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Produzido por
Douglas Mazeika Paulek

Lembretes - Paulo Suess

No lugar de uma “Conclusão”, com resultados finais, seguem “Sete lembretes” para cada dia da caminhada. Podem ser guardados no coração e fixados na porta do quarto. Lembram nossa natureza missionária e a relevância dessa natureza para o mundo que nos rodeia.

1) Quem somos?

Somos povo de Deus. Somos Igreja. Somos comunidade missionária. A identidade missionária é a identidade do caminho. Peregrinamos no mundo sem ser do mundo. Nossa missão é integral (abrange a pessoa em sua totalidade: corporal, emocional, racional, espiritual), específica (inserida em um determinado grupo social: campo, cidade, afro-americanos, indígenas, pescadores, sem teto, excluídos) e universal (articulação dos diferentes segmentos sociais numa causa comum). Somos esperança da água no tempo da seca, esperança do pão no tempo da fome, esperança de sentido num mundo absurdo. Somos cidadãos do Reino, não funcionários de instituições ou sistemas. Somos esperança pela nossa presença, pelo testemunho, pelo serviço e pelo anúncio do Reino.

2) De onde viemos?

A Igreja Povo de Deus nasceu do amor de Deus. Esse amor transborda como uma fonte que não consegue conter a água. Transborda na missão de Deus, na encarnação do Filho e na doação pentecostal do Espírito Santo. Jesus, o Caminho, e o Espírito Santo, o Guia, colocam os discípulos e as discípulas na linhagem da “missão de Deus”. O povo de Deus vive o envio trinitário no discipulado, anunciando a Boa-Nova do Reino. A missão vem de Deus e nos faz voltar para Deus.

3) O que anunciamos?

Anunciamos o Reino como meta historicamente relevante para além da história, portanto, escatológica. O anúncio missionário tem uma estrutura pascal e pentecostal. Não temos medo diante do absurdo e da finitude da vida. A luta não foi nem será em vão! Anunciar o Reino significa participar da luta pela justiça da ressurreição. Através da ressurreição de Jesus, Deus rasgou a sentença de morte do Justo. O anúncio missionário é um anúncio em defesa da vida em todas as suas dimensões (desde a não-manipulação de embriões até as questões ecológicas). Esse anúncio é acompanhado de sinais de justiça, de ressurreições diárias, que sustentam nossas imagens de esperança.

4) Com quem contamos?

Em seus discursos axiais da Sinagoga de Nazaré (Lc 4), das Bem-Aventuranças (Mt 5) e do Último Juízo (Mt 25), Jesus de Nazaré é muito claro. Os protagonistas de seu projeto, que é o Reino são as vítimas (pobres, cativos, cegos, famintos, oprimidos, estranhos, enfermos). Mas esses não são apenas os protagonistas ou os destinatários do projeto missionário, são também os representantes de Deus no mundo. São os missionários da grande missão inter gentes. Como tais, apontam para um outro mundo que é necessário, possível e real. Na lógica do Reino, “os pequenos“, os que vivem do lado sombrio do mundo, são caminhos da verdade e porta da vida. Para eles e com eles a comunidade missionária reserva sempre o melhor: o melhor tempo, o melhor vestido, o melhor espaço. Contudo, não idealizemos “os pequenos” nem a nossa capacidade de estar a seu serviço e de nos tornar como eles. Joio e trigo fazem parte da realidade humana, da nossa e da dos outros (cf. Mt 13,24-30). O mundo dos “puros” seria um mundo do terror e da intolerância. Continuamos cultivando o trigo. E o joio? Perdão e conversão.

5) Por que lutamos?

O projeto de Deus, que é o Reino, coloca a comunidade missionária não só no meio dos pequenos, dos pobres e dos excluídos como um grupo a mais. O povo de Deus se constituiu a partir dos pequenos, dos pobres e dos excluídos. Com eles, assume a sua missão profética, denunciando o anteprojeto que é o reino do pão não partilhado, do poder que não se configura como serviço, do privilégio que favorece a acumulação e do prestígio que organiza eventos de manutenção em vez de articular processos de transformação. Reconhecemos, hoje, o anteprojeto no mundo formatado pelo sistema neoliberal, com a sua lógica de custo-benefício, de concentração de renda e terra, e de exclusão. Somos areia, não óleo nas máquinas desse anteprojeto. Compreendemos nossa missão como militância por um mundo melhor e por transformações históricas concretas. Mas esse fim almejado, pela missão, já pode estar presente nos passos concretos do cotidiano. A ternura do amor e a clareza mística norteiam a luta. Ação sem contemplação seria agitação.

6) Como trabalhamos?

Trabalhamos com o culturalmente disponível. A solidariedade missionária se realiza através da inculturação concreta nos contextos. Meios sofisticados são um contratestemunho para a missão. A eficácia missionária não está nos instrumentos utilizados, nas na coerência entre a mensagem do Reino e sua contextualização, também através do nosso estilo de vida. Entre todos os meios, porém, a partilha, simbolicamente celebrada na Eucaristia, é o “instrumento” mais eficaz da missão, porque permite ver e seguir Jesus. Ao repartir o pão, os discípulos de Emaús reconheceram Jesus ressuscitado. Só o pão repartido vai saciar a fome do povo. O caminhar na utopia do Reino constitui uma das formas mais radicais da partilha.

7) O que ganhamos?

Na mística da militância missionária procuramos, a partir dos gestos alternativos, brecar a lógica do sistema contra a exclusão propomos a participação, contra a acumulação, a partilha e contra a exploração, a gratuidade. Na gratuidade se concretiza nossa resistência contra essa lógica que substitui o “penso, logo existo” (Descartes) pelo “pago, logo existo” (custo-benefício). A Igreja Povo de Deus nasceu na festa do Espírito Santo (Pentecostes) que é Deus no gesto do DOM. A gratuidade aponta para a possibilidade de um mundo para todos que será nosso “lucro”. Em Pentecostes, a comunidade missionária foi enviada ao mundo plural – na gratuidade e unidade do Espírito Santo: “É gratuitamente que fostes salvos, por meio da fé. Isto não provém de nossos méritos, mas é puro dom de Deus. Não provém das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2,8s).

Que Nossa Senhora, Maria Aparecida, nos acompanhe nessa caminhada missionária inter gentes! Imaculada Conceição, não de berço esplêndido, padroeira do Brasil! Ela não nega as origens humildes de seu nascimento e de sua imagem, que é de barro cozido e escurecido pela longa permanência nas águas do rio. Desde as profundezas das águas da nossa realidade e do nosso imaginário, onde convivem pobreza e realeza, nos convoca e envia – sempre a serviço do Reino!

SUESS, Paulo. Introdução á Teologia da Missão. Convocar e enviar: Servos e testemunhas do Reino. Coleção Iniciação à Teologia. RJ. Ed. Vozes, 2007. (p.223-227)



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