Karl Marx, Gênio e Profeta


(Continuação)



Portanto, para Marx, o que vemos constantemente na história humana é uma luta entre setores opostos, classes antagônicas, que, em seu processo de interação, buscam uma solução para as tensões econômicas resultantes de suas diferenças. E a sociedade atual capitalista, a sociedade da globalização econômica, não é diferente, ou é até ainda mais explicitamente antagônica do que a de outros tempos.

Na verdade, a imensa maioria da população mundial depende de uma ridícula minoria para sobreviver. Esta detêm os meios de produção, ou seja, dos meios físicos necessários à produção (terra, maquinários, ferramentas, máquinas, instalações, etc.) que são inacessíveis ao homem/mulher comum, que não tem outra coisa para "vender" a não ser sua própria força de trabalho, que é considerada pelo capitalismo mais uma mercadoria, e cada vez menos valorizada.

Fala Marx em seus "Manuscritos Econômico-Filosóficos":

"Os salários tem parte de seu valor determinado pelo conflito entre o capitalista e o trabalhador. Neste, o capitalista sempre vence, impreterivelmente. Ele, afinal, pode viver mais tempo sem o trabalhador do que este sem aquele". Ora, desta forma, a pessoa do trabalhador passa a ser tratada como uma mercadoria ambulante - ou até menos que isso, já que a mercadoria "morta" não faz exigências por melhores condições de vida, e ainda pode ser vendida passivamente por um preço muito acima do que foi gasto em sua produção, dando bastante lucro. Ainda hoje, na contabilidade, o pagamento de salários não é registrado como investimento na produção, mas sim como "despesa".

Ora, o capital e seu sistema nada mais são que uma busca obsessiva pela acumulação crescente dos frutos do trabalho alheio (ao operário que produz algo é negada muitas vezes a possibilidade de poder comprar este mesmo algo que produz), o que implica que - ao menos na fase de expansão capitalista do século XIX (já que a de finais do século XX ficou escandalosamente pior com a globalização) - o crescimento econômico de um país se dá por um crescendo de alienação "quando uma quantidade cada vez maior dos frutos ou produtos produzidos do trabalhador lhe são retiradas, quando seu próprio trabalho o confronta crescentemente como propriedade alheia, e quando seus meios de vida e de atividade concentram-se cada vez mais nas mãos do patrão capitalista". Francis Wheen compara tal fato ao modo ocorrente em que "uma galinha inteligente (se existisse essa criatura improvável) teria a suprema consciência de sua impotência no auge da sua vida produtiva, ao por uma dúzia de ovos com o suor e a dores de seu corpo e vê-los surrupiados ainda quentes por quem nem de longe participa diretamente de sua produção".

Ora, numa nação onde há prosperidade econômica, há também uma crescente concentração de capital e de poderes ao seu redor junto com uma competição mais intensa, não só entre capitalistas, como também entre os trabalhadores, pelo inchamento de oferta de mão-de-obra jovem ávida por salários num mercado cada mais restrito. Continua Marx: "Os grandes capitalistas arruínam  os pequenos, por absoluta impossibilidade destes fazerem frente economicamente àqueles, e uma parcela destes pequenos empresários mergulha na classe trabalhadora comum, a qual, em vista desse aumento de seus integrantes, sofre uma nova depressão salarial (o aumento do exército de desempregados é usado como motivação para se reduzir salários dos operários na ativa) e torna-se ainda mais dependente das decisões do punhado de grandes capitalista que, em sua busca do maior lucro no menor tempo possível, dão de cima para baixo todas as condições e exigências aos quais o trabalhador não tem outra escolha senão a de submeter-se. Como o número de capitalistas diminui diante dos grandes cartéis e monopólios multinacionais, praticamente deixa de existir entre eles uma competição pelos trabalhadores, que em se apresentando em grande número, acaba por constituir-se em um contingente muito maior  que a da oferta de empregos. Ora,  sendo cada vez maior o número de trabalhadores, ano após ano aumenta a competição entre estes por uma vaga de trabalho, a batalha por um lugar torna-se ainda mais considerável, ANTINATURAL, DESUMANA E VIOLENTA". Quem não consegue emprego - e as exigências do deus "mercado"para tanto são sempre crescentes - precisa sobreviver de alguma forma. Quem nada tem, nada tem a perder a não ser a vida, daí o surto de violência urbana contemporânea - sem esquecer que se existem traficantes bem equipados, grande parte do dinheiro que eles conseguem advêm da própria burguesia viciada que os sustenta. Mas quem consegue trabalho, nem por isso está em uma situação maravilhosa com melhores condições de dignidade humana. Este processo - que têm a frieza da lógica cartesiana dos gráficos da economia - aponta que, mesmo entre as economias mais propícias, e, ainda mais, como no caso do Brasil, nas economias "capengas", as únicas conseqüências para o infeliz trabalhador são, além do sentimento de "coisificação" e redução de homem em apêndice da máquina - um apêndice, de resto, descartável - é "o excesso de trabalho e a morte prematura, o estresse, o mal-estar, a redução à condição de máquina, a escravização ao capital". Isto foi escrito em 1848, mas Marx vai mais além, parecendo estar observando o século XX do pós-guerra: "Uma vez que o trabalhador é reduzido a uma máquina, a  máquina em si pode confrontá-lo na condição de concorrente".

