A região dos Municípios de
Paraiba do Sul e Três Rios
Luiz Ramos da Silva
Filho *
A parte leste da
Depressão Interplanáltica do Médio Vale do Rio Paraíba do Sul, no estado do
Rio de Janeiro, consiste também numa depressão embutida entre alinhamentos
serranos escalonados do Médio Vale do Rio Paraíba do Sul e o reverso
montanhoso do planalto da Região Serrana, no reverso da escarpa das serras
de Paracambi e Miguel Pereira . Esse trecho da depressão é menos extenso que
o anterior, alinhado na direção estrutural WSW-ENE. Caracteriza-se também
por um domínio colinoso no eixo da depressão, por onde segue o rio Paraíba
do Sul, e por um relevo de morrotes e morros baixos , em direção aos
terrenos elevados circundantes. A área também é drenada por tributários da
margem direita do rio Paraíba do Sul, como os rios Alegre, Ubá e Matozinhos.
Os baixos cursos dos rios Fagundes e Piabanha também atravessam a região.
Próximo a
Três Rios, os canais principais não seguem
mais a direção preferencial WSW-ENE e passam a seguir direções controladas
por estruturas SSW-NNE ou SE-NW, como demonstram os vales estruturais dos
rios Fagundes e Piabanha. Os
rios Matozinhos e Ubá parecem estar
condicionados também por esse padrão estrutural. As colinas baixas ocorrem,
de forma ininterrupta, ao longo de uma estreita faixa alongada de direção
WSW-ENE, que abrange os núcleos urbanos de
Vassouras, Andrade Pinto, Paraíba do Sul, Salutaris, Werneck e Três Rios.
Trata-se da zona mais deprimida do Médio Vale do Rio Paraíba do Sul, com
cotas em torno de 350 a 500m. Freqüentemente, observa-se, no contato entre
as colinas baixas e o conjunto do relevo de colinas ou de morrotes e morros
baixos um pequeno degrau de 50 a 100m de desnivelamento que demarca a área
deprimida . A Serra da Boa Vista (679m) consiste em um serrote elevado e
escarpado em meio a esse domínio de colinas baixas, seguindo orientação
WSW-ENE. Em direção ao planalto reverso da Região Serrana, a sul e a leste,
o relevo começa a se tornar um pouco mais movimentado, com amplitudes de
relevo em torno de 200m, cujas cotas se elevam progressivamente de 500 para
800m .
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Rio Paraiba do Sul Ponte
das Garças Três Rios RJ
O relevo apresenta
ainda colinas baixas junto à calha do rio Paraíba do Sul, coincidindo com a
faixa de rochas miloníticas do Lineamento Além-Paraíba e se caracteriza por
pequenas colinas e morrotes alinhados e dissecados, delimitados por morrotes
mais elevados, evidenciando um forte controle estrutural no modelado do
relevo, nas próximidades de Andrade Pinto, em Vassouras, na divisa com
Paraiba do Sul.
A ocupação humana na região do Médio Vale
do Rio Paraíba do Sul
O processo de ocupação
humana do Médio Vale do Rio Paraíba do Sul remonta ao final do século XVIII e
caracteriza-se pela derrubada em larga escala da floresta nativa para
implantação da cafeicultura. O acelerado desgaste do solo ao longo do século
XIX acarretou a substituição da cafeicultura pela pecuária leiteira. A
intervenção efetuada nos últimos 200 anos na região promoveu sérios impactos
na dinâmica climática, hidrológica e geomorfológica, que refletem em um
cenário atual de pastagens extensivas e fragmentos de capoeiras e marcado
pela erosão dos solos.
A atividade econômica
mais importante da região, assim como em quase todo o Médio Vale do Rio
Paraíba do Sul, é a pecuária leiteira, caracterizando a paisagem regional
por uma zona de extensas pastagens de uso extensivo, além de cerâmicas e
pequenas industrias.
Recuperação e Proteção do Meio Ambiente
A Mata Ciliar e a Educação Ambiental
As providências para
recuperação e proteção ao Meio Ambiente compreendem, entre outras:
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Recompor áreas degradadas,
principalmente as margens de cursos de água de forma a protegê-los e criar
abrigo para a fauna silvestre, formando corredores naturais entre as ilhas
de matas nativas remanescentes, as chamadas Matas Ciliares;
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Oferecer alternativas econômicas às
pequenas e médias propriedades rurais que possam utilizar racionalmente os
maciços ciliares através de um programa de enriquecimento de espécies
apícolas, medicinais, ornamentais e outros;
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Implantar viveiros para a produção de
mudas de essências nativas, em atendimento aos programas de recomposição
das matas ciliares.
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Cuidados, reprodução e reabilitação de
animais selvagens através de Centros especializados.
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Promover o levantamento com outras
entidades em Planos de Manejo de espécies da fauna brasileira,
principalmente aquelas ameaçadas de extinção;
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Atuar em programas de Micro bacias
Hidrográficas, visando o desenvolvimento harmônico das comunidades e
objetivando a preservação e a utilização racional dos recursos naturais.
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Promover a Educação Ambiental em todos
os níveis, buscando despertar a consciência das comunidades de modo a
fazê-las atuar de forma participativa e multiplicadora na conscientização,
discussão e solução de problemas.
*(Advogado e
especialista em meio ambiente e recursos naturais)
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