Com a possibilidade de se dominar a natureza, extraindo dela, como coisa objetiva e morta, os recursos necessários ao homem e os meios para acúmulo de riqueza de uma classe social em um primeiro momento aparentemente sem contra-indicações visíveis (na Revolução Industrial ainda não se conheciam males como poluição, esgotamento de recursos naturais, desemprego, devastação ambiental, etc. embora a questão da exploração humana do trabalho operário fosse bastante clara a quem tivesse o mínimo de bom senso ao ver homens, mulheres, crianças e idosos trabalhando até 18 horas por dia nas fábricas de então), parecia que se tinha um quadro de vitoriosa demonstração da supremacia da razão humana sobre a natureza, o que levou a uma febre racionalista que incentivava e preparava os caminhos para a Revolução Industrial do século XVIII e a cristalização do capitalismo como sistema dominante das relações de produção e da visão social nas sociedades ocidentais e, posteriormente, de praticamente todo o mundo.
Por trás do progresso da ciência na chamada Revolução Científica, do século XVII, estava, desde o Renascimento, a ascensão da burguesia como classe economicamente emergente, em busca de espaço, e de um novo sistema de produção e comercialização, o capitalismo e sua adoração ao acúmulo financeiro pela divinização do lucro. Este processo trouxe consigo uma nova forma de relações sociais e, com esta, uma nova maneira de ver o mundo, com seu financiamento tendencioso da ciência na espera do retorno em forma de tecnologia de produção, interesse maior que o da compreensão da natureza.
Como nos fala a professora Cristina Costa em seu livro Sociologia, Introdução à Ciência da Sociedade:
"A nova concepção de lucro, elaborada e praticada pelo comerciante burguês renascentista, é a marca decisiva da ruptura com os valores e as idéias do mundo medieval. O lucro não é mais apenas o valor que se paga ao comerciante pelo trabalho realizado. O lucro expressa a premissa da acumulação, da ostentação, da diferenciação individual e assim realiza a idéia de que tenho o direito de cobrar o máximo que uma pessoa pode pagar. (...) No capitalismo, o lucro tornou-se a finalidade de qualquer atividade econômica. "Se um comerciante pode auferir numa troca comercial o maior preço possível que a situação permite - resultante da oferta e procura e de outras condições produtivas e de mercado -, então é preciso que a produção seja organizada de forma mais racional e em larga escala. O fato de a concorrência ser cada vez maior também exige maior racionalidade [técnica] e previsão. Muitos prêmios são oferecidos aos inventores (...). Desenvolve-se a ciência e a tecnologia, enquanto na filosofia cada vez mais se procuram as raízes da forma de pensar [e que justifiquem e reflitam o pensamento deste novo grupo dominante]. "A sociedade apresentava necessidades urgentes ao desenvolvimento científico: melhorar as condições de vida; ampliar a expectativa de sobrevivência humana a fim de engrossar as fileiras de consumidores e, principalmente, de mão-de-obra disponível; mudar os hábitos sociais e formar uma mentalidade receptiva às inovações técnicas" (Costa, 1998, Editora Moderna, pp. 29-31, destaques meus, assim como os comentários complementares entre colchetes).
"A nova concepção de lucro, elaborada e praticada pelo comerciante burguês renascentista, é a marca decisiva da ruptura com os valores e as idéias do mundo medieval. O lucro não é mais apenas o valor que se paga ao comerciante pelo trabalho realizado. O lucro expressa a premissa da acumulação, da ostentação, da diferenciação individual e assim realiza a idéia de que tenho o direito de cobrar o máximo que uma pessoa pode pagar. (...) No capitalismo, o lucro tornou-se a finalidade de qualquer atividade econômica.