O processo, porém, chega a um ponto calamitoso quando os grandes monopólios produtivos e financeiros extrapolam seus países de origem e buscam consumidores em outra países, impondo toda uma cultura de consumo pelo consumo visivelmente suicida, já que esgotam os recursos naturais e humanos do planeta a uma taxa sempre crescente e irreversível. Fala Marx em O Manifesto Comunista o que todos os ecologistas dizem hoje em dia: "Pela exploração do mercado mundial, a alta burguesia imprimiu um caráter cosmopolita à produção e ao consumo de todos os países". Comenta Francis Wheen que "enquanto importa artigos exóticos, a burguesia impinge seus próprios produtos, gostos e hábitos a todas as outras pessoas". "Numa palavra", no dizer de Marx, "ela cria um mundo à sua própria imagem", sem se perguntar se o "MUNDO" natural agüenta toda essa imbecilidade. "Para reconhecer a veracidade disso", comenta Wheen, "basta visitarmos Pequim - a capital de uma nação declaradamente comunista -, onde o centro da cidade assemelha-se agora, estranhamente, a uma rua movimentada dos Estados Unidos, com lojas do McDonald's, da Monsanto, da Kentucky Fried Chicken, da Haagen-Dezs e do Pizza Hunt, sem falarmos das filiais do Chase Manhattan Bank e do Citibank em que se depositar os lucros".

Marx previra em vários de seus trabalhos, e em particular em "O Capital" - um dos livros mais importantes (e paradoxalmente um dos menos lidos na íntegra), e ainda menos compreendido - e por isso mesmo tão amplamente descartado pelos "intelectualóides" neoliberais da moda e outros ainda piores - dos últimos trezentos anos, que o amadurecimento do grande capitalismo de oligopólios e monopólios internacionais provocaria crises e recessões econômicas periódicas e sempre mais graves, uma dependência crescente da tecnologia que aumenta a produção e o desemprego e cujo mal uso causa a maior parte dos crimes ecológicos atuais, bem como o crescimento anti-natural, qual imenso Leviatã saturnino a devorar seus "filhos", de empresas transnacionais poderosas que, qual imensa aranha, projeta suas teias pegajosas aos quatro cantos do mundo, na sua insaciável e sempre exponencial fome de novos povos a explorar. E o que tem sido toda a história do século XX, incluindo duas Guerras Mundiais e centenas de outras menores mas não menos assassinas (Vietnã, Coréia, Guerra-Fria, "Tempestade no Deserto", etc.) senão a expressão da fúria por mercados, povos ou áreas com recursos naturais necessários ao deus "capitalismo"? E a dominação mundial da McDonald's e da Microsoft? E o desemprego endêmico na hoje ex-potência econômica que é o Japão? E pior, com a revolução tecnológica que "deveria" facilitar a vida do homem, o que se tem acrescido é um número maior de exigências físicas, financeiras e intelectuais que tomam todo o tempo e forças do homem, tornado as 24 horas do dia muito pouco tempo para o tanto de exigências que se abatem sobre um trabalhador que tenta, mais que viver, sobreviver, sacrificando horas valiosas que poderiam ser usufruidas na companhia dos filhos, dos amigos e da auto-instrução, no que a professora, filósofa, editora, conferencista e escritora brasileira Rose Marie Muraro chama de "a espiral enlouquecida". Mas há mais de cem anos Marx já tinha plena consciência de para onde caminhava o capitalismo e seu incentivo no progresso tecnológico, que ao invés do que nos fazem crer, tem menos a ver com o conforto humano que com a produção de lucros para os vampiros do capital, como encontramos em O Capital :

