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Afinal o que eu sinto

é o sofrimento atroz

de muito tarde descobrir que nunca falaremos

em nós...

Eu, serei eu: -- tu, serás tu,

e eternamente assim

nem nunca me terás como queres que eu seja

nem serás como eu quero que sejas pra mim...

Muito tarde...muito tarde...

--depois que assim te quero, e preciso de ti

como os pulmões de ar

ou os olhos de luz,

é que vou descobrir que se ficarmos juntos,

eu poderei te odiar, tu poderás me odiar!

--Quem diria afinal, ao que o amor se reduz?!

Estraguei tua vida e desgraçaste a minha

e fomos acordar, os dois, tarde demais...

Agora, eu sigo só,

tu , seguirás sozinha,

eu, fugindo, -- covarde! ... a este amor que me espinha!

tu, querendo, -- medrosa! ...inutilmente a paz!

E o que é estranho afinal, é que nós nos amamos,

e sentimos no entanto que nos separamos,

cada um com a sua sombra dolorosa

a sós...

-- conformados, na dor cruel, nos convencemos,

de que nunca na vida, eu e tu...seremos

nós...

(Eterno Motivo-  edição- 1962)



 

 

 

efeitos digitais Olga kapatti

 

 

 

 

 

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