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O CASAMENTO TRADICIONAL “KIKONGO”. Quando o jovem se acha na idade de constituir família, dirige-se aos pais, a quem apresentam a questão. Estes analisam a capacidade de gestão de um lar por parte do jovem caso cheguem à conclusão da sua aptidão, iniciam o processo de verificação e avaliação das moças dos arredores poderá servir como melhor esposa ao filho. A escolha só poderá recair entre as filhas de famílias com as quais têm boas relações. Apôs a escolha da moça, os pais do rapaz acompanhados de familiares (tios) dirigem-se, após aviso prévio, a casa dos pais da rapariga, levando sangas de Malavu, e apresentam a questão. Os pais da pretendida agradecem aos visitantes, pedindo-lhes que regressem no dia a seguir. Em casa da jovem, os pais chamam-na e põem-lhe ao corrente da questão questionando-a se esta de acordo. Caso não esteja de acordo, os pais argumentam, mostrando-lhe as qualidades morais e materiais do pretendente, porem se a negativa se mantiver eles ameaçam-na, chegando a afirmar-lhe que se não aceitar o pretendente não terá outro. Posta a questão desta forma, se a rapariga não pretende de maneira nenhuma ser mulher daquele rapaz, só lhe resta defender-se com a ameaça de desaparecimento. Quando se chega a esse extremo, os pais normalmente tornam-se condescendentes. Se, pelo contrario, os pais da rapariga não querem o pretendente como genro, embora ela queira, induzem-na a afirmar que o não aceita, e normalmente ela acaba por satisfazer os pais, profundamente receosa de eventuais males futuros, como a esterilidade. Entretanto os pais do pretendente regressam no dia imediato a casa dos pais da rapariga para saber qual a resposta. Depois de os visitados reafirmarem o seu agradecimento pela atitude, é lhes dada à resposta. Quando esta é negativa, é devolvido o Malavo, mas tal devolução nunca se chega a efectivar, com base no provérbio: «za sala toko ndumba nut’andi», o que, literalmente, se poderá traduzir dizendo que os gestos do jovem pretendente são farnel para a jovem. Caso a rapariga aceite ser desposada pelo jovem em questão, diz aos seus pais que bebam o Malavo e, quando os familiares do pretendente questionam a resposta, diz-se-lhes que podem ir “sompar” (constituir família segundo o costume local). A partir do momento que as sangas de Malavo tenham sido aceites, a jovem fica comprometida, não podendo a sua família receber outra proposta. Ao Malavo levado chama-se Mwanga Matoko ou Kanga Mafula, o que significa respectivamente dispersar rapazes e fechar as entradas. Depois de preparadas as coisas por parte dos noivos e seus familiares, estes mandam recado dizendo o dia em que irão “sompar” a noiva. Na data combinada, os familiares do noivo dirigem-se a casa dos pais da rapariga, iniciando-se então o acto de “sompar”. Após o Yala Nkuwo por parte dos pais da rapariga, estes convidam os visitantes a tomar a palavra. Alguém da família do noivo começa por recordar que foram eles quem foi «Vaikila-o-Wwana»ou seja pessoas que vivem em matas e têm aspecto de fantasmas, só querendo o mal dos que vivem na aldeia. Depois é reiterado o consentimento de que ela seja “sompada” pelo rapaz em questão. Seguidamente faz-se a narrativa da genealogia da rapariga, ressaltando –se os pontos onde as duas famílias tenham laços de parentescos. Depois a família do noivo apresenta-o e também faz a narrativa da sua genealogia. Então, as tias da noiva começam a cobrar as Mayanga,(problema/questão) devidas por qualquer atitude incorrecta do noivo em relação a elas. Mesmo que tais atitudes nunca tiveram lugar.
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