VOCÁBULOS

O mago e seu seguidor tinham a atenção voltada para o visitante que falava em voz alta. Parecia um discurso. Irmãos, vos convido à introspecção. Saibam que a vaidade inerente ao ser humano pode conduzir a crises de megalomania. Também não vos posso insinuar subserviência gerada na indução dogmática que assemelha-se aos artifícios da hipnose. O maior acervo da individualidade é o livre arbítrio que nos mantém eqüidistantes dos sectarismos preconceituosos.
O discípulo lançou um olhar para o mago como que procurando compreender. O mestre apenas sorriu e deixou o visitante continuar sua mensagem.

Irmãos, a percepção sensorial não é o caminho da visão lúcida mas, pelo contrário, da visão virtual da realidade. Temos que transcender limitações que tornam o mundo empírico complexo e indecifrável. O Mistério que suscita indagações inúteis não passa de uma ilusão. Fazer com que creiam numa solução utópica, com uma falsa lógica para satisfazer o egocentrismo autoritário do homem, não deixa de ser um ato indigno.

Quando o visitante foi embora, depois destas eloqüentes palavras, o discípulo perguntou:
- Mestre, o senhor entendeu o que ele disse?
- Entendi. E você?
- Para ser franco, não compreendi muito bem o que ele quis dizer.
- Ele não quis dizer nada, observou o mago. - Quis ser ouvido na sua prosódia. Falou e não disse nada. Com toda aquela prosopopéia, ele apenas nos aconselhou a não querer ser os únicos donos da verdade. Todos devem transcender seus limites livremente. Tem gente por aí falando demais para nada esclarecer. Em geral, são ricos gramaticalmente. São mágicos com os vocábulos e com as metáforas, mas paupérrimos no conte.

Pesquisado e extraído do
Jornal NOVO TEMPO
Por NOSDE-RA (Membro do Grupo Esotérico Epistolar)
Araruama - RJ

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