"Os meios pelos quais o capitalismo aumenta a produtividade distorcem o homem comum trabalhador em um fragmento de homem, rebaixam-no ao nível de apêndice de uma máquina, destroem o conteúdo real de seu trabalho, transformando-o num tormento cheio de exigências a serem cumpridas; alienam dele as potencialidades intelectuais do processo de trabalho, na mesma proporção em que a ciência é incorporada neste como uma força independente, de pessoas pagas para pensarem pelas demais; deturpam suas condições de trabalho e o submetem, durante o processo de trabalho, a um despotismo que é ainda mais odioso por sua mesquinhez; transforma-lhe a vida em horário de expediente e atiram sua esposa e filhos sob as rodas do carro de Jagrená do capital (...). A acumulação da riqueza num dos pólos, portanto, é, ao mesmo tempo, a acumulação da miséria, a tortura do trabalho que deveria ser um lazer e fonte de satisfação pessoal, a escravidão intelectual e física, a ignorância, a brutalização e a degradação moral no pólo oposto".

Mas isso pode se dar com características bizarramente caóticas em um mesmo país, no qual sua burguesia ajuda a importar valores e estilos do chamado "Primeiro Mundo" para atrair recursos e capitais externos, piorando a situação econômica interna.

Senão vejamos: no Brasil existe ou subsiste ainda uma forma bastante primária de capitalismo no Nordeste. No Sul, existe uma forma mais sofisticada, onde uma burguesia industrial e agrária convive com uma burguesia insdutrial internacional que impõe modelos de consumo e comportamento. Estes membros formam a força economicamente privilegiada da nação por deter em suas mãos os meios técnicos e físicos para a produção econômica. E para manter indefinidamente seu poder, é necessário resguardar sempre o domínio destes meios de produção o que é feito mediante o aperfeiçoamento técnico dos mesmos, daí a ênfase e o apóio nas chamadas ciências técnicas: engenharia mecânica e elétrica, computação, etc. Marx fala que "a burguesia não pode subsistir sem transformar os instrumentos de produção e, portanto, as relações de produção (ou seja, a forma como se dá a relação entre as máquinas e as pessoas que trabalham com elas), o que implica na transformação do conjunto das condições sociais (...). A burguesia criou forças produtivas mais maciças (por exemplo, as grandes fábricas mecanizadas) e mais colossais do que as que haviam sido criadas por todas as gerações do passado, em conjunto (op.cit). Desse jeito, é incentivado um processo de mecanização e obsolescência, onde instrumentos que deveriam servir como auxiliares e meios (veja-se o caso dos computadores), por serem rapidamente descartáveis, se tornam fins em si, realimentando o processo, matando o emprego e, com este, a dignidade da pessoa humana, que só tem valia se for consumidora.

Surgem assim duas formas básicas de contradição na sociedade capitalista:

1º. Contradição entre os Meios Técnicos e as Relações de Produção. - Os capitalistas, ou seja, os donos daas máquinas, da terra e das fábricas criam ou incentivam a criação incessante de meios de produção mais poderosos, por exemplo, novos computadores que controlam novos robôs, dispensando mão de obra humana e liberando o patrão de pagar os encargos sociais dos empregados. Os desempregados, que se aglomeram nas cidades, acabam formando um exércido de mão-de-obra de reserva que, igualmente, é usado para inibir os operários e empregados que ainda trabalham e que podem ser facilmente substituídos pelos que estão desempregados, caso tentem causar problemas aos patrões. Mas as relações de produção, ou seja, as relações entre propriedade, trabalho e a distribuição das rendas não se transformam no mesmo rítimo, ao contrário, tenta-se sempre deixar aos detentores dos meios de produação todo os direitos que deveriam ser compartilhado com todos, inclusive a renda. Por isso a grande Belíndia (mistura entre Bélgica e Índia) ou o Texas-África que é o Brasil: uma perversa distribuição de renda que se mantêm às custas da alienação política da nação, em grande parte mantida e incentivada pelos meios de comuncação de massa, como a mídia eletrônica que, em nosso país, é praticamente controlada pela Rede "Mundo" de Televisão, surgida na ditadura militar criada com apoio dos EUA em 1964, e sempre governista. Favelas ao lando de grandes prédios... Indústrias no Sul contra o sistema fundiário do Norte, etc. (para um estudo do Golpe Militar de 1964, Clique Aqui).

