ASSOCIAÇÃO  DOS  DESENHISTAS  BRASILEIROS  SEM  SERVIÇO (ainda nos anos 2000)
                      

 RAIO NEGRO- Um sucesso brasileiro dos anos 60, lembrado até hoje. Leiam mais sobre ele no interessante artigo do Franco de Rosa, clicando bem aqui.

 PITACOS 1 - Tenho visto muitos disparates por essa internet. Tenho também visto muita afirmação inteligente e madura. Se eu pudesse e soubesse manejar todos os recursos dessa tralha computadorizada, estaria respondendo a muita gente. Mas como sou um trilobite arcaico e com sérias dificuldades para entender essa tecnologia embrulha-estômago de hoje, me sobra recorrer a uma das minhas filhas que se sente bem à vontade no meio desses botões, alavancas e fios. Ela é, portanto, quem organiza minhas páginas, exceto o fotolog, que é até simples de operar. Seguem os trechos que li na página do meu amiguinho Rod Gonzalez, com minhas às vezes incômodas inserções logo após.
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Na página da CQB, do meu hoje amiguinho Rod Gonzalez, tinha uma entrevista com o velho mestre Gedeone Malagola, bem aqui: http://br.geocities.com/quadrinhos_brasileiros/entrevista2.htm

Rod Gonzalez - Porque as pessoas gostam tanto do Raio Negro ? Qual o segredo dele?

Gedeone - O segredo dele, segundo Franco de Rosa: é brasileiro, assunto brasileiro e cenário brasileiro. É tudo nosso.

Inserção do Bartolomeu: Gedeone, meu caro, você apenas esqueceu de dizer que o acontecido remonta dos anos 60, quando a população era mais intelectualizada e ainda gostava de ler alguma coisa. Sem mencionar que não havia essa alienação gritante de hoje, onde raras pessoas tem pensamento próprio. Certamente, se o Raio Negro fosse lançado nos tempos de hoje, primeiramente ele não conseguiria vaga alguma em qualquer editora que fosse (talvez só a Opera Graphica). E se fosse publicado não teria a mesma tiragem dos anos 60, a qual, se o espírito não me engana, era de aproximadamente 40 mil (QUARENTA MIL - isto mesmo)  exemplares. Contertar-se-ia com a ínfima quantia de MIL exemplares. E tais ainda teriam dificuldades para serem vendidos em sua totalidade, vez que quanto esses bitoladinhos colonizados folheassem suas páginas e vissem as paisagens brasileiras, torceriam o nariz e se aborreceriam por não verem localidades norte-americanas e nem nomes em inglês. Diriam logo: "Paisagem brasileiras são tão breguinhas." E aí, o Raio Negro iria vender mal e não continuaria, além de ainda arrecadar algum lunático que seria inimigo figadal do Gedeone sem nem o conhecer, e o mesmo iria peregrinar pela internet destratando o artista e malhando o seu personagem. Infelizmente, meu caro Gedeone, assim o seria com o Raio Negro nesses bicudos e alienados tempos atuais.

Gedeone continua sua entrevista:
 http://br.geocities.com/quadrinhos_brasileiros/entrevista4.htm
 
Rod Gonzalez - E se o nome do seu personagem Jony Star fosse João Estrela, o sucesso seria o mesmo?
Gedeone - João Estrela... Pode ser que fosse bem também, né? Mas acontece que o público se habituou com o nome estrangeiro, infelizmente! Nem o europeu tem aceitação aqui. É tudo nome americano!

Inserção do Bartolomeu: Agora ele constatou como é a colonização do rebanho brasileiro que lê quadrinhos. Ponto para você, meu chapa. Ele diz mais.

