ASSOCIAÇÃO DOS DESENHISTAS BRASILEIROS SEM SERVIÇO (ainda nos anos 2000)
EUGÊNIO COLONNESE NOS DEIXOU EM 8 DE AGOSTO DE 2008.
Nem vou
mais me estender sobre a vida e obra de Eugênio Colonnese, pois outras
pessoas bem já o fizeram, por ocasião da sua ida para outro plano.
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CADA VEZ PIOR, CADA VEZ PIOR
Vejo o
tempo passar, e as coisas piorarem, os valores se perderem, e práticas estúpidas
cada vez mais sendo adotadas. É como se o cérebro das pessoas fosse sendo, pouco
a pouco, corroído por uma praga de idiotização. Dá-se a impressão que há
raríssimas cabeças, uma espécie de restolho de uma geração que raciocinava.
Nos quadrinhos, que tanto gostei, poucos autores escapam dessa massacrante
doutrinação mental que produz trabalhos cada vez mais desqualificados e
desprovidos de qualquer lampejo de genialidade. Nossos quadrinheiros, excetuando
pouquíssimos, se renderam à alienação. Não criam mais nada de novo ou de
autenticamente nosso. Só sabem produzir heróis marombados com nomes em inglês, e
ainda tem o topete de qualificá-los como “brasileiros.”
Aparentemente, nada escapa dessa doença desventurada.
Quando enveredam pelo caminho dos personagens humanos com aspectos ou
características animais, esquecem quais são os bichos que compõem nossa fauna, e
logo “optam” por linces, pumas, alces... Ou seja, os mesmos ingredientes vistos
à exaustão em filmes ou nos próprios quadrinhos importados.
Observem, pois, a não existência do menor senso crítico ou o mais ínfimo
resquício de esmero na criação de um personagem.
Além da alienação imposta pelos veículos importados e aqui traduzidos, alguns
artistas de quadrinhos brasileiros são altamente indolentes, e utilizam-se
imediatamente da lei do “menor esforço.” E mais grave, sua presunção desmedida
não os permite aceitar qualquer censura à sua pobreza criativa para a concepção
de um personagem.
Quadrinhista Brasileiro padece de uma doença amaldiçoada, que se entranhou com
unhas, dentes e cauda prensil, nos seus cérebros.
É a síndrome diminutiva.
Embora não admitam em palavras claras, mas suas ações falam por si só.
Os artistas de quadrinhos do Brasil, com raríssimas exceções, se inferiorizam
diante do estrangeiro. De pronto, eles sentem intimamente que jamais conseguirão
se equiparar aos seus ídolos. Por quê? Ora, porque ídolo é ídolo. Não pode ser
equiparado, não pode ser desafiado, não pode ser posto em dúvida, e deve apenas
e tão somente ser cultuado, louvado, admirado.
Nada raro é ver frases como: “Meu personagem é o Batman brasileiro,” ou “eu sou
o Stan Lee brasileiro”. Ou então, “Vou desenhar no estilo do John Byrne”, etc.
Observem que nem usam como referência mestres nacionais como Shimamoto, Messias
de Melo, Edmundo Rodrigues, ou o recentemente desaparecido ítalo-brasileiro
Eugênio Colonnese.
Somente os estrangeiros santificados pela mídia podem ser superiormente
aludidos, pois são inatingíveis, são verdadeiros deuses, os exemplos máximos
para quaisquer situações.
Via uma doutrinação mental calamitosa, dificilmente se encontra um trabalho
brasileiro que não se deite na inércia, usando aqueles mesmos elementos que já
cansamos de ver em quadrinhos e filmes gringos. Em termos estatísticos, os gajos
se quedam contumazmente no gênero dos super-heróis, e diga-se de passagem –
copiando quase “ipsis literis” toda aquela palermice recursiva, sem tirar e nem
pôr, sem inovar, sem tentar soluções diferentes. Ou sendo mais específico,
produzem cópias mal-feitas e distorcidas daquela mitologia idiota produzida nos
EUA.
A alienação é tanta que nem nomes brasileiros os fulanos põem nos seus
heroizinhos. Já vi coisas absurdamente idiotas e alienadas do tipo “John Strong”,
“Joe Power”, “Blood Mary”, “Fuck Jane”. Aonde uma “coisa” dessas é brasileira?
Não passam de xéroxes defeituosas.
O público, diante de semelhante pobreza e estupidez, não tem outra saída a não
ser torcer o nariz, reforçar sua entranhada idéia que quadrinho brasileiro não
presta, e ir consumir os originais gringos.
Na hora de partir para a mitologia menos colorida, nenhum quadrinheiro lembra de
incluir sacis, mulas-sem-cabeça, iaras, mães de santo macumbeiras, fantasmas
enterrados em botijas de dinheiro, ou qualquer outra manifestação histórica,
cultural ou folclórica brasileira. Só saem elfos, gnomos, fadas, vampiros,
bruxos do tipo Merlim, reis, princesas, bárbaros com espadas, ou outras lendas
célticas já tão exploradas pelo cinema e pelos “comics.”
Por quê?
Porque é só isso que os quadrinheiros brasileiros lêem, e não abrem sua mente
para idéias diferentes, conceitos fora daquele mesmo ramerrão de sempre, ou uma
mitologia autóctone e nunca explorada.
