraní.

Classe e função às vezes combinam para dar num quadro complexo. A classe dos adjetivos tem como função principal a de modificar o substantivo sem flexão ou nominalização (kunhata$ porã ‘moça bonita’); mas a grande maioria deles podem também servir de predicado, aceitando flexão de pessoa (peva'e kunhata$ iporã ‘aquela moça é bonita’). Além disso, existe uma pequena subclasse de adjetivos, como guaxu ‘grande’, que não ocorre em função de predicado e não aceita flexão de pessoa, mas é restrita à função principal de modificador de substantivo (oo guaxu ‘casa grande’); isto faz com que os adjetivos não passem a ser uma subclasse dos verbos intransitivos. Mais os adjetivos que ocorrem na função de predicado -- são eles de classe dupla (adjetivo e verbo intransitivo), ou são adjetivos apenas, com duas funções sintáticas (modificador de substantivo e predicado)? É uma questão complexa. A presente obra reflete a segunda opção. Isto é: no léxico, é subentidido que todo adjetivo tem essas duas funções, menos os poucos que tem a anotação "não ocorre como predicado, nem aceita flexão de pessoa".

 

4. A flexão de pessoa e número

Neste seção é apresentada uma introdução aos dois paradigmas de flexão, a dinâmica e a estática; uma relação dos prefixos dos dois paradigmas; uma descrição de duas classes de radicais que recebem a flexão estática; um resumo da flexão de verbos transitivos e intransitivos; e uma pequena discussão sobre classes de palavras que podem ocorrer em função do predicado.

a.  Há dois esquemas ou paradigmas principais de flexão: o paradigma da flexão dinâmica e o da estática. Ambos tratam principalmente dos prefixos que indicam pessoa e número. A flexão dinâmica ocorre apenas como flexão de sujeito em verbos transitivos e em certa classe de verbos intransitivos. Os verbos que pertencem a esta classe, que chamamos de verbos dinâmicos, geralmente relatam eventos ou acontecimentos; são verbos que são comumente usados como respostas a perguntas do tipo: "O que houve/aconteceu/ocorreu?". A flexão estática aplica-se a quaisquer outros participantes: ao objeto direto de verbos transitivos, ao sujeito de certos verbos intransitivos (que chamamos de verbos estáticos), a participantes que exerçam posse e ainda outros casos como substantivo que ocorre antes de posposição. Isto é:

Categoria gramatical Tipo de flexão

sujeito de verbo transitivo dinâmica
sujeito de verbo intransitivo dinâmico dinâmica
objeto de verbo transitivo estática
sujeito de verbo intransitivo estático estática
substantivo antes de posposição estática
possuidor de substantivo estática

Vejamos aqui alguns exemplos. O verbo transitivo oikyx$ ‘cortou-o’ contém, além do radical -kyx$ ‘cortar’, o prefixo do sujeito o-, que é da flexão dinâmica, e ainda o prefixo do objeto direto i- da flexão estática. Ambos os prefixos neste exemplo são da terceira pessoa (na qual não há distinção entre o singular e o plural).

O verbo intransitivo ou ‘veio’ contém o prefixo do sujeito o-, da terceira pessoa, da flexão dinâmica, enquanto o verbo intransitivo iy'uvei ‘está com sede’ contém o prefixo do sujeito i-, também da terceira pessoa, mas da flexão estática. ‘Vir’ é tipicamente um evento, um acontecimento dinâmico, enquanto ‘estar com sede’ ou ‘ter sede’ é estado, uma condição estática.

