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A casa

Estou examinando as met�foras usadas por diversos autores. Tudo come�ou com a leitura de Jo�o Gilberto Noll. Ler o escritor j� � uma met�fora, e ele usa muitas que eu gosto, o que despertou meu interesse em analisar outros autores. O livro � M�nimos, M�ltiplos, Comuns. S�o trezentos e trinta e oito romances m�nimos. Tamb�m gosto muito de micronarrativas.

Met�fora, para quem n�o lembra, � o emprego de uma palavra em sentido figurado, caracterizada por uma rela��o de semelhan�a para estabelecer um novo significado. Assim podemos dizer que Luiza � uma flor, que ela fez uma doce apari��o, que sua capacidade foi a chave do problema.

Jo�o Gilberto Noll, escreveu, no conto Sar�a Ardente: �Pois, por uma fresta uma vez entrei ali, e tudo l� dentro era um cheiro que produzia em mim, digamos, umas bolhas no racioc�nio � id�ias desidratadas no meio daquela umidade prenha.�

Costumo usar tropos, falo do chefe quando quero falar dos problemas dif�ceis de enfrentar, dos medos, da opress�o. Deste modo, como muitos outros j� fizeram, para mim a casa � o centro do mundo, o ref�gio, o �ntimo de cada um...

A casa em sil�ncio.
Todos dormem at� que o sol pense em aparecer. A m�e acorda e o cheiro de caf� impregna o ambiente onde o sono teima em manter o filho na cama. O pai levanta e o ru�do navega entre os len��is, fronhas e travesseiros.
Logo todos comem as frutas e o p�o, x�caras quase vazias. O jornal informa a previs�o do tempo. Escovam, ouvem, olham. A casa v� no espelho da sala.
Saem, e o sil�ncio � quebrado pelo canto dos can�rios. A casa quieta. A tarde � lenta, e o sol entra por outra janela, vai longe, do quarto ao quarto.
As sombras anunciam a volta da fam�lia, quando a cozinha transforma a casa em aromas e sons. A �gua, os pratos, a mesa.
Os temperos que comp�em o jantar.
As conversas animam a casa, com um pouco de todos e um espa�o de cada um.
As roupas, as fotos na parede, os livros na estante, os brinquedos no tapete.
A fam�lia guarda na casa sua hist�ria e � a pr�pria casa.

Por isso a casa � t�o importante. Na m�sica do Gilberto Gil, met�fora, que diz: �Uma lata existe para conter algo,/Mas quando o poeta diz lata/Pode estar querendo dizer o incont�vel�
Poderia ser casa em vez de lata. E ele diria:
- Por isso n�o se meta exigir do poeta /Que determine o conte�do em sua CASA/Na CASA do poeta tudo-nada cabe.
Assim passei o domingo em casa, colhendo met�foras para uma semana habitual.
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