Essa caterva de cérebro lavado e estagnado não lê um único romance textual de
autor brasileiro. Não pesquisa absolutamente nada. Não tem desejo algum em
inovar para conquistar o leitor. Quer pegar tudo pronto e acabado, ou em
palavras mais claras: copiar dos seus preciosos e traduzidos gibizinhos de
super-heróis gringos.
O mais agravante da comicidade, é a soberba desses tipinhos. Após criarem seus
copiões, estufam o peito, arreganham as plumagens, e se sentem os pavões dos
quadrinhos. Pobre de quem disser uma única palavra contrária às barbaridades
praticadas: estará passível de tomar tiros, gritos, grunhidos, zurrados e
coices.
Ora pois, mas se os artistas, aqueles que deveriam dar o bom exemplo, deitaram
no berço da alienação e da entrega vassala e subserviente aos mandantes do
planeta, as pessoas comuns, com menos esclarecimento, se dobram com ainda maior
facilidade aos “modismos” idiotas repassados pelos artistas doutrinados.
O povo hoje vive tentando falar inglês como se fosse nosso idioma oficial. Não
faltam imbecis engordando os números dessa epidemia de idiotização e alienação.
Basta olharmos em volta.
Está nas placas de lojas.
Está nos textos jornalísticos.
Está na linguagem do dia-a-dia, palavras e expressões na língua inglesa, usadas
sem necessidade alguma, a não ser para fazer algum palerma se sentir “chique”
por estar vociferando alguns monossílabos na língua do país dominante.
Refrigerante dietético virou “refrigerante dáite” (diet), Teste de direção virou
“test dráive” (test drive), moda virou “fashion”, entrega virou “delivery”. Nem
dá para enumerar a quantidade completa e absurda de expressões em inglês que
essa malta de descerebrados estúpidos alienados incorporou na linguagem
coloquial.
A imoralidade é tanta, que mesmo palavras da língua portuguesa estão sendo
pronunciadas com sotaque inglês.
Já presenciei, com asco, jovenzinhos proferindo o nome de um suposto Hospital, “HOSCÁRDIO”,
como “Roscárdio.” Ou chamando pela alcunha uma garota que se de nome “Magda”, de
“MEG” (escrita como “Mag”).
Noutro exemplo mais recente, a “Operação Satiagraha”, desencadeada pela nossa
briosa Polícia Federal para mandar alguns pilantras para o xilindró, é
pronunciada como “Satiagrarra”. Ora, mas o “h” é mudo no idioma português. Em
regra gramatical alguma da língua lusitana, a letra ‘h” aparece com som de “rr”.
Existe, sim, na língua inglesa.
Vejam só a que ponto está chegando esse acintoso surto de obtusidade.
Toda essa anulação da nossa cultura, dos nossos valores, e dos nossos símbolos
nacionais, se reverte em malefícios contra nós mesmos. Torna-nos fracos,
títeres, mamulengos, capachos, e fortalece quem quer nos nulificar.
O pior de tudo, é que NINGUÉM se dá conta do quanto a soberania nacional está
sendo invadida... e de dentro para fora.
Mas, o Brasil não acorda.
Continua deitado em berço esplêndido. De esplêndida e gigantesca burrice,
relaxamento, inércia, e sobretudo de falta de vergonha na cara.
Bartolomeu Vaz
ABCDOTECA
(TODO O MAPA DA PÁGINA DO
BARTOLOMEU VAZ) :
1) HQ NO BRASIL 1 - INDEX
2) HQ NO BRASIL - INDECA
3) BALAIO DE CARTAS - IDIOTECA
4) OUTRAS CARTAS IDIOTAS -
BABACATECA
5) CARTAS AINDA MAIS BOBAS -
BABAQUARATECA
6) CARTAS DOS HERÓIS USA - BESTALHOTECA
7) QUEM FOI O VULTO MISTERIOSO -
VULTO MISTERIOSO
8) E O VULTO FOI RAQUEADO -
VULTO
RAQUEADO
9) A BOBAGEM HUMANA EXPOSTA -
FÓRUM 1
10) MAIS DO FÓRUM DA BITOLAÇÃO - FÓRUM 2
11) QUADRINHEIRO -
EMIR RIBEIRO
12) HQ: AOS PÉS DE VELTA -
A SEUS PÉS
13) PITACOS DO BARTÔ 1 - PITACOS 1
14) PITACOS DO BARTÔ 2 -
PITACOS 2
15) PITACOS DO BARTÔ 3 - PITACOS 3
16) PITACOS DO BARTÔ 4 -
PITACOS 4
17) PITACOS DO BARTÔ 5 -
PITACOS 5
18) PITACOS DO BARTÔ 6 -
PITACOS 6
19) CADA VEZ PIOR, CADA VEZ PIOR -
ALIENAÇÃO EM
ALTO GRAU
20) NÃO ESTOU SÓ - 1 -
LUIZ MAIA
21) NÃO ESTOU SÓ - 2 -
PEDRO CARLOS
22) NÃO ESTOU SÓ - 3 -
OGREDSON
23) NÃO ESTOU SÓ - 4 -
GEDEONE
MALAGOLA