Quanto a verbos intransitivos, portanto, o tipo de flexão evidenciado pelo sujeito é uma questão de classe lexical, constituindo assim uma distinção de aspecto inerente, lexical, dos verbos. Historicamente, essa classificação lexical certamente se baseava na semântica, mas em certos casos atuais a lógica disso não transparece. Por exemplo, o radical verbal intransitivo -monda ‘roubar’ parece relatar uma ação ou evento; isto é, iríamos supor que seja um verbo dinâmico. Contudo, é tido na língua como verbo estático, pois sua desinência de sujeito leva a flexão estática: imonda ‘roubou’. Parece que, em línguas Tupí-Guaraní mais antigas, este verbo tinha também o sentido estático de ‘cobiçar’ ou ‘ter cobiça de algo.’ No próprio dialeto Mbyá contemporâneo, é às vezes interpretado com o sentido estático ‘ser ladrão’. Acontece que, em certos outros dialetos, o sentido dinâmico ‘roubar’ prevaleceu ao ponto de mudar o tipo de flexão em dinâmica (omonda ‘roubou’ em Guaraní paraguaio, em lugar de imonda). Portanto, nem sempre poderemos dar razão semântica pela classificação lexical de um determinado verbo intransitivo, mas cremos que a semântica, em certa época, determinava a questão. Ainda hoje, a classificação da maioria dos verbos corresponde à distinção semântica entre evento e estado.

Portanto, a oposição verbal, lexical, de dinâmico versus estático pode ser comparada com a oposição nominal de gênero (masculino versus feminino) na língua portuguesa. A oposição verbal em Guaraní tem certa correlação com o aspecto temporal, enquanto a oposição nominal em português o tem com o sexo. E como em certos verbos em Guaraní, como monda ‘roubar’, a distinção semântica não transparece, uma situação semelhante ocorre com certos substantivos em português, como o jabuti e a juriti.

Partindo dos verbos em Guaraní, passamos a considerar outros usos da flexão estática. Este mesmo tipo de flexão indica possuidores de substantivos. Em ipo ‘mão dele(a)’, o prefixo i- ‘dele’ é o mesmo como em iy'uvei ‘está com sede’. O mesmo prefixo ocorre como flexão na posposição áry (-'áry) ‘em cima de’: hi'áry ‘em cima dele(a)’, em que o h inicial ocorre por razões fonológicas ou ainda fonéticas. Finalmente, a flexão estática ocorre com adjetivos na função de predicado: iporã ‘é bom’.

Deve-se notar, porém, que nem todas as posposições, substantivos e adjetivos aceitam flexão. Por exemplo, a posposição py ‘em’ não aceita flexão, nem o substantivo mboi ‘cobra’, nem o adjetivo guaxu ‘grande’, que também não ocorre como predicado.

b.  Os prefixos dos dois tipos de flexão são apresentados aqui, num quadro; as formas entre parênteses são variantes da forma básica.

  dinâmica classe xe- classe xer-
1a pessoa do singular a- xe- xe- + r
2a pessoa do singular ere-, re- nde- (ne-) nde- (ne-) + r
3a pessoa do sing. e do pl. o- i-, 'i-, ij- (inh-), 'ij-
('inh-), ix-, 'ix-, j- (nh-)
h-
1a pessoa do pl., inclusiva ja- (nha-) nhande- (nhane-) nhande- (nhane-) + r
1a pessoa do pl., exclusiva oro-, ro- ore- ore- + r
2a pessoa do plural pe- pende- (pene-) pende- (pene-) + r,
ou pend- (pen-)

c.  Os radicais que recebem a flexão estática dividem-se em duas classes: os da classe xe- e os da classe xer-. Com radicais da classe xer-, ocorre entre o prefixo pessoal e o radical o segmento r, que pode ser considerado como segmento de transição morfológica entre vogais, na divisa entre morfemas. Portanto, este r ocorre entre o prefixo de flexão e radical da classe xer-, a não ser que o prefixo termine com consoante. Assim, a classe xer- gera palavras tais como: xerova ‘minha testa’ e hova ‘testa dele/dela’, cujo radical é -ova ‘testa’; xereve ‘comigo’, cujo radical de posposição é -eve ‘junto com’; xereno$ ‘chamou-me’, cujo radical verbal é -eno$. Este é o uso mais comum do segmento r de transição.