Rod Gonzalez  - O sr. ainda acredita que os super-heróis brasileiros tem chance de conquistar o Brasil ?
Gedeone - Eu acho que não. Não é questão do herói é questão do poder aquisitivo do povo. O povo não tem dinheiro pra comprar gibi. Recentemente saiu o "1OO anos do Tico-Tico", 130 reais. Não dá pra comprar. E o barato acontece outro problema, o muito barato o jornaleiro não quer pegar porque ganha pouco. O jornaleiro fala, "Ah, vou pegar isso aqui para ganhar 10 centavos, 20. Não quero não"! Tem isso também.

Inserção do Bartolomeu:
Acho que o mestre se equivocou completamente. O povo não compra gibi por falta de dinheiro. Não compra porque não gosta mesmo da leitura, e isso está na boca de todos. Por exemplo: um amigo certa vez me contou que na Bahia são comuns os tais carnavais fora de época, onde as pessoas, dentro de um cordão de isolamento, saem pelas ruas pulando e dançando atrás de um caminhão equipado com numerosas caixas de som (os tais trios elétricos).  Para se entrar no cordãozinho e seguir o trio elétrico, é preciso o candidato estar de posse de uma farda chamada "Abadá", e sem a qual ele não entra nem com vaselina. Ocorre que o tal Abadá, que não passa de uma camisa de malha vagabunda e coloridamente impressa, é vendida por algo em torno de R$ 1.200,00 (UM  MIL  E  DUZENTOS  REAIS - isto mesmo), sendo este valor pago parceladamente durante um ano. Isto é, quem quer pulular e requebrar ao ritmo frenético da musica axé, correndo atrás do tio elétrico e metido dentro de um cordão, tem de desembolsar R$ 100,00 (Cem reais) por mês durante UM ano.
Depois da narração desse meu amigo, indaguei de outros, de estados diferentes, se acontecia isso, e muitos afirmaram que o mal se repete em suas respectivas cidades, basicamente se nos dirigirmos mais para o norte do país.
Aí, o velho Bartô pergunta: essas pessoas variam esse mesmo sacrifício para comprar livros ? Ou para comprar gibis ? Não fazem porque a verdadeira cultura, a que traz algum conhecimento de fato,  não as interessa. Como dizia Otávio Augusto: o povo gosta mesmo de pão e circo. Para isso eles tem dinheiro, ou se sacrificam para ter e participar. Por isso, o mestre Gedeone se enganou redondamente. A questão não é financeira, mas sim, cultural.  Continuemos...

Rodrigo Gonzalez  - A distribuição que complica os quadrinho brasileiro de chegar às bancas...

Gedeone - A distribuição no quadrinho na Brasil é um problema . O maior problema é a distribuição. Conheço o norte bem, minha mulher é Pernambucana. Eu ia lá, ficava com o Emir na Paraíba, então por exemplo, a rodoviária de Recife, é grande, bonita. Eu fui lá e conversei com o jornaleiro, se vende quanto gibi:" Ah, revistas em quadrinhos? Vendo 3, 4 , 5. Ninguém procura. Livro de bolso? Nem pego mais porque não vende nada."

Inserção do Bartolomeu: Aí está uma prova. Gedeone narrou fatos passados em Recife. Se esse jornaleiro vendesse disquinhos de axé, pagode, ou sertanejo-eletrônico estaria com o estoque esgotado. Mas livro e gibi, ninguém quer. E não se trata de pouca instrução ou pobreza. É uma sub-cultura generalizada pela massificação da mídia vendida. Até gente das classe A e B participa desses folguedos de rua e nem pensam em ler um livro ou gibi que seja.

Rodrigo Gonzalez - O sr. é considerado o Stan Lee brasileiro.
Gedeone - É um exagero.

Inserção do Bartolomeu: Blenq, meu prezado, agora você deu uma derrapada feia com essa comparação, mesmo citando frase de outrem. Isso só bem mostra o grau de inferiorização ao qual a população brasileira se encaixa e se sente à vontade de cabecinha baixa e mãos postas. Se fosse um povo orgulhoso de suas conquistas, se não fossem capachos dos norte-americanos, chamariam era o Stan Lee de "o Gedeone Malagola estadunidense." Sentiu só a grande diferença, meu amiguinho ?