"Se um comerciante pode auferir numa troca comercial o maior preço possível que a situação permite - resultante da oferta e procura e de outras condições produtivas e de mercado -, então é preciso que a produção seja organizada de forma mais racional e em larga escala. O fato de a concorrência ser cada vez maior também exige maior racionalidade [técnica] e previsão. Muitos prêmios são oferecidos aos inventores (...). Desenvolve-se a ciência e a tecnologia, enquanto na filosofia cada vez mais se procuram as raízes da forma de pensar [e que justifiquem e reflitam o pensamento deste novo grupo dominante].
"A sociedade apresentava necessidades urgentes ao desenvolvimento científico: melhorar as condições de vida; ampliar a expectativa de sobrevivência humana a fim de engrossar as fileiras de consumidores e, principalmente, de mão-de-obra disponível; mudar os hábitos sociais e formar uma mentalidade receptiva às inovações técnicas" (Costa, 1998, Editora Moderna, pp. 29-31, destaques meus, assim como os comentários complementares entre colchetes).
Desde o século XVII, quando a racionalidade das ciências naturais - que passou a ser utilizada de forma prática pela nascente burguesia, que, além do comércio, dava seus primeiros passos rumo à industrialização - vinham obtendo crescente reconhecimento como instrumentos de compreensão da natureza e meio para se atingir a "verdade", com sua capacidade para "desvendar" as leis naturais do mundo físico e, posteriormente, até mesmo do social, garantindo PREVISÃO e CONTROLE dos acontecimentos (ao menos, dos acontecimentos naturais e econômicos), que a aura de sacralidade, de dogma e de verdade vinha sendo transferida da Religião para a Ciência, que não mais era vista como um dos ramos da árvore cultural do saber, que incluia a filosofia, as tradições e as artes, mas a única possibilidade eficaz de se atingir "a verdade", abolindo as crenças religiosas e/ou relativizando saberes outros, como a filosofia e a ética, já stabelecendo que outras culturas, não ocidentais e não "científicas", eram subculturas - sem dúvida, um excelente pretexto para que a Europa "civilizada" pudesse colonizar e impor seu sistema, visão de mundo e interesses em outros povos que, em troca, seriam explorados em seus recursos naturais e humanos e se submeteriam aos ditames dos "esclarecidos" europeus.
O resultado atual de toda esta história é que vivemos numa época cuja principal característica está na divisão de tudo: desde a divisão de classes sociais (Hoje em dia ainda mais reforçada no chamado darwinismo social. C.f. a Home Page Visão de Mundo, Paradigmas e Comportamento Humano), até a divisão, algumas delas extremas, de especialidades em diversas áreas, como na Medicina, por exemplo. Esta crise reducionista foi provocada em grande parte pelo "background" filosófico extremamente mecanicista da ciência moderna, e em parte pelo modo capitalista de nossas relações, tanto humanas quanto econômicas, ambas, na verdade, formando dos aspectos de um mesmo processo intelectual. Toda promessa de felicidade técnica baseada apenas no acúmulo e na produção material, prometida pelo capitalismo cientificista, acabou por se transformar num pesadelo, em um meio-passo para uma falsa democracia, uma quase Matrix: de um lado, temos a cruel falta de alimentos e do mínimo de conforto material na maioria dos países do Terceiro Mundo; e do outro lado temos a miséria psicológica e os distúrbios emocionais de toda espécie que acompanham os excessos do consumo-pelo-consumo e conforto supérfluo dos países (que são uma minoria) do Primeiro Mundo, com as decisões legislativas cada vez mais voltada para os interesses da indústria e do sistema financeiro em detrimento do da população - 1/4 da população do planeta - ou da sutil tapeçaria da Ecologia. Crescem a solidão, a indiferença, os distúrbios da afetividade, a violência e a sensação de sem-sentido, conseqüência de uma visão de mundo extremamente reducionista, mecanicista e pragmática, voltada para as aparências, a competitividade e a vivência hedonista e individualista dos sentidos, nos moldes dos ideais industrialistas de nosso tempo. Até o racional é frontalmente atacado, como no caso da substituição de transportes baratos e ecologicamente menos agressivos, baseados na eletrecidade e no álcool, para o caro e poluente transporte coletivo baseado nos combustíveis fósseis para agradar a indústria automotiva e aos empresários de transportes.
