(Do livro "Orix�s - Pierre Fatumbi Verger - Editora Corrupio")

Xang�, como todos os outros imol� (orix�s e ebora), pode ser descrito sob dois aspectos: hist�rico e divino.
Como personagem hist�rico, Xang� teria sido o terceiro Al��f�n �y�, "Rei de Oy�", filho de Oranian e Torosi, a filha de Elemp�, rei dos tap�s, aquele que havia firmado uma alian�a com Oranian. Xang� cresceu no pa�s de sua m�e, indo instalar-se, mais tarde, em K�so (Koss�), onde os habitantes n�o o aceitaram por causa de seu car�ter violento e imperioso; mas ele conseguiu, finalmente, impor-se pela for�a. Em seguida, acompanhado pelo seu povo, dirigiu-se para Oy�, onde estabeleceu um bairro que recebeu o nome de Koss�. Conservou, assim, seu t�tulo de Oba K�so, que, com o passar do tempo, veio a fazer parte de seus or�k�.

Dad�-Ajak�, filho mais velho de Oranian, irm�o consangu�neo de Xang�, reinava ent�o em Oy�. Dad� � o nome dado pelos iorub�s �s crian�as cujos cabelos crescem em tufos que se frisam separadamente. "Ele amava as crian�as, a beleza, e as artes; de car�ter calmo e pac�fico... e n�o tinha a energia que se exigia de um verdadeiro chefe dessa �poca". Xang� o destronou e Dad�-Ajak� exilou-se em Igboho, durante os sete anos de reinado de seu meio-irm�o. Teve que se contentar, ent�o, em usar uma coroa feita de b�zios, chamada ad� de ba�y�ni. Depois que Xang� deixou Oy�, Dad�-Ajak� voltou a reinar. Em contraste com a primeira vez, ele mostrou-se agora valente e guerreiro, voltou-se contra os parentes da fam�lia materna de Xang�, atacando os tap�s.

Xang�, no seu aspecto divino, permanece filho de Oranian, divinizado por�m, tendo Yamase como m�e e tr�s divindades como esposas: Oi�, Oxum e Ob�.
Xang� � viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladr�es e os malfeitores. Por esse motivo, a morte pelo raio � considerada infamante. Da mesma forma, uma casa atingida por um raio � uma casa marcada pela c�lera de xang�. O propriet�rio deve pagar pesadas multas aos sacerdotes do orix� que v�m procurar nos escombros os �d�n �r� (pedra de raio) lan�ados por Xang� e profundamente enterrados no local onde o solo foi atingido.
Esses �d�n �r� (na realidade, machado neol�ticos) s�o colocados sobre um pil�o de madeira esculpida (od�), consagrado a Xang�. Tais pedras s�o consideradas emana��es de Xang� e cont�m o seu �se (ax�), o seu poder. O sangue dos animais sacrificados � derramado, em parte, sobre suas pedras de raio para manter-lhes a for�a e o poder. O carneiro, cuja chifrada tem a rapidez do raio, � o animal cujo sacrif�cio mais lhe conv�m. Fazendo-lhe tamb�m oferendas de amal�, iguaria preparada com farinha de inhame regada com um molho feito com quiabos. �, no entanto, formalmente proibido oferecer-lhe feij�es brancos da esp�cie s�s�. Todas as pessoas que lhe s�o consagradas est�o sujeitas � mesma proibi��o.


Na Bahia, diz-se que exitem doze Xang�s: Dad�; Oba Afonj�; Obalub�; Ogod�; Oba Koss�; Jakut�; Aganju; Baru; Oranian; Air� Intil�; Air� Igbonam, e Air� Adjaosi.
Reina uma certa confus�o nessa lista, pois Dad� � irm�o de Xang�; Oranian � seu pai, e Aganju, um de seus sucessores. Tamb�m na Bahia acredita-se que Ogod� � origin�rio do territ�rio Tap�, e que segura dois "ox�s" quando dan�a, sendo o seu �d�n �r� composto de dois gumes. Os Air� seriam Xang�s muito velhos, sempre vestidos de branco e usando contas azuis (segi) em lugar de corais vermelhos, como os outros Xang�s. Ao que parece, teriam vindo da regi�o de Sav�.

ARQU�TIPO

(Do livro "Orix�s - Pierre Fatumbi Verger - Editora Corruppio")

O arqu�tipo de Xango � aquele das pessoas voluntariosas e en�rgicas, altivas e concientes de sua import�ncia real ou suposta. Das pessoas que podem ser grandes senhores, corteses, mas que n�o toleram a menor contradi��o, e, nesses casos, deixam-se possuir por crises de c�lera, violentas e incontrol�veis. Das pessoas sens�veis ao charme do sexo oposto e que se conduzem com tato e encanto no decurso das reuni�es sociais, mas que podem perder o controle e ultrapassar os limites da dec�ncia. Enfim, o arqu�tipo de Xango � aquele das pessoas que possuem um elevado sentido da sua pr�pria dignidade e das suas obriga��es, o que as leva a se comportarem com um misto de severidade e benevol�ncia, segundo o humor do momento, mas sabendo guardar, geralmente, um profundo e constante sentimento de justi�a.

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