2º. Contradição entre o Aumento das Riquezas e a Miséria Crescente da Maioria.- Os que não detêm os meios de produção, ou seja, a grandiosa maioria da população, ficam à mercê do que querem os detentores dos meios de produção. Ora, estes querem sempre obter mais lucros e garatir seu poder e padrão de vida, sendo assim, tentam minimizar as despesas com pessoal e manter o controle sobre o pensamento público. Isso aumenta o desemprego e afunila as maravilhas do mundo moderno, como educação e saúde, apenas para quem tem o poder de COMPRÁ-LOS. Empenhados em uma concorrência louca - que transborda as fábricas e rrecai sobre o modo de vida de todos e nas relações entre as pessoas -, os capitalistas não podem deixar de aumentar seus meios de produção e, com isso, ampliar o número de dependentes proletários e sua miséria (veja a Home Page Capitalismo: o Sepulcro Caiado).

Como nos fala Raymond Aron, "o caráter contraditório do capitalismo se manifesta no fato de que o crescimento dos meios de produção em vez de se traduzir pela elevação do nível de vida dos trabalhadores leva a um duplo processo de proletarização (os pequenos agricultores vedem suas terras para procurar empregos nas cidades) e pauperização (crescem os miseráveis nas favelas por falta de emprego)"(Aron, 1993, p. 137).

Sendo assim, o capitalismo alienou, isto é, separou, divorciou o trabalhador comum dos seus meios de produção, pois, por exemplo, um artesão não poderá competir com uma fábrica. Só lhe resta vender sua oficina e ir trabalhar nesta fábrica aceitando as ordens do patrão em troca de um salário pela venda de sua força de trabalho. A industrialização de lucro, a propriedade privada e o assalariamento separam o trabalhador dos meios de produção e do fruto de seu trabalho. Essa é a base da alienação econômica, fortalecida pela alienação cultural (os programas de televisão aos domingos e as redes evangélicas pentecostalistas traduzem bem isto), que ajuda na alienação política.

A alienação política se dá assim: o Estado, que é administrado pelos políticos eleitos, é mantido pelos que são eleitos devido não ao debate de idéias ou presença de competência mas, na maioria das vezes, à manipulação da propaganda e dos meios de comunicação, às custas do abuso do poder econômico. Nisso, então, a Democracia passa a ser uma farsa, pois os direitos não são iguais entre os candidatos. O Aparentar, o Parecer suplanta o Ser. Basta ver o modo tendencioso da Rede "Mundo" de televisão nas últimas três primeiras eleições presidenciais no Brasil para se ter uma idéia disso (a mesma poderosa organização da mídia eletrônica ajudou a eleger Collor de Mello e o acompanhava todos os domingos na sua marotona calculada na Casa da Dinda para, para, posteriormente, descartá-lo do cenário político quando seus interesses começaram a ser ameaçados pela mediocridade deste primeiro Dom Fernando). Assim sendo, os que estão no poder não representam o povo em si, mas a CLASSE ECONÔMICA DOMINANTE, ou seja, a dos grandes empresários, banqueiros latifundiários e entidades internacionais. FHC e ACM são os dois ícones máximos dessa representatividade elitista (e, agora, por cúmulo do paroxismo esquizfrênico, o próprio "Príncipe Operário", que transformou, ao chegar ao Poder, a esperança de um Partido dos Trabalhadores em um pesadelo dirigido por um Partido de Traidores).

Os programas de comunicação de massa refletem bem essa ideologia do poder de um determinado grupo. A revista "Observe", por exemplo, juntamente com a Rede "Mundo" de Televisão fizeram e desfizeram tudo o que quiseram para enegrecer Lula (no tempo em que ele e o PT ainda eram - ou pareciam ser - os representantes e o partido dos trabalhadores, o que infelizmente mudou, e muito) e engradecer FHC, o doador-mor das riquezas nacionais à ganância internacional. Esquecendo facilmente que o maior Presidente Norte-Americano, Abrahan Lincoln, era um lenhador sem estudos, o pobre ex-operário (e atual traidor) Lula foi avacalhado diante do nobre Doutor Sociólogo... Hipocrisias que trazem os frutos para que delas usam... Hoje os estudantes universitários são tachados de mal-educados por estes dois veículos de comunicação ao protestarem contra o sucatemento com vistas a privatização das universidades públicas, enquanto FHC é chamado de gentleman mesmo quando chama o povo brasileiro de capira, os aposentados de vagabundos (hoje ele não os chama mais assim, é verdade. Ele apenas age com eles como se realmente o fossem), os sem-terra de maconheiros, etc... Muito imparcial esses instrumentos de comunicação.