Creio que ninguém melhor que o genial Max Weber, filósofo e sociólogo alemão, pôde explicitar de modo claro como o racionalismo ocidental se transformou em ideologia, que poderíamos chamar de cientificista, estabelecendo uma série de preconceitos etnocêntricos com relação a outras formas de entendimento da realidade que, se não são científicas dentro dos cânones do academicismo ocidental, nem por isso deixam de ser significativas e coerentes e, mais que tudo, de funcionarem:
A Ciência como Vocação
"O progresso científico é um fragmento, o mais importante indubitavelmente, do processo de intelectualização a que estamos submetidos desde milênios e relativamente ao qual algumas pessoas, adotam, em nossos dias, um posicionamento crítico aparentemente estranho. "Tentemos, de início, perceber claramente o que significa, na prática, essa racionalização intelectualista que devemos à ciência e à técnica científica. Significará, por acaso, que todos os que estão reunidos nesta sala possuem, a respeito das respectivas condições de vida, conhecimento de nível superior ao que um hindu ou um hotentote poderiam alcançar acerca de suas próprias condições de vida? É pouco provável. Aquele, dentre nós, que entra num trem não tem noção alguma do mecanismo que permite ao veículo pôr-se em marcha - exceto se for um físico ou engenheiro mecânico profissional. Basta-nos 'contar' com o trem e orientar, conseqüentemente, nosso comportamento; mas não sabemos como se constrói aquela máquina que tem condições de deslizar. O selvagem, ao contrário, conhece, de maneira incomparavelmente melhor, os instrumentos de que se utiliza. Eu seria capaz de garantir que todos ou quase todos os meus colegas economistas, acaso presentes nesta sala, dariam respostas diferentes à pergunta: como explicar que, utilizando a mesma soma de dinheiro, ora se possa adquirir uma grande soma de coisas e ora uma quantidade mínima? [E isto a despeito de os economistas se orgulharem das características matemáticas de sua disciplina o que, pretensamente, a colocaria próxima das ciências exatas, objetivas]. O "selvagem", contudo, sabe perfeitamente como agir para obter o alimento quotidiano e conhece bem os meios capazes de favorecê-lo em seu propósito. "A intelectualização e a racionalização crescentes não equivalem, portanto, a um conhecimento geral progressivo e interligado acerca das condições em que vivemos. Significam, antes, que sabemos ou acreditamos que, a qualquer momento, poderíamos, bastando que o quiséssemos - e dentro de uma visão de mundo onde a razão é utilizada e calcada na produção e distribuição de mercadorias e na e feitura de máquinas -, provar que não existe, em princípio, nenhum poder misterioso que interfirá com o curso de nossa vida; em uma palavra, que podemos dominar tudo por meio da previsão. Equivale isso a despojar de magia o mundo, deixá-lo como uma região amorfa, sem significado, como uma massa manipulável e não tendo outra utilidade senão sua exploração econômica. Os fatos e fenômenos que escapam aos limites do previsível são ou desprezados, ou postos de lado à espera de que um aperfeiçoamento do modelo científico venha a os explicar, mas sempre dentro dos pressupostos deterministas básicos aceitos. Para nós não se trata mais, como para o selvagem que acredita na existência destes poderes, de apelar a meios mágicos para dominar os espíritos ou exorcizá-los, mas de recorrer à técnica e à previsão. Tal é a significação essencial da intelectualização" (WEBER, Ciência e política; duas vocações, pp. 30-31, Editora Cultrix, São Paulo, 1970. Os comentários entre colchetes são meus).
"O progresso científico é um fragmento, o mais importante indubitavelmente, do processo de intelectualização a que estamos submetidos desde milênios e relativamente ao qual algumas pessoas, adotam, em nossos dias, um posicionamento crítico aparentemente estranho.
