A TRADIÇÃO E
A INOVAÇÃO NA FOTOGRAFIA
Luiz Ramos da Silva Filho
(*)
Este pequeno resumo da história da
fotografia é motivado pela notícia de que, na era digital, a fotografia
preto e branco (P&B) tradicional está tentando permanecer como técnica
viável e busca sua preservação por meio de um movimento de fotógrafos que
reivindicam sua inclusão como patrimônio cultural da humanidade.
Diversos pesquisadores
contribuiram para o surgimento e desenvolvimento da fotografia. O francês
Louis Daguerre foi considerado como o primeiro pesquisador que produziu uma
imagem fixa pela ação direta da luz, ao manipular uma chapa revestida com
prata e sensibilizada com iodeto de prata, que não apresentava nenhum
vestígio de imagem: o vapor de mercúrio de um termômetro quebrado teria sido
o agente revelador de determinadas formas difusas surgidas na chapa. O
processo passou a se utilizar de chapas de cobre sensibilizadas com prata e
tratadas com vapores de iodo. O revelador era o mesmo mercúrio aquecido e o
fixador, uma solução de sal de cozinha. Já em 1839, sua invenção era
batizada de daguerreótipo - nome pelo qual a fotografia foi conhecida
durante décadas.
Hercule Florence, francês
integrante da expedição de Langsdorf na América do Sul, em 1829, com o fim
da expedição Langsdorf no Brasil, estabeceu-se em São Paulo, e, em 1830,
criou um meio de impressão denominado Polygrafie. que solucionava a
sua falta de um prelo. Ao pesquisar novos meios de reprodução, Florence
descobriu, em 1832, um processo de gravação através da luz, denominado
Photografie (uma chapa de vidro em uma câmara escura, cuja imagem era
passada por contato para um papel sensibilizado.
Consta que
o primórdio do daguerreótipo está na idéia de Joseph N. Niépce, pesquisador
da heliografia (gravação por meio da luz). Daguerre e outros
continuaram a aperfeiçoar as chapas sensíveis, os materiais de revelação e
fixação e até mesmo as objetivas, com tempo de exposição de cerca de 30
minutos. Josej Petzval criou uma uma lente dupla, formada por componentes
distintos e trinta vezes mais rápida do que as lentes tradicionais, porém, a
reprodução esbarrava no fato de que todos os processos produziam um só
positivo.
O
inglês Fox Talbot criou o sistema para reprodução continuada de uma imagem
fotográfica a partir da chapa exposta, o negativo, por volta de 1840.
A partir daí, foram surgindo aperfeiçoamentos do sistema, até o surgimento
da câmera digital
O
Processamento do Negativo Preto e Branco
Um filme é
virgem quando ainda não recebeu nenhuma luz e, em consequência, o filme
é exposto quando recebeu exposição de luz. O processo
comprende as seguintes etapas:
1.
Exposição
Na
exposição de uma emulsão fotográfica, ocorrem alguns fenômenos com os
halóides de prata: os objetos que refletem pouca luz não são sensibilizados,
ao contrário dos objetos que refletem muita luz, criando contrastes
invisiveis; é a imagem ainda invisivel
2.
Revelação
Esses
contrastes podem tornar-se visiveis à luz e distintos dos demais, pela
intervenção de um agente revelador, por meio de oxidação da prata. Existem
reveladores diferentes, com propriedades específicas e que podem ser usados
para fins diversos: os normais, de "grão fino", para manter o contraste da
exposição; os reveladores rápidos, com tempo de revelação reduzido, mas que
propiciam o aumento da sensiblidade do filme com o aumento dos grãos; os de
alto contraste, que não revelam tons intermediários de cinza, fazendo o
negativo adquirir somente resposta ao preto e ao branco; os niveladores, que
compensam erros de exposição, equilibrando os contrastes anormais da
iluminação
2. Fixação
Os grãos
da prata que não sofreram ação da luz continuam na emulsão e mantêm suas
capacidades fotossensíveis, e outro procedimento é utilizado para retirar
os grão não atingidos pela luz e para estabilizar a imagem revelada da prata
metálica que formou a imagem. O fixador reduz os grãos de prata não
sensibilizados a uma suspensão invisível que é eliminada pela lavagem com
água.
3.
Interrupção
O
revelador é uma base e o fixador é um ácido e a consequente
incompatibilidade química prejudica a imagem final, sendo necessária uma
etapa intermediária entre revelação e fixação, que neutralizará o efeito do
revelador e permitirá o contato do filme com o fixador. O interruptor pode
ser a água ou um ácido diluído.
4. Lavagem
A lavagem
elimina todos os resíduos químicos ainda impregnados na base de acetato ou
na gelatina da emulsão e deve se estender por cerca de 10 minutos em água
corrente, para um bom resultado e sem comprometimento da cópia.
O tempo e
a temperatura
Os
reveladores necessitam de um tempo mínimo de atuação na película e de uma
temperatura específica para promover a transformação da imagem ainda
invisivel. A relação tempo/temperatura é que determina as condições mínimas
desta etapa do processo.
(*)
fotógrafo amador,
advogado, especialista em gerenciamento ambiental.
(Fonte: Internet
– 2006 e Imprensa - março 2006)
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