A OPINIÃO QUE FAZ A DIFERENÇA
   

São Paulo, segunda-feira, 20 de abril de 2009

Visão Crítica


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Diário da Lama

O ilustre deputado Fábio Faria, do não menos ilustre PMN do Rio Grande do Norte, bonitão que só, pagou passagens aéreas para a então namorada Adriane Galisteu, amigos, assessores e até a mãe da irrequieta apresentadora com a cota da Câmara dos Deputados, em 2007 e 2008. Na terça-feira passada, flagrado no desvio de conduta, devolveu 21,3 mil reais e disse que não lidou pessoalmente com os pedidos e emissões dos bilhetes aéreos. Adriane achou “o fim do mundo” ter viajado com verba da Câmara – santa ingenuidade, Batman!

Em outra historinha exemplar a que se deu pouca atenção, uma simples consulta de vários senadores da oposição, feita em 2006, resultou na aprovação do parecer do senador Pedro Simon contrário à renovação das concessões para parlamentares explorarem emissoras de rádio e televisão, na Comissão de Constituição e Justiça. Foi um soco no queixo do “grampinho” ACM Neto, Sarney, Tasso, Collor, Zé Agripino, Roberto Cavalcanti e até Wellington Salgado. Tudo porque a Constituição diz no Artigo 54 de deputados e senadores não podem, desde a posse, ser proprietários, controladores ou diretores de empresa concessionária de serviço público.

Imagino Sarney tirando a televisão do quarto de empregada e botando a culpa no Simon: “Pois é, dona Gertrudes, aquele turco safado decidiu que nós não podemos ter televisão, veja que absurdo”. O neto do grande coronel eletrônico baiano ACM, truculento por herança genética, vai mandar tirar não só os aparelhos de tevê da criadagem, como também os radinhos, os três-em-um, tudo que ligue na tomada, faça barulho e não seja liquidificador.

Outros políticos menos afortunados demitiram empregadas domésticas pagas com a verba de gabinete, botando a culpa nos jornalistas que publicam essas coisas, em vez de enaltecer seu trabalho parlamentar. Quer dizer, o Alberto Fraga, que inaugurou a série, ia se atrapalhar mais uma vez:

“Pois é, dona Feliciana, infelizmente não vai dar pra senhora continuar trabalhando aqui em casa por culpa dessa imprensa maledicente e marronzista”.

“Mas, doutor Fraga, não foi o senhor que mandou me contratar?”

“Foi, mas aí a senhora veja bem em quem votar, pra não virar infratora da lei”.

“Mas eu votei no senhor, deputado”.

“É...aí ficou difícil de explicar”.

E não posso deixar de lembrar o espantoso caso do telefone celular que o senador Tião Viana mandou a filha levar na viagem de 15 dias ao México. Quando a história vazou, ele justificou:

“Emprestei para me tranquilizar, para saber como ela estava, se estava tudo bem”.

Pai extremado! Exemplo para a posteridade. Quanto custou o zelo senatorial de Tião? Quase 15 mil reais. São rios de dinheiro público gastos indevidamente por gente que nós, o povo, botamos em Brasília com os nossos votos. É o fim da picada ver a cara-de-pau da maioria, fingindo que não sabia de nada, não pensou que fosse irregular, se soubesse, Deus me livre e guarde dessas coisas, mamãe e papai sempre ensinaram o bom e o certo.

E para não dizer que não falei de flores, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados conseguiu, afinal, notificar o deputado Edmar Moreira, o do castelo no interior de Minas. Foram 15 dias de tentativa, desde a instauração de processo por quebra de decoro, no primeiro dia do mês, o Dia da Mentira. Tomara que o deputado não se beneficie disso. Ele é acusado de ter gasto o dinheiro da verba de representação de 15 mil mensais com ele mesmo, através de notas fiscais de suas empresas de segurança particular.

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Luiz Augusto Gollo é jornalista e escritor, escreve nesta coluna aos sábados e mantém o Blog Visão Crítica
    



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