"Tentemos, de início, perceber claramente o que significa, na prática, essa racionalização intelectualista que devemos à ciência e à técnica científica. Significará, por acaso, que todos os que estão reunidos nesta sala possuem, a respeito das respectivas condições de vida, conhecimento de nível superior ao que um hindu ou um hotentote poderiam alcançar acerca de suas próprias condições de vida? É pouco provável. Aquele, dentre nós, que entra num trem não tem noção alguma do mecanismo que permite ao veículo pôr-se em marcha - exceto se for um físico ou engenheiro mecânico profissional. Basta-nos 'contar' com o trem e orientar, conseqüentemente, nosso comportamento; mas não sabemos como se constrói aquela máquina que tem condições de deslizar. O selvagem, ao contrário, conhece, de maneira incomparavelmente melhor, os instrumentos de que se utiliza. Eu seria capaz de garantir que todos ou quase todos os meus colegas economistas, acaso presentes nesta sala, dariam respostas diferentes à pergunta: como explicar que, utilizando a mesma soma de dinheiro, ora se possa adquirir uma grande soma de coisas e ora uma quantidade mínima? [E isto a despeito de os economistas se orgulharem das características matemáticas de sua disciplina o que, pretensamente, a colocaria próxima das ciências exatas, objetivas]. O "selvagem", contudo, sabe perfeitamente como agir para obter o alimento quotidiano e conhece bem os meios capazes de favorecê-lo em seu propósito.
"A intelectualização e a racionalização crescentes não equivalem, portanto, a um conhecimento geral progressivo e interligado acerca das condições em que vivemos. Significam, antes, que sabemos ou acreditamos que, a qualquer momento, poderíamos, bastando que o quiséssemos - e dentro de uma visão de mundo onde a razão é utilizada e calcada na produção e distribuição de mercadorias e na e feitura de máquinas -, provar que não existe, em princípio, nenhum poder misterioso que interfirá com o curso de nossa vida; em uma palavra, que podemos dominar tudo por meio da previsão. Equivale isso a despojar de magia o mundo, deixá-lo como uma região amorfa, sem significado, como uma massa manipulável e não tendo outra utilidade senão sua exploração econômica. Os fatos e fenômenos que escapam aos limites do previsível são ou desprezados, ou postos de lado à espera de que um aperfeiçoamento do modelo científico venha a os explicar, mas sempre dentro dos pressupostos deterministas básicos aceitos. Para nós não se trata mais, como para o selvagem que acredita na existência destes poderes, de apelar a meios mágicos para dominar os espíritos ou exorcizá-los, mas de recorrer à técnica e à previsão. Tal é a significação essencial da intelectualização" (WEBER, Ciência e política; duas vocações, pp. 30-31, Editora Cultrix, São Paulo, 1970. Os comentários entre colchetes são meus).