Outro uso é com certas combinações de radical mais modificador, por exemplo, entre o radical do verbo e o modificador: onha ratã ‘correu com força’, ake raxa ‘dormi demais (no sentido do tempo)’, kuaray ojope raxy ‘o sol está brilhando demais (no sentido de dor visual)’, aexa reta ‘vi muitos’, aru ruka 'mandei trazê-lo'. Quando estes modificadores ocorrem em combinação com certos outros verbos, o r não ocorre: o$ atã ‘ficou firme’, oiko eta ‘está andando preocupado’. Isto é, tanto com modificadores como com prefixos de flexão estática, o segmento r de transição não ocorre automaticamente; portanto, é preciso que ele seja assinalado no léxico.

A classe de flexão consta nos verbetes dos radicais de ambas as classes, onde ocorre ou a anotação "classe xe-" ou "classe xer-". Os radicais, portanto, que não apresentam nenhuma dessas anotações são justamente os que não recebem flexão estática. Em particular, se com um verbo intransitivo nenhuma dessas anotações aparece, é porque ele leva a flexão dinâmica. (Estas anotações não constam com verbos transitivos, pois estes são todos dinâmicos quanto à flexão de sujeito, embora muitos levem desinência de objeto direto com flexão estática; veja seção 4.f.).

d.  O paradigma mais completo de flexão estática encontra-se nos substantivos como po ‘mão’, da classe xe-, e ova ‘testa, rosto’, da classe xer-, que são flexionados no quadro abaixo. Os prefixos pessoais de flexão estática, já apresentados na seção 4.c., caberiam no presente quadro na parte "Posse geral" e "Posse não-reflexiva da 3ª pessoa".

Categorias de flexão estática Radicais da classe xe- Radicais da classe xer-
Sem posse po ‘mão’ tova ‘testa’
Posse geral xepo ‘minha mão’
xeru po ‘mão do meu pai’
xerova ‘minha testa’
xeru rova ‘testa do meu pai’
Posse reflexiva da 3a pessoa opo ‘a própria mão’ (a do sujeito) ngova ‘a própria testa’ (a do sujeito)
Posse não-reflexiva da 3a pessoa ipo ‘a mão dele(s)/dela(s)’ (não a do sujeito) hova ‘a testa dele(s)/dela(s)’ (não a do sujeito)
Posse alheia ou recíproca jopo ‘a mão de outrem’, ou ‘a mão um do outro’ jova ‘a testa de outrem’, ou ‘a testa um do outro’

As variantes dos prefixos e as irregularidades de alguns radicais são descritos, item por item, nos verbetes do léxico.

f.  Como já foi mencionado, os verbos transitivos levam dois tipos de flexão: a flexão do sujeito, que é do tipo dinâmico; e a do objeto direto, que é do tipo estático. Existe, porém, uma subclasse de verbo transitivo em que o objeto direto nem sempre é assinalado; por exemplo, radicais transitivos que começam com prefixo de derivação, como o causativo mbo- ou mo-, não levam flexão de objeto direto da terceira pessoa: ambo'e ‘eu o ensino’. Outros verbos intransitivos sempre ocorrem com flexão do objeto direto; no léxico, eles têm a anotação "(com o objeto direto sempre prefixo)". Por exemplo, o verbo cujo verbete começa por "-apo v. t. (com o objeto direto sempre prefixo)" tem a forma ajapo ‘eu o faço’, apresentando a flexão dinâmica do sujeito (a- ‘1ª pess. sing.’) junto com a flexão estática do objeto direto (j- ‘3ª pessoa’). O objeto direto prefixo no verbo nem sempre é pronominal; pode ser um substantivo que ocorre incorporado, antes do radical verbal, como no exemplo: ajeo apo ‘fiz a minha própria casa’; oo apoa ‘um que faz casas, construtor’.

Todos os radicais transitivos do tipo "(com o objeto direto sempre prefixo)" pertencem à classe xe- e por isso é dispensada, no seu caso, a anotação "classe xe-". O mesmo acontece com todos os radicais verbais transitivos que começam por consoante.