Assim, mutilado e alienado econômica e socialmente, o homem só pode se recuperar sua condição humana se despertar e se educar. Educação? No Brasil isso não pode se dar, pois assim muitos iriam despertar para a sujeira política de nosso sistema, iriam ter uma visão crítica de mundo, como sonhava Paulo Freire. Assim, é melhor sucatear a educação pública e as universidades. Só os que têm dinheiro, e são do lado da burguesia dominate, ao menos concordantes com sua idelogia, é que podem e devem ser educados para, assim mesmo, ajudar a manter o sistema. Não é sem luta que os trabalhadores comuns podem burilar a si mesmos.

E, depois de conscientizado e esclarecido, o homem tem de agir politcamente para mudar o quadro de desigualdades. Quando isso ocorre, a tão propalada democracia, especialmente na América Latina, dá lugar ao apóio da burguesia e dos latifundiários ao Golpe Militar ou ao Golpe de Estado, para se proteger da ameaça marxista. Foi assim no Brasil com o infame Golpe de 64, foi assim no Chile, na Argentina.... Fala-se muito das atrocidades dos "comunistas" mas se calam quanto aos porões das várias ditaduras das repúblicas de bananas da América Latina. Ainda pior e quase cômicas são as cruzadas de certos "intelectuais" de direita que, não podendo fazer frente ao poder intelectual de Marx, reconhecido e admirado no mundo todo, menos dos Estados Unidos e - por imitação subserviente - no Brasil, apelam para os maiores absurdos com o aval da mídia comercial, geralemnte aso de grandes conglomerados industriais, para desacreditar os pensadores de esquerda, mesmo os mais úteis ao país, em especial no Brasil. Nomes como Roberto Campos ou do auto-intitulado "filósofo" - e também astrólogo - Olavo de Carvalho (articulista de um império de telecomunicações que põe e tira da presidência quem quer, desde que seja de direita, sob o comando de um nonagenário Cidadão Kane tupininquim, como diz o excelente documentário da BBC Brazil, Beyond the Citizen Kane) já são suficientes exemplos de tais "pseudo-pensadores" ou os poucos privilegiados pelo sistema injusto, tipos M. Kadayan e seus aviõezinhos. Para um aprofundamento desta questão veja a entrevist de Noam Chomsky para a jornalista Regina Zappa, intitulada "Mídia e Poder".

"Mas há um fenômeno que nem Marx nem eu tínahmos previsto: é que, no fim da década de 1990, depois do fim da Guerra Fria e da aparente vitória que para os ricos e bem postos seria a de Deus sobre Satanás, em que um sem-número de sabichões declarara que havíamos chegado ao que Francis Fukuyama chamou, presunçosamente, de o Fim da História, e depois de ter sido descartado pelos liberais da moda, Marx viesse a ser subitamente saudado como um gênio pelos próprios velhos burgueses capitalistas maldosos. O primeiro sinal dessa reavaliação bizarra surgiu em outubro de 1997, quando uma edição especial do New Yorker rotulou Karl Marx de 'o próximo grande pensador', um homem que tem muito a nos ensinar sobre a corrupção política, o monopólio, a alienação, a desigualdade e os mercados globais. 'Quanto mais tempo passo em Wall Street, mais me convenço que Marx tinha razão', disse um rico banqueiro de investimento à revista. ' Estou absolutamente convencido de que a abordagem de Marx é a melhor maneira de pensar o capitalismo'. Desde então, economistas e jornalistas de direita começaram fazer fila para prestar homenagens semelhantes (...)."

Francis Wheen

É essa a mensagem básica de Karl Marx, e a sua grandeza. O conceito de alienação é, para mim, o mais básico e brilhante da teoria marxiana do capitalismo. Em muitos pontos, foi sua bagem humanista e filosófica que levou Marx ao estudo aprofundado da Economia e da História. Marx tinha o que hoje chamamos de consciência sistêmica ou ecológica das coisas, mas não desenvolveu muito - nem poderia com os recursos de seu tempo - um trabalho nesse sentido. Mas ele viu muito à frente do seu tempo. Ele fez muito para uma só existencia e isso já basta. Seu trabalho foi levado adiante em nosso século por nomes como Rosa Luxembrugo, Antonio Gramsci, Pablo Picasso, Frida Kahlo, Edgar Morin, Jean Paul Sartre, Che Guevara, Mário de Andrade, Antonio Houaiss, Paulo Freire, Florestan Fernandes, Barbosa Lima Sobrinho, Chico Buarque de Holanda, Carlos Chagas... E podemos ver que o pensamento marxiano, no que tem de profundamenteo humanista, está concordo com os trabalhos progressistas e profundamente e cristão de Leonardo Boff, Dom José Maria Pires, Dom Hélder Câmara, ou de organizações como Greenpeace, ONGs várias, entre inúmeros outros nomes e associações.