III - O Holismo: o nascimento de um novo Paradigma
"O quadro científico do mundo real à minha volta é muito deficiente. Ele nos dá muitas informações fatuais, coloca toda a nossa experiência numa ordem magnificamente consistente, mas mantém um silêncio horrível sobre tudo aquilo que está realmente próximo de nossas corações, de tudo aquilo que é realmente valioso e caro em nossas vidas, aquilo que realmente nos interessa. Este quadro não nos pode dizer nada sobre o valor do vermelho ou do azul, do amargo e do doce, dor física e prazer físico; nada sobre o belo e o feio, o bom e o mau. É incompetente para dizer qualquer coisa válida sobre Deus e a eternidade... Assim, em suma, não pertencemos realmente a este mundo descrito pelo quadro científico. Não estamos realmente nele. Estamos fora dele. Somos como espectadores de uma peça que insiste em demonstrar que o mundo é uma máquina cega, onde aparecemos fortuitamente para, logo, desaparecer. Apenas nossos corpos parecem se enquadrar no quadro, sujeitos às leis que regem o quadro, explicados linearmente pelo quadro... Eu não pareço ser necessário como ser humano, ou como autor... As grandes mudanças que ocorrem neste mundo material, das quais eu me sinto parcialmente responsável, cuidam de si mesmas, segundo o quadro - elas são amplamente explicadas pela interação mecânica direta (...) Isso torna o mundo operacional para o entendimento pragmático. Permite que você imagine a manifestação total do universo como a de um relógio mecânico que, pelo o que sabe e crê a ciência, poderia continuar a funcionar do mesmo jeito sem que nunca tivesse havido consciência, vontade, esfoço, dor, prazer e responsabilidade (...)"(Guimarães, 1996, p. 21, 22)
°A Ciência, antes estritamente objetiva, torna-se epistêmica (voltada para o próprio processo intelectual de conhecer), já que as teorias revelam mais sobre a mente que a concebe que propriamente da realidade. Toda teoria é um modelo de explicação aproximada da realidade. Além do mais, desde que Heisenberg postulou seu Princípio da Incerteza, na Física das Partículas, e de que o observador influi na experiência, a questão de uma objetividade cartesiana clássica se tornou mais uma fantasia que realidade;
° Parte-se das partes simples, consideradas independentes, para partes em interação, em processo ou em rede. Não é apenas o conjunto de elementos isolados que formam o universo de fenômenos estudado pela ciência. Mas a interação, a RELAÇÃO que existe entre esses elementos. Aliás, é mais provável que os elementos sejam frutos da própria relação tanto quanto esta é fruto destes. Desta forma, a realidade é um processo de troca de informações entre todos os entes físicos, biológicos, psicológicos e sociais.
(...) O mais revolucionário achado metodológico nessa área é a inclusão da subjetividade e da concretude como categorias epistemológicas maiores, ao lado da objetividade e da racionalidade, feita por muitas filósofas em vários países, entre elas Susan Bordo, Allison Jaggar e outras. O mais interessante a se notar é que essa revolução epistemológica se faz na mesma época em que, nas ciências exatas, começa a abalar-se o domínio da razão. Nelas, o irracional irrompe como o paradigma que ajuda a chegar perto das realidades científicas extraordinariamente complexas de um mundo tecnologicamente avançado. Isto acontece nas Teorias do Caos, das Catástrofes e da Complexidade. Neste início de século e de milênio, desmorona o dualismo simplista mente/corpo, razão/emoção, que foi a base do pensamento ocidental nesses últimos três mil anos e que serviu apenas como racionalização do exercício de poder expresso nas relações senhor/escravo, homem/mulher, opressor/oprimido, etc. Esta nova maneira de elaborar abre uma nova forma de pensar pós-cartesiana e pós-patriarcal Se levada às suas últimas conseqüências, essa nova elaboração científico-epistemológica da realidade pode modificar a própria natureza da ciência. Como ela é hoje, por ser abstrata e generalizante, reforça o poder, que na sua estrutura mesma é abstrato e esmagador do humano. Uma ciência em que a subjetividade e o irracional enriqueçam o conhecimento pode desencadear um processo de reversão desse poder destrutivo, tornado-se uma ciência libertadora, e não escravizadora (Muraro, op. cit., p. 16). Cabe aqui iguamente uma transcrição