 

5. A forma dos verbetes

A.  No Léxico Guaraní-Português, a forma dos verbetes segue, em seus traços gerais, àquela encontrada em muitos dicionários do português. O verbete seguinte pode servir como modelo.

vevui v. i. (classe xe-; pronuncia-se com ditongo decrescente: vevúi). Estar leve: nhandevevuipa estamos todos com corpos leves (e assim prontos para experimentar efeitos sobrenaturais). (Variante: vevyi. Veja também -aku vevui.)

vevuikue s. Pulmão.

As partes principais do verbete são:

a.  Vocábulo a ser definido: "vevui". Os vocábulos geralmente compõem apenas a raiz ou o radical da palavra, e assim não mostram a flexão de pessoa e número. Quando um vocábulo tem um hifen (traçinho), como -apo ‘fazer’ ou mbo- ‘prefixo verbal causativo’, isto indica que não é palavra completa; ela precisa ser completada para ser usada na fala.

b.  Informações gramaticais ou lexicais: "v. i.", isto é, verbo intransitivo, designa a classe de palavras (seção 3), enquanto "(classe xe-)" designa a classe lexical, conforme a explicação da seção 4. Outras informações desta natureza, que se encontram em outros verbetes, incluem "(com o objeto direto sempre prefixo)", "empréstimo", formas irregulares, e funções sintáticas além da principal da classe. As abreviaturas, que se encontram nesta parte do verbete, são explicadas na seção 6.

c. Pronúncia: "(pronuncia-se com ditongo decrescente: vevúi)". Muitas vezes a pronúncia não precisa ser explicada, pois segue as normas explicadas em seção 2.

d.  Significado(s): "Leve". Significados diferentes são enumerados. Muitas vezes, são incluídos alguns exemplos ilustrativos, como: "nhandevevuipa estamos todos com corpos leves". Este vocábulo tem ainda uma pequena explicação cultural, "(e assim prontos para experimentar efeitos sobrenaturais)".

e.  Variante(s): "Variante: vevyi." Toda variante se encontra no seu verbete próprio. Nesta parte do verbete, às vezes ocorre também uma nota gramatical.

f.  Outros verbetes relacionados: "Veja também -aku vevui." O leitor irá encontrar este vocábulo no seu próprio verbete, seguindo ordem alfabética. Com muitos verbetes, anota-se ainda a derivação da palavra. Às vezes o verbete assinala a derivação da palavra, isto é, a origem das suas partes componentes.

g.  Subverbete(s): "vevuikue s. Pulmão." Subverbetes registram formas compostas ou derivadas do vocábulo principal.

B. O Índice Português-Guaraní

O Índice Português-Guaraní é bem simples, compondo, como seu nome indica, um mero índice para o Léxico Guaraní-Português. Não inclui variantes nem formas irregulares, e o próprio significado em português se apresenta de forma resumida. Por isso, esta parte devia sempre ser usada junto com o Léxico Guaraní-Português.

Quando o leitor encontrar num verbete do Índice Português-Guaraní uma expressão em Guaraní que não encabece um verbete do Léxico Guaraní-Português, encontrará em letra maiúscula uma parte da expressão que realmente encabeça um verbete. Assim, junto à palavra portuguesa "abaixar", encontra-se a expressão Guaraní "-mboGUEJY"; a letra maiúscula indica que existe um verbete "-guejy" no Léxico Guaraní-Português, e que lá achamos também o elemento "-mboguejy".

 

6. Abreviaturas

As seguintes abreviaturas encontram-se no Léxico Guaraní-Português:

adj. Adjetivo, adjetival
adv. Advérbio, adverbial
conj. Conjunção
coord. Coordenativo(a)
i. Intransitivo(a)
interrog. Interrogativo(a)
lit. Tradução literal
nomin. Nominalizador
pl. Plural
posp. Posposição
poss. Possessivo(a)
pref. Prefixo
pron. Pronome, pronominal
s. Substantivo(a)
sing. Singular
subord. Subordinativo(a)
suf. Sufixo
t. Transitivo(a)
v. Verbo, verbal
v. i. Verbo intransitivo
v. t. Verbo transitivo

7. Referências

As seguintes referências são úteis para um entendimento melhor da língua e cultura guaraní.

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