Depois, foi a vez de outro mestre, o Eugênio Colonnese ,dizer as suas. Na íntegra, está bem aqui:
http://br.geocities.com/quadrinhos_brasileiros/entrevista3.htm

Rodrigo Gonzalez - Como era o cenário dos quadrinhos no Brasil por volta dos anos 60?
Colonnese -  Uma beleza. Se trabalhava de lua a lua.

Inserção do Bartolomeu: É o que sempre digo e aí está um que não me permite mentir. Nos saudosos anos 60, as tiragens das revistas em quadrinhos eram em torno de 40 mil exemplares, e vendiam todos. Os desenhistas e escritores tinham trabalho o tempo inteiro. Mas veio a década de 70 e começou o processo de alienação e aculturação norte-americano. As músicas tocadas pelas rádios eram todas em inglês. Bons cantores como Miltinho, Ataulfo Alves, Nelson Gonçalves, Emilinha Borba e outros grande nomes, foram sumindo. A "onda do momento" eram Johns, Mikes e outros que se precisa colocar a língua na cabeça para falar o nome corretamente. A colonização foi tão imoral que artistas brasileiros mais novos passaram a usar nomes americanos e cantarem em inglês para poderem vender seu peixe e sobreviver no mercado.  Os autênticos permaneceram longe dessa alienação, e foram se fenecendo aos poucos, até sumirem de vez.
Com os quadrinhos, processo similar foi se dando, até chegar neste irritante estágio atual, onde essa juventude colonizada nem fala mais a língua dos nossos antepassados. Eles falam mais palavras em inglês, e não se sentem bem com as manifestações culturais autênticas de seu próprio país. Tudo porque seus cérebros foram moldados pacientemente para se entregarem de vez ao país dominante. O povo brasileiro se rendeu, se ajoelhou silenciosamente, e hoje presta eterna reverência aos americanos, que os dominaram de corpo e alma.


Rodrigo Gonzalez - O que o sr. acha que precisa para o mercado de quadrinhos brasileiros voltar a sua era de ouro ? Na sua opinião, o que pode ser feito?
Colonnese - Bom, primeiro teria que ter uma lei favorecendo o desenhista brasileiro. Pelo menos uma porcentagem. Alguns anos atrás existia um projeto de colocar 50% de material nacional e 50% de material estrangeiro. Aí, várias reuniões e muitos desenhistas de cartuns interferiram, e eles queriam mais. Então, a editora Abril então fechou tudo, e não deu nada.

Inserção do Bartolomeu:  Mas aí essa lei é bloqueada pela maior de todas as traves: a bitolação dos próprios artistas dos quadrinhos. Mesmo eles tem direcionada compulsão para se acharem inferiores e se postarem na qualidade de fãs irracionais dos seus manipuladores. Acreditem... mesmo no meio dos artistas brasileiros dos quadrinhos  há pessoas radicalmente contra uma lei protecionista ao nosso mercado. Perguntar-se-ia: - Mas, porquê, se eles seriam os maiores beneficiados ?  Resposta: Porque desde cedo foram induzidos a agir contra eles próprios e favorecerem os seus ídolos algozes. Sem falar que a categoria é de uma desunião ululante, e se preocupa mais em puxar o tapete de um seu colega do que dos seus verdadeiros concorrentes.

Na mesma página da CQB, organização na qual fui aceito, tem também uma série de opiniões pessoais. Numa delas, diz Alexandre Assumpção, bem aqui:
http://br.geocities.com/quadrinhos_brasileiros/opiniao_2.htm


Alexandre Assumpção: Você já se perguntou por que o mercado de HQs brasileiro não é maduro e nem tem uma cota razoável de publicações? A resposta talvez seja simples: somos escravos dos modismos ! Pense bem! A cada nova "influência", o que se fez de bom até então é deixado de lado. Se duvida, passe os olhos pelo que se vende nas bancas a fim de ter uma vaga idéia das flutuações do gosto popular.