de parte de um artigo do nosso querido teólogo e filósofo Leonardo Boff (publicado na Folha de São Paulo em maio de 1996, cuja íntegra poderá ser encotnrada na Home Page do autor) sobre a nova visão holística, sistêmica ou ecológica que agora surge: Uma visão libertadora"A ecologia integral procura acostumar o ser humano com esta visão global e holística. O holismo não significa a soma das partes, mas a captação da totalidade orgânica, una e diversa em suas partes, mas sempre articuladas entre si dentro da totalidade e constituindo esta totalidade. Esta cosmovisão desperta no ser humano a consciência de sua funcionalidade dentro desta imensa totalidade. Ele é um ser que pode captar todas estas dimensões, alegrar-se com elas, louvar e agradecer aquela Inteligência que tudo ordena e aquele Amor que tudo move, sentir-se um ser ético, responsável pela parte do universo que lhe cabe habitar, a Terra. Ela, a Terra, é, segundo notáveis cientistas, um superorganismo vivo, denominado Gaia, com calibragens refinadíssimas de elementos físico-químicos e auto-organizacionais que somente um ser vivo pode ter. Nós, seres humanos, podemos ser o satã da Terra, como podemos ser seu anjo da guarda bom. Esta visão exige uma nova civilização e um novo tipo de religião, capaz de re-ligar Deus e mundo, mundo e ser humano, ser humano e a espiritualidade do cosmos. O cristianismo é levado a aprofundar a dimensão cósmica da encarnação, da inabitação do espírito da natureza e do panenteísmo, segundo o qual Deus está em tudo e tudo está em Deus. Importa fazermos as pazes e não apenas uma trégua com a Terra. Cumpre refazermos uma aliança de fraternidade/sororidade e de respeito para com ela. E sentirmo-nos imbuídos do Espírito que tudo penetra e daquele Amor que, no dizer de Dante, move o céu, todas as estrelas e também nossos corações. Não cabe opormos as várias correntes da ecologia. Mas discernirmos como se complementam e em que medida nos ajudam a sermos um ser de relações, produtores de padrões de comportamentos que tenham como consequência a preservação e a potenciação do patrimônio formado ao longo de 15 bilhões de anos e que chegou até nós e que devemos passá-lo adiante dentro de um espírito sinergético e afinado com a grande sinfonia universal".
"A ecologia integral procura acostumar o ser humano com esta visão global e holística. O holismo não significa a soma das partes, mas a captação da totalidade orgânica, una e diversa em suas partes, mas sempre articuladas entre si dentro da totalidade e constituindo esta totalidade. Esta cosmovisão desperta no ser humano a consciência de sua funcionalidade dentro desta imensa totalidade. Ele é um ser que pode captar todas estas dimensões, alegrar-se com elas, louvar e agradecer aquela Inteligência que tudo ordena e aquele Amor que tudo move, sentir-se um ser ético, responsável pela parte do universo que lhe cabe habitar, a Terra. Ela, a Terra, é, segundo notáveis cientistas, um superorganismo vivo, denominado Gaia, com calibragens refinadíssimas de elementos físico-químicos e auto-organizacionais que somente um ser vivo pode ter. Nós, seres humanos, podemos ser o satã da Terra, como podemos ser seu anjo da guarda bom. Esta visão exige uma nova civilização e um novo tipo de religião, capaz de re-ligar Deus e mundo, mundo e ser humano, ser humano e a espiritualidade do cosmos. O cristianismo é levado a aprofundar a dimensão cósmica da encarnação, da inabitação do espírito da natureza e do panenteísmo, segundo o qual Deus está em tudo e tudo está em Deus. Importa fazermos as pazes e não apenas uma trégua com a Terra. Cumpre refazermos uma aliança de fraternidade/sororidade e de respeito para com ela. E sentirmo-nos imbuídos do Espírito que tudo penetra e daquele Amor que, no dizer de Dante, move o céu, todas as estrelas e também nossos corações. Não cabe opormos as várias correntes da ecologia. Mas discernirmos como se complementam e em que medida nos ajudam a sermos um ser de relações, produtores de padrões de comportamentos que tenham como consequência a preservação e a potenciação do patrimônio formado ao longo de 15 bilhões de anos e que chegou até nós e que devemos passá-lo adiante dentro de um espírito sinergético e afinado com a grande sinfonia universal".
Copyright 1996, 2004 by Carlos Antonio Fragoso Guimarães, Registro