"A alienação imputável à propriedade privada dos meios de produção se manifesta no fato de que o trabalho, atividade essencialmente humana, que define a humanidade (e criatividade) do homem, perde suas características humanas, já que passa a ser, para os assalariados, nada mais que um meio de sobrevivência. Em vez do trabalho ser a expressão do próprio homem, o trabalho se vê degradado em instrumento, em meio de viver.

"Os empresários também são alienados, pois a finalidade das mercadorias de que dispõem não é atender a necessidades realmente sentidas pelos outros, mas são levados ao mercado para obter lucro. O empresário se torna escravo de um mercado imprevisível, sujeito aos azares da concorrência. Explora os assalariados mas nem por isso ele é humanizado no seu trabalho, pelo contrário, aliena-se em benefício de um mecanismo anônimo."

Raymond Aron



Links:

  • A Crise Financeira do "Cassino Global" dos Bancos e Bolsas em setembro de 2008
  • Observatório da Imprensa

  • A hipocrisia do Bradesco com seu "Banco do Planeta"

  • O jornalista Helio Fernandes escreve sobre o desperdício vindo da "doação" da Vale do Rio Doce

  • Os efeitos negativos das reestruturações neoliberais no Banco do Brasil"
  • Quantro Frases sobre Ecologia que Fazem Crescer o Nariz Capitalista
  • A Trajetória da Implantação do Neoliberalismo"
  • A Herança Liberal na América Latina
  • Neoliberalismo X Humanismo
  • Capitalismo: O Sepulcro Caiado
  • Revista Veja: estultícia e Oportunismo
  • Globalização: Genocídio hig tec
  • Cara, Cadê o Meu País?
  • Homenagem à Irmã Dorothy Stang e a Chico Mendes
  • A Luta contra o "Latifúndio" da Mídia
  • A direita Imperialista Norte-Americana de George "War" Bush - A Humanidade Contra o IV Reich
  • O filósofo e linguista norte-americano Noam Chomsky analisa os atos insanos do governo Bush, extensão do governo Reagan e da direita reacionária americana
  • Ronald Reagan "reabilitado" pela morte?"
  • Da criação tática da Guerra Fria à invenção calculada do "Choque de Civilizações"
  • 11 de setembro de 1973: os Estados Unidos apoiam o golpe militar de Pinochet contra o legítimo governo de Salvador Allende
  • Macaquices e americanalhices na inauguração do "Instituto" FHC
  • O Fundamentalismo protestante na Casa Branca
  • Arrogância: Bill Gates ameaça Governo Brasileiro por este dar preferência à softwares livres, como o Linux, que aos produtos Microsoft
  • Os Crimes Assombrosos das Doações-Privatizações das estatais. Quando irão apurar a base maior da Corrupção?
  • Além do Cérebro - Holismo, Ecologia e Psicologia Transpessoal
  • Algumas leituras críticas da Revista Veja
  • A Cruel Sina da Dependência
  • O Vampirismo dos bancos contra o bem-estar de todos
  • O Brasil e o FMI (ou O Brasil no FIM)



  • Bibliografia:

    Aron, Raymond (1993). As Etapas do Pensamento Sociológico. Martins Fontes, São Paulo

    Fromm, Erich (1979). Conceito Marxista do Homem. Zahar Editores, Rio de Janeiro

    Marx, Karl (1997). Manuscritos Econômico-Filosóficos. Coleção Os Pensadores. Ed. Abril, SP.

    Marx, K. & Engels, F. (1997) O Manifesto Comunista. Paz e Terra, São Paulo.

    Marx, Karl (1997). O Capital. Coleção Os Economistas. Abril Cultural, São Paulo.

    Reale, G. & Antiseri, D. (1993). História da Filosofia, volume III. Ed. Paulus, São Paulo.

    Wheen, Francis (2001). Karl Marx. Editora Record, Rio de Janeiro.


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