Inserção do Bartolomeu: Afinal, outro alguém da camada jovem, além do Blenq Gonzalez, com um pouquinho de discernimento e maturidade a conseguir enxergar o óbvio. O Assumpção disse em outras palavras exatamente o que penso. Os grandes, bons e verdadeiros artistas são transformados em fumaça pela alienação imposta pela mídia, que cria os tais modismos, promovendo a idiotização do povo e fazendo-o gastar seu pobre dinheirinho com porcarias que melhor estariam na lata do lixo.

Alexandre Assumpção: Num país desprovido de memória como o Brasil, os leitores só ouvem falar de Emir Ribeiro, Nico Rosso, Flávio Colin, Primaggio, Watson Portela, Jaime Cortez, Cláudio Seto, Gedeone Malagola e Mozart Couto quando estes lançam alguma edição de periodicidade bissexta ou, quem sabe, nas poucas vezes em que suas obras são retomadas em antologias.   Embora irregular, nossa tradição quadrinhística é de uma riqueza prodigiosa. Foi palco de centenas de episódios notáveis desde o dia, no século retrasado, em que Angelo Agostini deitou sua pena sobre o papel pela primeira vez. Realmente, não vale a pena ignorar a nossa história e só ter olhos para os modismos.

Inserção do Bartolomeu: O arremate final foi perfeito, citando os grandes nomes da HQ nacional que estão caindo ou já caíram no ostracismo, diante dessa campanha de burrificação e alienação do público. Vale pois ler todas as páginas desse verdadeiro e instrutivo livro que é a CQB, onde em breve deverei estar sendo entrevistado (viu, traidor ? Você prometeu e não cumpriu, mas o Blenq Gonzalez vai me entrevistar). http://br.geocities.com/quadrinhos_brasileiros/index.htm

  BARTOLOMEU  VAZ 

 

ABCDOTECA (TODO O MAPA DA PÁGINA DO BARTOLOMEU VAZ) :

1) HQ NO BRASIL 1  - INDEX
2) HQ NO BRASIL - INDECA
3) BALAIO DE CARTAS - IDIOTECA

4) OUTRAS CARTAS IDIOTAS - BABACATECA
5) CARTAS AINDA MAIS BOBAS - BABAQUARATECA
6) CARTAS DOS HERÓIS USA - BESTALHOTECA
7) QUEM FOI O VULTO MISTERIOSO - VULTO MISTERIOSO
8) E O VULTO FOI RAQUEADO - VULTO RAQUEADO

9) A BOBAGEM HUMANA EXPOSTA - FÓRUM 1
10) MAIS DO FÓRUM DA BITOLAÇÃO - FÓRUM 2
11) QUADRINHEIRO - EMIR RIBEIRO
12) HQ: AOS PÉS DE VELTA  - A SEUS PÉS
13) PITACOS DO BARTÔ 1 - PITACOS 1

14) PITACOS DO BARTÔ 2 - PITACOS 2
15) PITACOS DO BARTÔ 3 - PITACOS 3

16) PITACOS DO BARTÔ 4 - PITACOS 4
17) PITACOS DO BARTÔ 5 - PITACOS 5
18) PITACOS DO BARTÔ 6 - PITACOS 6

19) CADA VEZ PIOR, CADA VEZ PIOR - ALIENAÇÃO EM ALTO GRAU
20) NÃO ESTOU SÓ - 1 - LUIZ MAIA

21) NÃO ESTOU SÓ - 2 - PEDRO CARLOS
22) NÃO ESTOU SÓ - 3 - OGREDSON
23) NÃO ESTOU SÓ - 4 - GEDEONE MALAGOLA

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